Meditar reduz o stress e afasta doenças; veja mitos e verdades


Meditar está deixando de ser uma prática restrita à turma "zen" para se tornar uma opção para quem quer viver mais e melhor. Até executivos têm buscado a prática para ganhar produtividade.

Há alguns anos, o National Institutes of Health (NIH), agência dos Estados Unidos responsável por pesquisas médicas, reconheceu formalmente a meditação como terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. Aqui, o Ministério da Saúde foi pelo mesmo caminho e passou a incentivar postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a técnica em todo o país.


Uma das maiores vantagens da atividade é promover o relaxamento físico, mental, emocional e metabólico. Durante a sessão, o organismo consome 17% menos oxigênio, o ritmo cardíaco diminui e as ondas cerebrais alcançam uma frequência lenta e benéfica. Isso significa que o organismo entra em um estado de repouso, baixando a ansiedade e favorecendo o sistema nervoso.


Mais meditação, menos consultas

O cardiologista americano Herbert Benson, pesquisador e fundador-presidente do Instituto Mente/Corpo da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), afirma que 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas apenas usassem a mente para combater as tensões causadoras de complicações físicas.

"Relaxando a cabeça e trabalhando melhor a oxigenação do cérebro, tudo melhora", afirma Ken O'Donnel, australiano radicado no Brasil, diretor para a América do Sul da Brahma Kumaris (organização não-governamental com sede na Índia) e escritor de 15 livros.

A meditação também promove paz interior e abre os canais para que o indivíduo encontre o que há de mais profundo nele próprio, levando ao autoconhecimento. No livro "Transformando a Mente", o líder espiritual Dalai Lama explica que a prática nos permite ter algum controle sobre pensamentos e emoções. Em vez de ficar correndo atrás disso ou daquilo sem concentrar a atenção, alcançamos a capacidade de voltar a mente para um objeto determinado e focamos nele, de acordo com nossa vontade.


Várias correntes

Basicamente, conta O'Donnel, há três correntes de meditação: a primeira, como a zen, busca esvaziar a cabeça usando exercícios de respiração e outras técnicas para reduzir a atividade mental a zero; a segunda, que inclui a transcendental, ocupa a mente com sons repetidos, imagens ou visualizações; o último grupo, que abarca a "raja" ioga, treina o cérebro para funcionar de maneira mais ordenada e positiva.

"De maneira geral, as três linhas englobam todas as formas que hoje estão aí. A mente é como um campo de futebol: as duas primeiras reduzem ao máximo a atividade neste campo, desestimulando pensamentos, sentimentos, sensações e lembranças; a terceira não objetiva esvaziar ou substituir, mas tornar a compreensão parte do funcionamento normal do cérebro."

Antes de optar por esta ou aquela corrente, é importante saber o que se busca e, claro, dedicar-se à prática de maneira regular. Isso significa pelo menos duas sessões diárias, de 15 a 20 minutos. Vale lembrar que a transcedental não tem cunho religioso ou espiritual. Basta se sentar (e não precisa ser nem em posição de lótus) e meditar. 

Nas diferentes academias de meditação e ioga, você vai encontrar alguns tipos com nomes como Dinâmica, Kundalini, Mandala, Vipassana - vale experimentar para ver qual tem mais a ver com você.


Mente clara, menos stress

"A meditação tem como objetivo o estado de união com algo maior", acredita Paulo Sérgio Oliveirah, pós-graduado em Psicologia Transpessoal, consultor e psicoterapeuta, professor de "hatha", "raja" ioga e iogaterapia.

Para Ken O'Donnel, aprendemos a pensar menos e melhor com a prática. "A mente aberta passa a ter intuições com mais frequência. O poder de concentração e de compreensão igualmente aumentam, e a vida flui naturalmente. Na hora das decisões importantes, há clareza sobre o que fazer. Os relacionamentos são beneficiados; não se despeja muita expectativa e cobrança sobre o outro. A despreocupação – não o descuido – cresce junto com a autoconfiança. Tudo isso traz bem-estar e qualidade de vida."

O'Donnel diz que são quatro os níveis de STRESS: no primeiro, há uma ansiedade leve, e muitos o consideram algo saudável, pois torna a pessoa motivada (para, por exemplo, correr atrás de uma promoção no trabalho); no segundo, o nervosismo é contínuo e há queixas de sobrecarga e angústia frequentes; no terceiro, o STRESS crônico traz resultados negativos e explícitos, como irritabilidade e manifestações somáticas (dor de cabeça relacionada à tensão); já no quarto nível, o indivíduo se sente exausto o tempo todo, tanto física como emocionalmente, perdendo o sentido de autorrealização e ganhando sintomas graves que requerem ajuda médica.

"A meditação ameniza o STRESS em todos os patamares por dois motivos: cria mais resistência e resiliência, especialmente em situações adversas e diante de pessoas com personalidades difíceis; e auxilia na compreensão do que está acontecendo à volta, reduzindo o peso das situações", analisa O'Donnel.


Mitos e Verdades sobre meditação:

Só há uma forma de meditação?
MITO: 

"Geralmente é uma surpresa para as pessoas descobrir que há muitas formas diferentes de meditar, com propósitos extremamente variados", diz o consultor e escritor Ken O"Donnel, explicando que a maioria teve sua origem nas tradições religiosas - como a zen, que veio da meditação budista. "Praticamente todas incluem os fundamentos de reflexão e o uso da mente para criar estado de quietude e senso de bem-estar". Elas podem ser empregadas para promover o relaxamento, desenvolver a força vital, emergir virtudes como a compaixão e a tolerância e incrementar o poder de concentração. "Trata-se de uma ferramenta excelente de autotransformação, influenciando inclusive aspectos bem arraigados de caráter, que outras terapias não conseguem modificar".


Quem medita lida melhor com o STRESS?
VERDADE: 

embora a meditação exista há milhares de anos, sendo desenvolvida em uma época em que a palavra STRESS nem existia, sem dúvida a prática tem um efeito imediato em reduzi-lo. "Isso acontece porque uma das metas da maioria das formas de meditação é baixar a quantidade de pensamentos inúteis ou negativos", destaca Ken O"Donnel, australiano radicado no Brasil desde 1979 e diretor para a América do Sul da ONG Brahma Kumaris. Ele diz que para entender como este mecanismo funciona é preciso ter em mente que o STRESS é definido como a incapacidade de lidar com aquilo que acontece à nossa volta. 


Alterações fisiológicas ocorrem no organismo com a meditação?
VERDADE: 

no cérebro se dá a ampliação das ondas cerebrais relacionadas ao relaxamento. Há, ainda, redução do metabolismo e desaceleração do funcionamento do corpo, com menos gasto de oxigênio pelas células, queda da frequência cardíaca e diminuição da condutância (capacidade que um meio tem de conduzir eletricidade) elétrica da pele. "Tudo isso tem um efeito positivo cardiovascular", salienta Ken O"Donnel, acrescentando que a meditação transcendental incrementa as áreas do córtex cerebral que participam de informações específicas e favorece a percepção funcional entre os dois hemisférios. "Os níveis mais baixos das frequências cardíaca e respiratória levam a maior estabilidade do sistema nervoso autônomo, o que permite respostas reflexas (reação corporal imediata à estimulação) mais rápidas". E isso sem falar no aumento da concentração dos neurotransmissores dopamina, norepinefrina e serotonina, dando maior sensação de prazer, motivação e energia.


O recurso aumenta as defesas do organismo?
VERDADE: 

segundo estudo realizado pela Universidade da Califórnia (EUA), quem medita tem as defesas do corpo ampliadas porque, durante a prática, a enzima telomerase, ligada ao sistema imunológico e responsável por promover a longevidade nas células, é favorecida por uma ação intensificada. Ocorre, ainda, menos gasto de oxigênio pelas células, reduzindo a frequência cardíaca. A pesquisa analisou 60 pessoas, durante três meses, metade fazendo meditação e a outra metade não. As taxas de telomerase ficaram 30% mais elevadas no primeiro grupo, beneficiado por aumento na capacidade psíquica, melhora na percepção de controle e atenção e diminuição da neurose e de emoções negativas.


A meditação é capaz de aumentar a capacidade psíquica?
VERDADE: 

de acordo com pesquisadores da Universidade de Pensilvânia (EUA), a ação aumenta a atividade na região frontal do cérebro, responsável pela concentração, abstração e atenção. "Há 1.440 minutos em 24 horas. Se descansamos diariamente 440 minutos, sobram 1.000 minutos para as atividades da vida. Uma mente fragmentada é capaz de produzir algo a cada dois segundos - pensamentos, sensações, sentimentos, recordações, fantasias. Isso dá 30.000 pedacinhos por dia - a maioria, improdutivos. Estudos mostram que a atividade mental cansa mais do que a atividade física. Um dia de preocupação é mais exaustivo do que um dia de passeio, por exemplo. O primeiro impacto da meditação é reduzir este número de pedacinhos: com uma mente livre, a percepção aumenta e é possível fazer melhores escolhas. Em resumo, o futuro se torna mais claro", analisa Ken O"Donnel, senior fellow com a Oxford Leadership Academy (Inglaterra), que trouxe a filosofia da meditação "raja" ioga para o Brasil. "Já foi comprovado cientificamente que novas sinapses são criadas no cérebro, ativando áreas e proporcionando o desenvolvimento de habilidades e talentos", complementa Paulo Sérgio Oliveirah, pós-graduado em Psicologia Transpessoal, consultor e psicoterapeuta.


A meditação traz bem-estar, mas não tem influência sobre a saúde propriamente dita?
MITO: 

pesquisadores da Harvard Medical School (EUA) descobriram que, em praticantes de longa data de meditação e ioga, mais genes de combate a doenças estavam ativos, em comparação com aqueles que não faziam nenhum tipo de relaxamento. "Especificamente, encontraram genes que protegem contra a dor, a infertilidade, a pressão sanguínea elevada e a artrite reumatoide", considera Ken O"Donnel, diretor para a América do Sul da ONG Brahma Kumaris. Outro estudo, feito durante três anos com mais de 500 pacientes com problemas cardíacos no Hospital Global da Brahma Kumaris em Mount Abu, Índia, mostrou que o tripé meditação, dieta vegetariana e exercícios trouxe vários benefícios: melhoria nos sintomas de angina, falta de ar e palpitações, favorecimento de parâmetros psicológicos, redução de drogas necessárias para gestão de angina, hipertensão e diabetes e abertura significativa dos bloqueios coronários. "A prática leva a mais estado de presença (estar no presente), menos ansiedade (não se preocupar com o futuro) e diminuição da culpa (permanecer no passado)", completa o psicoterapeuta Paulo Sérgio Oliveirah, professor de "hatha", "raja" ioga e iogaterapia. Além de retardar o envelhecimento, a atividade garante qualidade de vida a portadores de enfermidades graves e auxilia na redução do consumo de cigarro, álcool e outras drogas. 


A meditação beneficia quem tem câncer?
VERDADE: 

comparada aos efeitos produzidos apenas por medicamentos, a meditação transcendental diminuiu em 49% as mortes por câncer, em 30% as decorrentes de problemas cardiovasculares e em 23% as provocadas por doenças em geral. O estudo, publicado no periódico "American Journal of Cardiology", durou 18 anos e foi feito com 202 homens e mulheres idosos e hipertensos que se dedicaram à prática duas vezes por dia, durante 20 minutos. "Já está mais do que comprovado que a meditação reflete diretamente a melhoria da saúde como um todo", alega Paulo Sérgio Oliveirah, pós-graduado em psicologia transpessoal. 


A meditação transcendental é a mais recomendada?
MITO: 

"Não há um tipo mais recomendado", replica o psicoterapeuta Paolo Sérgio Oliveirah, acrescentando que, para quem está começando, é interessante escolher as mais rápidas e simples, "para depois procurar aquela com que mais se identifica". O consultor Ken O"Donnel concorda e esclarece que a transcendental se refere a uma forma específica com mantras (frases sagradas) que, por ser muito difundida, tem seus efeitos mais pesquisados. "Ela foi introduzida na Índia nos anos 1950 e, no ocidente, a partir dos anos 1960. Mas todos os tipos de meditação trazem benefícios porque diminuem a carga de pensamentos de ansiedade e tristeza e melhoram a atividade mental, sendo muitas as possibilidades". Importante: antes de optar por esta ou aquela corrente, é importante saber o que se busca e, claro, se dedicar à prática de maneira regular. Isso significa pelo menos duas sessões diárias, de 15 a 20 minutos.


A prática tem poder para curar todos os males?
MITO: 

feita de forma séria e regular, pode ajudar a reduzir e eliminar doenças, mas não é capaz de curar todos os males. "Qualquer enfermidade ou mal-estar tem várias influências - hereditariedade, meio ambiente, predisposição psicológica, tipo de trabalho e alimentação, rotina de exercício físico. Há causas espirituais, fisiológicas e emocionais em toda perda de um estado saudável. Por isso, o máximo que se pode dizer é que a meditação bem realizada reduz a ansiedade e o sofrimento que afetam os diversos sistemas do corpo - imunológico, endócrino, nervoso e muscular. As razões entre a quantidade de pensamentos e a saúde do organismo é bem documentada. Se, pela meditação, a pessoa é capaz de melhorar sua forma de pensar, isso traz benefícios enormes para a saúde", reflete Ken O"Donnel, australiano radicado no Brasil desde 1979, diretor para a América do Sul da Brahma Kumaris.


Um dos maiores benefícios é diminuir o STRESS?
VERDADE: 

especialmente se pensarmos que na origem de grande parte dos distúrbios está o problema. Tal desequilíbrio do sistema nervoso afeta a parte hormonal, por exemplo, inflamando as artérias - o que leva à hipertensão e pode resultar em derrames e ataques cardíacos. A meditação transcendental, objeto de muitos estudos, contribuiria para evitar o acúmulo de placas gordurosas nas artérias do coração, evitando a aterosclerose. "O melhor caminho para curar o STRESS é a meditação", resume o consultor e psicoterapeuta Paulo Sérgio Oliveirah. 


Em alguns casos, a meditação pode substituir medicações?
VERDADE: 

"Se o indivíduo sente bem-estar, certamente recorrerá menos a remédios. Mas é importante deixar claro que a prática deve ser vista como auxiliar no tratamento. Para quem tem doenças físicas ou psíquicas sérias, é imprescindível continuar com as medicações prescritas", adverte Ken O"Donnel, consultor e escritor.


"Quem canta, seus males espanta"; quem medita, também?
VERDADE: 

a ideia de que atraímos o que somos não é algo novo. "Um exemplo é o respeito a si próprio: o estado de bem-estar que a meditação traz tende a gerar este senso de forma muito forte. A autoconfiança origina, então, confiança, favorecendo relacionamentos mais honestos", reflete Ken O"Donnel, diretor para a América do Sul da Brahma Kumaris. O professor e psicoterapeuta Paulo Sérgio Oliveirah complementa com uma brincadeira: "Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Mas, se medita, o bicho some - ou vira apenas um bichinho de estimação. Acho que a ideia ajuda a explicar o que é a meditação".


Veja passo a passo com dicas simples para começar a meditar:

PASSO 1: Aprenda, agora, como meditar de forma simples e rápida, segundo os consultores Ken O"Donnel e Paulo Sérgio Oliveirah. Procure um local confortável onde você possa se sentar, sem ser perturbado, por 15 a 20 minutos. Pode ser em uma cadeira.

PASSO 2: Sente-se na ponta da cadeira para que os pés fiquem bem encostados no chão (pode usar uma almofada se preferir). O corpo não deve estar rígido nem frouxo: relaxe a face, os braços, as pernas. Se quiser, coloque uma música suave de fundo.

PASSO 3: encaixe os quadris e mantenha a coluna ereta. Solte os ombros, para não forçar a musculatura. Evite mudar de posição, para facilitar a concentração e evitar pensamentos dispersivos. 

PASSO 4: coloque-se no centro de onde você está. Não é necessário fechar os olhos, mas pode deixar seu olhar descansando em algum ponto à sua frente. Preste atenção aos sons, à temperatura, às cores e às formas ao redor para se assegurar de que está plenamente presente, o passado já se foi e o futuro ainda não aconteceu. Você está aqui e agora.

PASSO 5: sinta-se em paz, no centro de tudo isso, como um observador. À medida que toma consciência disso, você começará a perceber a tranquilidade contaminando toda a rede da sua vida.

PASSO 6: agora, a respiração: ela deve ser profunda e não ofegante, consciente e não automática, levando a um estado de calma. Para isso, solte o ar pelas narinas, esvaziando os pulmões e o abdômen; segure três segundos e inale profundamente, também pelo nariz, enchendo abdômen e em seguida os pulmões, permanecendo assim por 5 segundos.

PASSO 6: agora, a respiração: ela deve ser profunda e não ofegante, consciente e não automática, levando a um estado de calma. Para isso, solte o ar pelas narinas, esvaziando os pulmões e o abdômen; segure três segundos e inale profundamente, também pelo nariz, enchendo abdômen e em seguida os pulmões, permanecendo assim por 5 segundos.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/12/09/meditar-afasta-doencas-e-melhora-a-qualidade-de-vida-veja-mitos-e-verdades.htm#fotoNav=12 


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