1. O que o levou a traduzir as obras básicas de Allan Kardec?
Resposta - Alguns anos atrás, em conversa com o presidente Nestor João Masotti, examinávamos a conveniência da publicação, pela editora da FEB, de uma nova tradução das obras básicas de Allan Kardec que, sem prejuízo da absoluta fidelidade aos textos originais franceses, apresentassem o seu conteúdo em linguagem mais atualizada com o português hoje falado no Brasil.
Resposta - Alguns anos atrás, em conversa com o presidente Nestor João Masotti, examinávamos a conveniência da publicação, pela editora da FEB, de uma nova tradução das obras básicas de Allan Kardec que, sem prejuízo da absoluta fidelidade aos textos originais franceses, apresentassem o seu conteúdo em linguagem mais atualizada com o português hoje falado no Brasil.
E isto era perfeitamente compreensível, levando-se em conta a época em que Guillon Ribeiro traduziu os livros, caracterizada pelo estilo rebuscado, pela utilização de parágrafos longos, pela inversão da ordem das palavras nas frases e pelo emprego de vocábulos e expressões em completo descompasso com a evolução contemporânea da própria língua, o que dificultava a compreensão dos leitores e tornava enfadonha a leitura. Visando obviar tais dificuldades, elaboramos a nossa tradução em linguagem simples e despretensiosa, na expectativa de torná-la mais atraente e agradável aos leitores, oferecendo-lhes, assim, uma opção a mais de estudo dentro do vasto leque de publicações em português das obras básicas de Allan Kardec disponíveis no Brasil.
2. Por que Allan Kardec pulou a questão 1011 de "O Livro dos Espíritos"?
Resposta - Será mesmo que ele pulou? Para que possamos nos situar melhor sobre o assunto, devemos nos reportar à 2ª edição de O Livro dos Espíritos, publicada em 1860. A referida edição foi composta de duas impressões ou tiragens. Na primeira impressão, as questões do livro estavam numeradas da 1ª até a 1018, incluindo a 1011. Já na 2ª impressão, considerada a edição definitiva da obra e publicada no mesmo ano, aparece como questão final do livro a de nº 1019, visto não ter sido dado nenhum número à pergunta 1011. Em conclusão, as questões 1012 a 1019 da edição definitiva (2ª impressão) correspondiam às perguntas 1011 a 1018 da 1ª impressão da mesma edição. Esta mudança nos leva à conclusão de que era propósito do autor (Allan Kardec) identificar pelo número 1011 a questão que se segue à de nº 1011 e que antecede a de nº 1012, o que nos parece perfeitamente lógico. Todavia, esta identificação permaneceu em aberto nas demais edições francesas publicadas enquanto Kardec estava encarnado. Foi com vistas a dar referência objetiva à matéria que atribuímos, na nossa tradução febiana de O Livro dos Espíritos, o número 1011 a esta pergunta, o que, aliás, também acontece com as edições francesas publicadas atualmente, acreditando superar, com isso, o que entendemos não passar de um simples descuido de revisão gráfica.
3. É verdade que você comprou "O Livro dos Espíritos" em um sebo de Paris? Como foi isso?
Resposta - Embora já tenha ido a Paris algumas vezes, não foi ali que adquiri a 1ª edição francesa de O Livro dos Espíritos, editada em 1857. O livro foi comprado em 2004 através de um site da Internet, enviado ao Brasil pelo Correio e doado à Biblioteca de Obras Raras da FEB, em Brasília. Mais tarde, a própria FEB adquiriu mais 3 exemplares do livro, também pela Internet, a partir de sites franceses e italianos, totalizando hoje quatro volumes em seu poder.
4. A primeira edição tinha sua capa em cor verde. Qual era o pensamento de Allan Kardec quanto à cor da capa do livro? Seria o livro da Esperança, já que o verde a representa?
Resposta - Não há nenhum registro conhecido justificando a utilização da cor verde na capa da 1ª edição de O Livro dos Espíritos. Aliás, a cor verde foi utilizada em todas as capas das demais obras básicas da Codificação Espírita, bem como na capa da obra complementar O que é o Espiritismo, conforme se pode constatar nas edições originais de tais obras em poder da Federação Espírita Brasileira, em Brasília. Preferência de Allan Kardec pelo verde? Sugestão dos editores? Como nada sabemos nem podemos provar, essa ou aquela hipótese aventada não passará de mera especulação.
5. Na primeira questão de O Livro dos Espíritos, a resposta foi dada por Allan Kardec. Por que os Espíritos não responderam?
Resposta - Não é a primeira vez que nos deparamos com tal afirmativa, o que representa lamentável equívoco. Todas as respostas de O Livro dos Espíritos, inclusive a primeira, foram dadas pelos Espíritos superiores que ditaram a obra, cabendo a Allan Kardec a formulação das perguntas, a distribuição das matérias e a elaboração de notas e comentários que complementam ou desenvolvem as respostas dos luminares da Codificação. Acreditamos que a confusão se deve à apresentação gráfica da 1ª edição, cujo texto era distribuído em duas colunas. De fato, na 1ª edição francesa de 1857, em vez de localizar-se na coluna da esquerda, a resposta à primeira pergunta foi impressa na coluna da direita, dando a falsa impressão de ter sido redigida por Kardec, já que ali eram situados os seus comentários. Isto está muito claro na edição definitiva da obra, publicada em 1860, em coluna única, onde a resposta à pergunta: Que é Deus? - aparece logo abaixo, entre aspas, como tendo sido dada pelos Espíritos, bem como nas demais edições publicadas durante a vida de Allan Kardec, sendo oportuno lembrar que a 16ª edição do livro já se achava no prelo quando ele desencarnou, em 1869.
6. Havia muitos erros de interpretação nas traduções anteriores?
Resposta - Do ponto de vista doutrinário, não. Creio que as diferentes traduções se diferenciam principalmente pelos conhecimentos das línguas francesa e portuguesa de cada tradutor, pela habilidade de cada um em transmitir de forma mais ou menos clara o conteúdo das obras de Allan Kardec, pela maior ou menor quantidade de pequenos senões, os quais, felizmente, não parecem comprometer o valor do trabalho que abraçaram.
7. Fale um pouco da sua experiência em traduzir as obras de Allan Kardec.
Resposta - Começamos pela Revista Espírita, composta de doze volumes, totalizando quase sete mil páginas em sua versão brasileira. Logo de início, não imaginávamos a extensão da tarefa a que nos comprometêramos, nem das dificuldades a superar, considerando-se que se tratava do nosso début na arte de traduzir. Contudo, a maneira como Allan Kardec apresentava as matérias, a clareza e a objetividade com que exprimia os seus pontos de vista e, sobretudo a elegância que lhe caracterizava o estilo facilitaram-nos sobremodo a tarefa, de forma que só gastamos cinco anos para traduzir a coleção inteira. Depois traduzimos alguns opúsculos: Instrução prática sobre as manifestações espíritas; O Espiritismo na sua expressão mais simples; Viagem Espírita em 1862 e organizamos uma coletânea de artigos extraídos da Revista Espírita, intitulado Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita. Em 2006 começamos a traduzir as obras básicas da Codificação, a começar por O Livro dos Espíritos, cuja publicação coincidiu com o sesquicentenário da Doutrina. Depois, vieram os outros: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Finalmente, lançados este ano na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, saíram os livros O que é o Espiritismo e Obras Póstumas, totalizando vinte e três livros de nossa tradução, todos de Kardec. Foi uma experiência muito rica, muito gratificante e que contribuiu para ampliar os horizontes da nossa vista espiritual.
8. Quanto tempo durou a tradução?
Resposta - Como já dissemos acima, a tradução dos doze volumes da Revista Espírita consumiu cinco anos do nosso trabalho. Os demais livros, de 2 a 6 meses, segundo a complexidade e o número de páginas de cada um. No total, já dedicamos oito anos da nossa vida à tradução dos livros de Allan Kardec.
9. Qual tradução foi mais difícil? Por quê?
Resposta - A tradução do volume I da Revista Espírita, referente ao ano de 1858, pelas dificuldades inerentes a quem se aventura pela realização de uma tarefa nunca antes experimentada. Lembro-me de que gastei quase três horas para traduzir as primeiras páginas do livro! Confesso mesmo que fui tomado pelo desânimo, pela vontade de largar tudo, pela certeza de que não seria capaz de dar conta do recado. Felizmente, perseverei e levei avante os meus propósitos, amparado, naturalmente, pelos Espíritos bons, sem o auxílio dos quais eu não teria vencido os inúmeros obstáculos que se interpuseram no meu caminho.
10. Em Obras Póstumas, Allan Kardec afirma que voltaria a reencarnar no início do século passado, ou seja, no início de 1900, o que para nós não aconteceu. Como você vê esse "equívoco" de Kardec?
Resposta - A primeira notícia de que Kardec reencarnaria para completar a sua obra foi dada pelo Espírito Z. em 17 de janeiro de 1857. Mais tarde, precisamente em 10 de junho de 1860, o Espírito Verdade confirma a previsão anterior, acrescentando que o Codificador ausentar-se-ia por alguns anos e em condições que lhe permitissem trabalhar desde cedo. Estas duas passagens de Obras Póstumas têm ensejado inúmeras especulações em nosso meio, cada uma querendo identificar nesta ou naquela personalidade encarnada a reencarnação de Allan Kardec. Em nossa opinião, e em que pesem todos os argumentos de que essa volta já se teria dado no século passado, continuamos acreditando que o Codificador continua a sua missão no mundo espiritual desde que nos deixou, em 1869. Não se trata de "equívoco", mas de entendermos a duração do tempo, que é diferente no contexto dos dois planos da vida, o material e o espiritual. Voltar logo, para os Espíritos, pode significar um ano, um século ou milhares de anos.
Fonte: www.correioespirita.org.br
2. Por que Allan Kardec pulou a questão 1011 de "O Livro dos Espíritos"?
Resposta - Será mesmo que ele pulou? Para que possamos nos situar melhor sobre o assunto, devemos nos reportar à 2ª edição de O Livro dos Espíritos, publicada em 1860. A referida edição foi composta de duas impressões ou tiragens. Na primeira impressão, as questões do livro estavam numeradas da 1ª até a 1018, incluindo a 1011. Já na 2ª impressão, considerada a edição definitiva da obra e publicada no mesmo ano, aparece como questão final do livro a de nº 1019, visto não ter sido dado nenhum número à pergunta 1011. Em conclusão, as questões 1012 a 1019 da edição definitiva (2ª impressão) correspondiam às perguntas 1011 a 1018 da 1ª impressão da mesma edição. Esta mudança nos leva à conclusão de que era propósito do autor (Allan Kardec) identificar pelo número 1011 a questão que se segue à de nº 1011 e que antecede a de nº 1012, o que nos parece perfeitamente lógico. Todavia, esta identificação permaneceu em aberto nas demais edições francesas publicadas enquanto Kardec estava encarnado. Foi com vistas a dar referência objetiva à matéria que atribuímos, na nossa tradução febiana de O Livro dos Espíritos, o número 1011 a esta pergunta, o que, aliás, também acontece com as edições francesas publicadas atualmente, acreditando superar, com isso, o que entendemos não passar de um simples descuido de revisão gráfica.
3. É verdade que você comprou "O Livro dos Espíritos" em um sebo de Paris? Como foi isso?
Resposta - Embora já tenha ido a Paris algumas vezes, não foi ali que adquiri a 1ª edição francesa de O Livro dos Espíritos, editada em 1857. O livro foi comprado em 2004 através de um site da Internet, enviado ao Brasil pelo Correio e doado à Biblioteca de Obras Raras da FEB, em Brasília. Mais tarde, a própria FEB adquiriu mais 3 exemplares do livro, também pela Internet, a partir de sites franceses e italianos, totalizando hoje quatro volumes em seu poder.
4. A primeira edição tinha sua capa em cor verde. Qual era o pensamento de Allan Kardec quanto à cor da capa do livro? Seria o livro da Esperança, já que o verde a representa?
Resposta - Não há nenhum registro conhecido justificando a utilização da cor verde na capa da 1ª edição de O Livro dos Espíritos. Aliás, a cor verde foi utilizada em todas as capas das demais obras básicas da Codificação Espírita, bem como na capa da obra complementar O que é o Espiritismo, conforme se pode constatar nas edições originais de tais obras em poder da Federação Espírita Brasileira, em Brasília. Preferência de Allan Kardec pelo verde? Sugestão dos editores? Como nada sabemos nem podemos provar, essa ou aquela hipótese aventada não passará de mera especulação.
5. Na primeira questão de O Livro dos Espíritos, a resposta foi dada por Allan Kardec. Por que os Espíritos não responderam?
Resposta - Não é a primeira vez que nos deparamos com tal afirmativa, o que representa lamentável equívoco. Todas as respostas de O Livro dos Espíritos, inclusive a primeira, foram dadas pelos Espíritos superiores que ditaram a obra, cabendo a Allan Kardec a formulação das perguntas, a distribuição das matérias e a elaboração de notas e comentários que complementam ou desenvolvem as respostas dos luminares da Codificação. Acreditamos que a confusão se deve à apresentação gráfica da 1ª edição, cujo texto era distribuído em duas colunas. De fato, na 1ª edição francesa de 1857, em vez de localizar-se na coluna da esquerda, a resposta à primeira pergunta foi impressa na coluna da direita, dando a falsa impressão de ter sido redigida por Kardec, já que ali eram situados os seus comentários. Isto está muito claro na edição definitiva da obra, publicada em 1860, em coluna única, onde a resposta à pergunta: Que é Deus? - aparece logo abaixo, entre aspas, como tendo sido dada pelos Espíritos, bem como nas demais edições publicadas durante a vida de Allan Kardec, sendo oportuno lembrar que a 16ª edição do livro já se achava no prelo quando ele desencarnou, em 1869.
6. Havia muitos erros de interpretação nas traduções anteriores?
Resposta - Do ponto de vista doutrinário, não. Creio que as diferentes traduções se diferenciam principalmente pelos conhecimentos das línguas francesa e portuguesa de cada tradutor, pela habilidade de cada um em transmitir de forma mais ou menos clara o conteúdo das obras de Allan Kardec, pela maior ou menor quantidade de pequenos senões, os quais, felizmente, não parecem comprometer o valor do trabalho que abraçaram.
7. Fale um pouco da sua experiência em traduzir as obras de Allan Kardec.
Resposta - Começamos pela Revista Espírita, composta de doze volumes, totalizando quase sete mil páginas em sua versão brasileira. Logo de início, não imaginávamos a extensão da tarefa a que nos comprometêramos, nem das dificuldades a superar, considerando-se que se tratava do nosso début na arte de traduzir. Contudo, a maneira como Allan Kardec apresentava as matérias, a clareza e a objetividade com que exprimia os seus pontos de vista e, sobretudo a elegância que lhe caracterizava o estilo facilitaram-nos sobremodo a tarefa, de forma que só gastamos cinco anos para traduzir a coleção inteira. Depois traduzimos alguns opúsculos: Instrução prática sobre as manifestações espíritas; O Espiritismo na sua expressão mais simples; Viagem Espírita em 1862 e organizamos uma coletânea de artigos extraídos da Revista Espírita, intitulado Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita. Em 2006 começamos a traduzir as obras básicas da Codificação, a começar por O Livro dos Espíritos, cuja publicação coincidiu com o sesquicentenário da Doutrina. Depois, vieram os outros: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Finalmente, lançados este ano na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, saíram os livros O que é o Espiritismo e Obras Póstumas, totalizando vinte e três livros de nossa tradução, todos de Kardec. Foi uma experiência muito rica, muito gratificante e que contribuiu para ampliar os horizontes da nossa vista espiritual.
8. Quanto tempo durou a tradução?
Resposta - Como já dissemos acima, a tradução dos doze volumes da Revista Espírita consumiu cinco anos do nosso trabalho. Os demais livros, de 2 a 6 meses, segundo a complexidade e o número de páginas de cada um. No total, já dedicamos oito anos da nossa vida à tradução dos livros de Allan Kardec.
9. Qual tradução foi mais difícil? Por quê?
Resposta - A tradução do volume I da Revista Espírita, referente ao ano de 1858, pelas dificuldades inerentes a quem se aventura pela realização de uma tarefa nunca antes experimentada. Lembro-me de que gastei quase três horas para traduzir as primeiras páginas do livro! Confesso mesmo que fui tomado pelo desânimo, pela vontade de largar tudo, pela certeza de que não seria capaz de dar conta do recado. Felizmente, perseverei e levei avante os meus propósitos, amparado, naturalmente, pelos Espíritos bons, sem o auxílio dos quais eu não teria vencido os inúmeros obstáculos que se interpuseram no meu caminho.
10. Em Obras Póstumas, Allan Kardec afirma que voltaria a reencarnar no início do século passado, ou seja, no início de 1900, o que para nós não aconteceu. Como você vê esse "equívoco" de Kardec?
Resposta - A primeira notícia de que Kardec reencarnaria para completar a sua obra foi dada pelo Espírito Z. em 17 de janeiro de 1857. Mais tarde, precisamente em 10 de junho de 1860, o Espírito Verdade confirma a previsão anterior, acrescentando que o Codificador ausentar-se-ia por alguns anos e em condições que lhe permitissem trabalhar desde cedo. Estas duas passagens de Obras Póstumas têm ensejado inúmeras especulações em nosso meio, cada uma querendo identificar nesta ou naquela personalidade encarnada a reencarnação de Allan Kardec. Em nossa opinião, e em que pesem todos os argumentos de que essa volta já se teria dado no século passado, continuamos acreditando que o Codificador continua a sua missão no mundo espiritual desde que nos deixou, em 1869. Não se trata de "equívoco", mas de entendermos a duração do tempo, que é diferente no contexto dos dois planos da vida, o material e o espiritual. Voltar logo, para os Espíritos, pode significar um ano, um século ou milhares de anos.
Fonte: www.correioespirita.org.br
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