Respeitando as diferenças

A homossexualidade, em vez de ser considerada uma disfunção ou uma doença, deve ter sua origem compreendida e estudada.

Devido à criação familiar, cultural ou político-social, imaginamos em nossa mente um mundo no qual, muitas vezes, vemos os outros com preconceito.

Ao ver dois homens de mãos dadas, já os rotulamos de homossexuais, mas antes disso, deveríamos considerar dois fatores importantes. O primeiro: e daí se for homossexual? O outro é cultural. Muitas pessoas não sabem que em algumas regiões no Oriente Médio, os homens se dão as mãos e passeiam desse modo quando são amigos.

Porém, ironicamente, estes mesmos países são homofóbicos e a homossexualidade é punida com a pena de morte.

A palavra homossexual vem do grego Homos, que significa "mesmo", e era uma prática comum nos povos da Antiguidade, que encaravam o amor entre pessoas do mesmo sexo como uma atitude normal devido às suas crenças.

Na mitologia grega, romana ou entre os deuses hindus e babilônios, por exemplo, a homossexualidade existia. Muitos deuses antigos não têm sexo definido. Alguns, como o popularíssimo hindu Ganesh, da fortuna, teriam até mesmo nascido de uma relação entre duas divindades femininas.

A palavra "lésbica" deriva da ilha de Lesbos, que se situa a noroeste do mar Egeu; Lesbos é a ilha natal da poetisa grega Safo1, que viveu no século VII a.C.

Safo foi muito influente. Ela vivia em Mitilene, na ilha de Lesbos, local onde teria estabelecido uma academia para mulheres que celebravam a deusa Afrodite na poesia, música e dança. Safo produziu obras memoráveis, tanto que Platão chegou a dizer que ela deveria ser considerada a décima musa. Grande parte de sua obra se perdeu, algumas foram queimadas na praça pública de Roma e Constantinopla em 1073, por ordem do Papa Gregório VIII. O conteúdo da sua escrita foi interpretado como uma forma de protesto da mulher pelo domínio masculino, que chegou ao extremo da recusa do amor heterossexual e que originou a interpretação de que existiam relações homossexuais em Lesbos. Essa fama atravessou os séculos e cristalizou-se na palavra lésbica, que provém do nome da ilha.

Na mitologia grega, romana ou entre os deuses hindus e babilônios, por exemplo, a homossexualidade existia. Muitos deuses antigos não têm sexo definido. 

Habitantes de Lesbos, na Grécia, querem que o termo lésbica seja utilizado somente por moradores da ilha. Para isso, entraram na Justiça em 2008, para pedir que uma ONG LGBT grega mude seu nome.

Não é difícil perceber que, na Antiguidade, o sexo não tinha como objetivo exclusivo a procriação. Isso começou a mudar, porém, com o advento do cristianismo.

A partir da Idade Média, o sexo passou a ser considerado unicamente para fins de reprodução, e quaisquer outras finalidades eram consideradas um grave pecado. Esta visão foi incorporada aos Códigos Penais ( época, sendo a prática da sodomia (termo utilizado para denominar prática sexual entre pessoas do mesmo sexo, na época) passível de morte na fogueira.

Sobre esse aspecto, não é dificil entender na visão espírita o homossexualismo, sendo que Kardc também abordou esse assunto na Revista Espírita2, onde esclareceu que as "anomalias aparentes" do caráter de certas pessoas se devem aos atavismos que o ser reencarnado traz de outras vidas.

Carregando em nosso perispírito lembranças de vidas onde a homoaafetividade era normal, ocorre um choque de paradigmas ao encarnar novamente nas culturas atuais.

Todavia devemos esclarecer que a homossexualidade a que estamos nos referindo é a dita genética, onde o indivíduo nasce com a predisposição; existem, no entanto, outros fatores que a influenciam, como abuso sexual, influência parental, traumas sexuais e desvios de gênero, em que não havia predisposição, mas a influencia do meio interveio de forma a gerar mudança na opção sexual.

Ouço Xavier, através das mensagens de André Luiz (livro Sinal Verde) Laos adverte:

- Não julgue os supostos desajustamentos ou as falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo entre duas pessoas, e, vendo duas pessoas unidas, você nunca pode afirmar com certeza o que fazem; e, se a denúncia quanto à vida sexual de alguém é formulada por parceiro ou parceira desse alguém, é possível que o denunciante seja mais culpado quanto aos erros havidos, de vez que, para saber tanto acerca da pessoa apontada ao escárnio público, terá compartilhado das mesmas experiências.

Muitos, ingenuamente, afirmam que a homoafetividade é uma disfunção sexual. Bem, quanto a esse ponto podemos afirmar que o DSM-4 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), afirma o seguinte:

"Uma Disfunção Sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso sexual."

O ciclo de resposta sexual pode ser dividido nas seguintes fases:

1. Desejo: 2. Excitação; 3. Orgasmo; 4. Resolução.

Em 1952. Associação Americana de Psiquiatria publicou o seu primeiro DSM, e a homossexualidade foi incluída como uma desordem. As pesquisas, no entanto, falharam em conseguir apresentar qualquer base empírica ou científica para considerar a homossexualidade como um distúrbio ou anormaidade, ao invés de uma orientação sexual normal e saudável.

Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade do DSM e, em 1975, a Associação Americana de Psicologia adotou a mesma posição. No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Psicologia deixa de considerar a homossexualidade como um desvio sexual e, em 1999, estabelece regras para a atuação dos psicólogos em relação às questões de orientação sexual, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade.

O fato é que a psicologia e o DSM-4 caracterizam como transtorno ou disfunção coisas normais que passam a ser exageradas e/ou ficam em falta; sob esse prisma, o homossexualismo tornou-se normal, todavia, quando sua prática extrapola conceitos gerais, como perversão, pedofilia, abuso sexual etc, passa a ser considerado transtorno.

O Espírito Emmanuel5 explica que muito dos enigmas da sexualidade se deve ao desconhecimento de nossa origem espiritual e biológica, está radicada nos seres inferiores da criação, de cujos instintos ainda não nos libertamos totalmente, bem assim ao desconhecimento da reencarnação e dos reflexos das experiências pretéritas.

No Brasil, a aprovação da união estável de casais homossexuais foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 5/5/2011, abrindo assim uma nova ótica da justiça sobre relacionamento homoafetivo.

A posição da Doutrina Espírita não é de condenação ao homossexual. Aliás, a filosofia espírita não possui a característica da condenação de quaisquer atos ou posturas. Ao invés disto, estuda e compreende a origem das diferenças, procurando esclarecer os indivíduos e não condená-los.

O Espiritismo é uma doutrina aberta aos avanços, portanto, às transformações sociais; percebemos, assim, o quanto é importante, a educação espiritual, vai ao encontro das necessidades de esclarecimentos da alma, mostrando-lhe sua natureza e suas possibilidades de entender o "outro" e, mais importante, a nós mesmos.

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. "6

1. Safo (século VII a.C), a maior poetisa da literatura grega, escreveu poemas pessoais e apaixonados em diversos tipos de metro, dirigidos em geral à filha ou às suas companheiras de forma terna e amorosa. A sua poesia, de conteúdo erótico, foi censurada pelos copistas medievais, ligados na sua maioria à Igreja Católica.
2. KARDEC, Allan. As mulheres têm alma? In: Revista espirita: jornal de estudos psicológicos, ano 9, p. 17, jan. 1866. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
3. XAVIER, Francisco C. Sinal Verde. Pelo Espírito André Luiz. Composto e Impresso pelo INSTITUTO DE DIFUSÃO ESPÍRITA; Araras/SP.
4. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
5. XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. 2. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21.
6. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.

Autor: Marcos Paterra
(Articulista, membro da AME/PB e palestrante espírita -   marcos.paterra@gmail.com)
Fonte:http://www.acasadoespiritismo.com.br/


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