O Perispírito e sua Fisiologia

Antes das obras de André Luiz, Emmanuel, dos numerosos jovens no além, em consonância com os textos da codificação de Kardec, os espíritas e os estudiosos dos fenômenos mediúnicos, espirituais e psíquicos tinham uma ideia muito vaga sobre o pretenso corpo espiritual que os espíritos de todas as condições hierárquicas possuíam.

Do que é feito o perispírito?

Quais suas características básicas?

Ele é material? Se a resposta for “SIM”, como são seus órgãos e como modificações em sua estrutura afetariam o corpo físico?

Ele pode ser perdido? Se sim, em que condições?

Essas são apenas algumas das muitas questões que André Luiz abordou. Para uma discussão mais pormenorizada desse assunto, recomendamos a leitura dos livros “Vida além da Vida” (volumes I e II, lançados no formato e-book pela Digital Books) e o livro “Perispírito e Corpos Espirituais. O que são e como interagem com o mundo físico”, de autoria de Joseph Gleber e em fase final de editoração pela Digital Books Editora.

Para esclarecer e demarcar limites em nossa discussão, consideramos que o perispírito, como o nome sugere, é o revestimento que confere ao espírito imaterial a capacidade de atuar nos planos astrais, além de representar uma interface entre o espírito e o corpo físico, para os encarnados.

Como coloca Emmanuel, no livro “Roteiro”, psicografado por Francisco Cândido Xavier (Editora da Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 12ª edição, 2007):

“O perispírito é, ainda, corpo organização que, representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste, além do sepulcro, de conformidade com o seu peso específico. 

Formado por substâncias químicas que transcendem a série estequiogenética conhecida até agora pela ciência terrena, éaparelhagem de matéria rarefeita, alterando-se, de acordo com o padrão vibratório do campo interno. 

Organismo delicado, extremo poder plástico, modifica-se sob o comando do pensamento. É necessário, porém, acentuar que o poder apenas existe onde prevaleçam a agilidade e a habilitação que só a experiência consegue conferir.

Nas mentes primitivas, ignorantes e ociosas, semelhantevestidura se caracteriza pela feição pastosa, verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço.”

Algumas linhas abaixo, Emmanuel deixa clara a natureza material do espírito:

“O perispírito, quanto à forma somática, obedece a leis de gravidade, no plano a que se afina”, o que não muda o fato de que o mesmo é bastante maleável ao ambiente e, principalmente, condições mentais e espirituais das pessoas, apresentando, como apresentado em “Nosso Lar”, “em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo” (“Nosso Lar”, página 34)

Todas essas palavras de Emmanuel estão de acordo com as citações de André Luiz sobre o assunto, deixando claro que o perispírito é constituído, essencialmente, de matéria uma vez que sofre o efeito da gravidade do plano que lhe é próprio, além de ser mais ou menos denso em função da elevação espiritual de cada um. Por mais que os pensamentos comandem a fisiologia do corpo perispiritual, não podemos esquecer que os órgãos perispirituais possuem metabolismo que se manifesta em todos os lugares, fazendo com que o irmão desencarnado sinta frio, calor, fome e sede, ou o crescimento dos pelos e cabelos, além das necessidades “fisiológicas” básicas, como podemos nos deparar nas citações abaixo, extraídas de “Nosso Lar”:

“Para quem apelar? Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida…”

Ou logo a seguir, ainda no capítulo 2:

“Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão. De quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d’água a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas, colava os lábios à nascente turva, enquanto mo permitiam as forças irresistíveis, a impelirem-me para frente.”

Meus amigos, será que poderíamos ser mais claros e explícitos do que nosso querido autor, no texto acima?

Creio que não. André Luiz se superou.

Contudo, precisamos encarar um aspecto que o cinema não explorou: a morte separa duas etapas da nossa existência e se temos um metabolismo aqui, teremos outro do outro lado da vida.

Mas o que é metabolismo? É o conjunto de reações químicas que mantêm a vida. Ele é conjunto de reações químicas que nos auxiliam na luta contra a desorganização de nossas células, contra a entropia do sistema. Do outro lado da vida, o corpo perispiritual também apresenta algumas peculiaridades fisiológicas, como veremos a seguir.

O corpo perispiritual também é constituído de células, que se adaptam e moldam o corpo físico, de forma que é o efeito das nossas existências pregressas sobre as células do perispírito que determinarão o corpo físico que irá abrigar o ser em futura reencarnação. Em hipótese alguma desconhecemos o papel dos genes na determinação do corpo do reencarnante, mas apenas gostaríamos de lembrar que a genética do indivíduo é selecionada pela espiritualidade da mesma forma que uma pessoa escolhe uma vestimenta para determinado evento social ou profissional. Em função das aptidões do irmão reencarnante e da genética disponível, os gametas são selecionados e a fecundação ocorre, fugindo totalmente do acaso, da sorte ou azar. Tudo é aprendizado.

A estrutura do perispírito é perecível, principalmente em função de sua natureza material e sua interdependência com as condições dos outros corpos espirituais, em particular os corpos mentais, superior e inferior, capaz de ditar modificações severas na estrutura perispirítica. Além desse aspecto, o corpo perispiritual pode ser danificado a partir de artefatos bélicos astrais, como mencionado em “Libertação” (página 65), onde falanges das trevas têm armas para lutar e ferir.

A respeito da fragilidade do corpo espiritual, em “Libertação”, o instrutor Gúbio declara:

“– Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.”

“– Sim… – acrescentei (André Luiz), reticencioso, em minha sede de saber. 

“– “Viste companheiros – prosseguiu o orientador –, que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar, e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradorasdos elementos perispiríticos para renascerem na carne terrestre. Os primeiros são servidores enobrecidos e gloriosos, no dever bem cumprido, enquanto que os segundos são colegas nossos, que já merecem a reencarnação trabalhada por valores intercessores, mas, tanto quanto ocorre aos companheiros respeitáveis desses dois tipos, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual.”

O fragmento acima deixa claro que o perispírito pode ser perdido pela ascensão evolutiva e veremos, posteriormente, na análise do mesmo livro, que o ódio e a mente enclausurada na vingança também podem induzir a perda do vaso perispirítico por um processo de ovoidização. A formação de ovoides foi motivo de profundas discussões com os principais expoentes do Espiritismo brasileiro nas décadas que se seguiram a esse texto e muitos ainda relutam em aceitar sua existência, mesmo com centenas de descrições que estão disponíveis na literatura. Alguns dizem que essas descrições são viciadas pela influência que a obra de André Luiz exerce sobre os novos médiuns, mas se esquecem que a lógica evidencia que o processo é natural e aquele que busca a morte, na impossibilidade de obtê-la, acaba criando profundos efeitos no seu corpo perispiritual. Viver é condição que necessita de harmonia e na ausência dessa, o corpo físico e os corpos espirituais padecem.

Além disso, o texto evidencia claramente que o que sobra do perispírito após o processo de restringimento ou encolhimento para o reencarne é semelhante ao que sobra do corpo físico humano no desencarne, uma estrutura inerte. Vejam a simetria, para adentrarmos o mundo espiritual com mais liberdade, deixamos aqui o corpo físico inerte e desnecessário: é a morte; para retornarmos ao mundo físico, grande parte daquilo que chamamos de corpo espiritual sofre profundas alterações em sua estrutura e o que sobra está “morto” em termo práticos. Similaridades que podem ser muito uteis no aprendizado.

A condição vibratória do corpo perispiritual depende da condição moral do espírito, mas podemos verificar que, após a conscientização da condição de “desencarnado”, as percepções se dilatam substancialmente. Esse fenômeno é natural, como relatado em “Nosso Lar”, mas pode ser induzido por intervenções no corpo espiritual, como descrito em belos detalhes em “Os Mensageiros”, junto ao Gabinete de Auxílio Magnético às Percepções.

Esses sentidos profundamente dilatados após a morte física, como mencionado acima, permitem, dentre outras coisas, a transmissão rudimentar do pensamento entre pessoas afins, como explicado por Aniceto em “Os Mensageiros” (página 219):

“— Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação espiritual do texto lido. Os que estiverem nas mesmas condições dele, poderão ouvir-lhe os pensamentos; mas, os que estiverem em zona mental inferior, receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados, isto é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo materializado de Isabel.

Nosso mentor não poderia ser mais explícito. Em poucas palavras fornecera-me a súmula da extensa lição.”

Fenômeno semelhante é observado nas comunicações mediúnicas, onde o estabelecimento de uma sintonia fina entre o espírito e o médium é uma condição bastante imprescindível ao processo e todos os cuidados seguidos objetivam exatamente minimizar os fatores ambientais interferentes no processo.

A expansão dos sentidos espirituais após a morte, da mesma forma que as capacidades cognitivas do irmão, é diretamente ligada à evolução espiritual do mesmo e do tempo em que ele se encontra no período de intermissão (entre as reencarnações) ou erraticidade, como nos mostra a superior capacidade sensorial de mentores de André Luiz, evidenciada em numerosas passagens de sua obra, como na página 306 de “Os Mensageiros”.

Alguns autores espíritas, como Djalma Argollo, em seu instigante “Possibilidades Evolutivas” (Editora Mnêmio Túlio, São Paulo, SP, 1994), sugerem que essas capacidades dilatadas de percepção (ver, escutar, emitir e captar os pensamentos, sentir e compreender), que tanto caracteriza o espírito livre do corpo físico, mesmo que apenas momentaneamente, como no caso de desdobramentos perispirituais, pode refletir a possibilidade do mundo espiritual ter dimensões espaciais adicionais, que nos são vedadas na matéria densa da qual somos constituídos. Assim, da mesma forma que um peixe pouco vê fora da água, nós pouco entendemos o universo em que estamos inseridos durante o período de permanência no corpo físico. Libertos, nossa consciência se dilata e passa a contemplar o cosmo de forma mais completa.

No início do processo evolutivo, o perispírito não consegue ter um domínio pleno dessas percepções e os rudimentos da telepatia apenas completam a linguagem articulada, estabelecendo-se, inicialmente, entre espíritos afins, geralmente membros das mesmas famílias espirituais, mas essa capacidade vai se dilatando a ponto de substituir a língua falada. O pensamento puro e límpido é capaz de saltar a distâncias incomensuráveis e, quanto mais elevado o intelecto do seu emissor e mais sublime o seu conteúdo, maior a distância percorrida. Aliás, falar em transmissão do pensamento é um erro, posto que ele não viaja simplesmente, mas salta em direção ao seu receptor.

Essas percepções também são muito sujeitas à categoria evolutiva do companheiro desencarnado, que somente pode ver, sentir e compreender aqueles espíritos que possuem o seu grau evolutivo ou inferiores, como toda a obra de André Luiz demonstra de forma cabal, principalmente quando coloca que “É muito provável estejamos sendo vistos e ouvidos, sem que tenhamos, até agora, despertado a faculdade precisa de escutar e enxergar neste plano…”

A existência de um metabolismo semelhante ao nosso, no períspirito dos irmãos situados próximo à crosta, é realçada pela necessidade de alimentos, líquidos, lazer, repouso, bem como a descrição de lágrimas, suor, necessidades fisiológicas outras (seria uma alusão a fezes e urina? Muitos companheiros de lides espíritas ficariam loucos com essa insinuação, mas é o que tudo indica, sendo que em “Libertação”, pela ausência de um trabalho de limpeza coerente, a presença de depósitos de detritos torna a vida em uma cidade das sombras bastante penosa), que brotam do corpo espiritual de André Luiz, em numerosos momentos de suas descrições sobre a vida espiritual, isso sem falar da respiração e batimentos cardíacos e outras menções a órgãos no perispírito. Percebe-se, entretanto, que os espíritos que se encontram mais libertos do mundo material não possuem essas necessidades em grau tão elevado.

Uma vez que a morfologia dos órgãos físicos apresenta grande dependência da estrutura perispiritual, de forma que alguns espíritas denominam o perispírito de “molde” do corpo físico, como o eminente Hernani Guimarães Andrade, que o denominava de modelo organizador biológico, é possível, se não provável, que o perispírito também determine a função dos diferentes órgãos do corpo físico. Para tanto, cada órgão perispiritual teria de apresentar alguma semelhança funcional com o corpo físico, como de fato ocorre.

Em mensagem psicografada em dezembro de 2011, Ishmael, um amigo espiritual bem próximo, relata que a redução do sistema digestório e a transferência para os pulmões de parte da capacidade de absorver nutrientes é uma condição que se exacerba nos planos superiores, onde a atmosfera fornece praticamente tudo que o perispírito necessita em seu metabolismo. Essa transformação é gradativa e se assemelha, ou melhor, dirige, o próprio processo evolutivo que a humanidade vem apresentando desde que os grandes primatas surgiram, há alguns milhões de anos. Nas esferas plenas e felizes, o corpo perispiritual perde completamente sua materialidade, como tudo que o envolve, mas o processo até lá é muito demorado e exige tempo e profunda dedicação, embora cada sociedade no universo possa trilhar caminhos diferentes, mas com resultados que se assemelham ou completam, algo que os biólogos chamam de convergência evolutiva ou adaptativa.

Dentre os exemplos citados acima, não podemos esquecer de que os pulmões, mesmo no nosso plano, podem absorver elementos indispensáveis à saúde física e essa possibilidade é a base dos procedimentos de inalação de medicamentos. Lá, como cá, as realidades se assemelham, embora a intensidade dos fenômenos seja diferente e somente agora estamos despertando para isso. Outras propriedades do corpo espiritual não encontram par no corpo físico, como a capacidade de luzir, como descrito em “Os Mensageiros”, ou de atravessar a matéria ordinária, o que somente seria possível se o corpo espiritual representasse uma projeção de nossa individualidade (o espírito) em um universo com outras dimensões espaciais que não nos é permitido, ainda, conhecer, ou se a matéria que o constitui apresentasse uma natureza diferente da nossa, como será discutido no capítulo sobre a vida nas colônias espirituais, a seguir.

Acredito em uma associação dessas hipóteses, sendo que apenas 4% da matéria e energia do cosmo são formados pelos mesmos átomos que constituem o nosso corpo físico, o resto é a chamada energia escura, que dilata os limites do universo, e a matéria escura, que mantém a estrutura das galáxias, mas não interage com a luz e com a matéria ordinária que constitui o nosso universo visível.

Essa matéria escura, que não interage com a matéria ordinária, com exceção do fato de que ela sofre os efeitos da gravidade, mostrando que seus constituintes têm massa, apresenta algumas das principais características que Emmanuel e André Luiz atribuem aos elementos que constituem o perispírito: têm massa, sofrem efeito da força da gravidade e não fazem parte dos elementos conhecidos da tabela periódica. Acreditar que a matéria astral, que constitui o períspirito de todos nós, encarnados e desencarnados, pode ser relacionada à matéria escura é bastante atraente, posto que ela representa aproximadamente 25% de tudo que existe no universo, 6 vezes mais do que a matéria convencional.

É possível que a natureza da matéria astral somente seja desvendada em um universo com outras dimensões, como a teoria das supercordas vem sugerindo, mas esse é um problema que escapa à nossa capacidade de argumentação, no momento. Tudo é questão de tempo e para aqueles que dizem que somos parasitas do meio científico, gostaria de perguntar sobre quais das bases da Doutrina Espírita foi derrubada pela ciência oficial? E olhem que os medianeiros que foram utilizados no processo de transmissão dessas informações eram pessoas simples e, na maioria dos casos, pouco letradas. Será que alguém imaginaria que nosso querido Chico teria condições de escrever “Evolução em Dois Mundos” sem o auxílio de André Luiz, uma vez que o próprio espírito teve importante colaboração dos técnicos espirituais?

A condição vibratória do ambiente também afetas as funções dos órgãos do corpo espiritual, conforme a descrição a seguir, onde André Luiz, entre outros, se dirige para a crosta em companhia do instrutor espiritual, Aniceto (“Os Mensageiros”, página 206):

“A paisagem tornou-se, então, muito fria e diferente. Não estávamos em caminho trevoso, mas muito escuro e nevoento. Tomara-se densa a atmosfera, alterando-nos a respiração.” Da mesma forma, no Posto de Socorro de Campo de Paz, sob efeito de orações divinizantes, o perispírito de amigos com alguma evolução passa a adquirir capacidade luminescente, o mesmo ocorrendo sob ação da vontade durante a jornada para as regiões pericrostais do Umbral. Ao elevar o pensamento, alteramos a fisiologia do corpo perispiritual, produzindo eflúvios energéticos e luz não visível aos nossos olhos de encarnados. Aliás, não é isso que muitas vezes os clarividentes observam na fluidoterapia e no passe?

Nos ambientes menos densos, o corpo espiritual, refletindo as influências mentais daquele que o enverga, acaba se moldando às condições ambientes, onde alguns remoçam e outros envelhecem, como fruto da ação contínua da mente sobre as estruturas que compõem o perispírito, como descrito em “E a Vida Continua”, onde dois espíritos desencarnados após períodos diferentes de permanência na crosta, com o convívio, passam a aparentar uma diferença de idade menor: o que desencarnara mais jovem adquiriu uma aparência menos jovem e o que adentrara o mundo maior com mais idade remoçara significativamente. Obviamente, essas modificações de morfologia perispiritual demoram muito tempo para serem implementadas pelo controle mental do espírito, como descrito em “E a Vida Continua”. Isso se deve ao fato de que a atividade da mente é muito mais intensa sobre a matéria mental que envolve todas as dimensões do universo e só lentamente, dependendo do poder mental envolvido, é que o processo começa a imprimir alterações na fisiologia e morfologia do perispírito.

Por outro lado, nos ambientes de trevas profundas…

“O perispírito de todos os que aí se enclausuravam, pacientes e expectadores, mostrava a mesma opacidade do corpo físico. Os estigmas da velhice, da moléstia e do desencanto, que perseguem a experiência humana, ali triunfavam, perfeitos..” (“Libertação”, página 80).

Outras características ímpares do perispírito, em comparação ao corpo físico, é sua capacidade volitante e a possibilidade de se orientar através de campos eletromagnéticos, como os pássaros migratórios o fazem. No parágrafo a seguir, vê-se exatamente uma demonstração dessas habilidades:

“— Antes de tudo — respondeu o instrutor (Aniceto) — é preciso não esquecer que nossas colônias estão situadas no campo magnético da América do Sul. Qualquer bússola seria sensível, de agora em diante, mas, em nosso caso, é indispensável educar o pensamento e orientar-nos dentro da energia que lhe é peculiar.

Empregamos, de novo, a capacidade volitante e, dentro em pouco, as matas de Petrópolis estavam a vista. Mais alguns minutos e perlustrávamos as grandes artérias cariocas. Por sugestão do instrutor, abeiramo-nos do mar, em exercício respiratório de maior expressão.”

A volitação é uma aquisição pessoal e não um atributo plenamente desenvolvido do perispírito, sendo que os instrutores desencarnados possuem a capacidade de exercê-la em quase todos os ambientes, enquanto André Luiz apresenta uma capacidade bastante limitada e muitos não são capazes de volitar em Nosso Lar. A literatura espírita mostra que a volitação evidencia o domínio, ou melhor, a interferência da mente sobre a estrutura do espaço-tempo, não sendo resultado da natureza da matéria astral que constitui o perispírito. Caso fosse uma propriedade da matéria, todos a teriam de forma plena, não apenas como algo embrionário a ser desenvolvido. Pode-se dizer que líderes das trevas também possuem o poder mental capaz de permitir a volitação. Vejam a seguir (“No Mundo Maior”):

“Os grupos de infortunados agiam, ali, desconhecendo os padecimentos uns dos outros. Certos grupos volitavam a pequena altura, como bandos de corvosnegrejantes, mais escuros que a própria sombra a envolver-nos, ao passo que vastos cardumes de desventurados jaziam chumbados ao solo, quais aves desditosas, de asas partidas… Como explicar tudo isso?”.

Logo depois dessas palavras, o instrutor Calderaro, declarou (“No Mundo Maior”):

“– Não te surpreendas. A volitação depende, fundamentalmente, da força mental armazenada pela inteligência; importa, contudo, considerar que os vôos altíssimos da alma só se fazem possíveis quando à intelectualidade elevada se alia o amor sublime. Há Espíritos perversos com vigorosacapacidade volitiva, apesar de circunscritos a baixas incursões. São donos de imenso poder de raciocínio e manejam certas forças da Natureza, mas sem característicos de sublimação no sentimento, o que lhes impede grandes ascensões. No que se refere, entretanto, às entidades admitidas à nossa colônia espiritual, ainda em grande número incapacitadas de usar tal vantagem, o fenômeno é natural. É mais fácil recolher criaturas de maiores cabedais de amor com reduzida inteligência, e convivermos com elas, no processo evolucionário comum, do que abrigarmos pessoas sumamente intelectuais sem amor aos semelhantes; com estas últimas, a vida em comum, no sentido construtivo, é quase impraticável. Neste capítulo da volitação, portanto, impende observar os ascendentes naturais, levando em conta, com a própria Natureza, que os corvos voam baixo, procurando detritos, enquanto as andorinhas se libram alto, buscando a primavera.”

Embora existam diferenças gritantes nas condições vibratórias de nossos irmãos desencarnados, sendo que alguns volitam com extrema facilidade e muitos se arrastam pelo solo, com dificuldade de caminhar, é uma característica geral o fato de quase todos os desencarnados com alguma evolução se sentem leves em seus novos corpos perispirituais, que é mais fruto da condição da matéria astral e da condição evolutiva individual. Obviamente que aqueles que não se sentem dignos sequer de caminhar ou se arrastar se convertem em seres sem o períspirito plenamente estruturado, os ovoides, descritos por André Luiz em “Libertação”, que criaria o primeiro exemplo de obsessão complexa descrito na literatura espírita, nesse caso, com a adição de parasita fluídico natural, capaz de atuar em sintonia com uma mente hipnotizadora e potente, situada em planos bastante diversos daquele em que a sua vítima encarnada ou desencarnada se encontra.

A existência de feridas na organização perispiritual de tantos irmãos que recebem socorro espiritual nas casas espíritas de outras agremiações religiosas abre um campo para estudarmos as consequências da perda da homeostasia do corpo espiritual. Homeostase é o conjunto de mecanismos responsável pela manutenção do equilíbrio fisiológico, sem ela, o corpo descamba para desenvolvimento de enfermidades de todos os tipos. Em outros livros psicografados por Chico Xavier, com destaque para “Jovens no Além”, “Somos Seis”, “Assuntos da Vida e da Morte” e muitos outros, mostram que essas enfermidades são reais, da mesma forma que os tratamentos médicos que são oferecidos, como o descrito a seguir, em um jovem cujo corpo físico pereceu em função da leucemia. Após o desencarne ele ainda se encontra doente e necessita concluir o tratamento. Leiam.

“Voltava a nossa casa, e por fim, reclamei em petitório firme a presença de meu avô, e resolvi seguir com ele para um instituto de tratamento, nos arredores da cidade.

A enfermagem funcionou com precisão. Voltaram às agulhadas e as aplicações de sondas para observação.

A leucemia continua abalada e fazendo planos de me deixar, no entanto, persistia. Entreguei-me a um tratamento com o qual não contava.

Durante quatro meses passei por diálises bissemanais que me acabrunhavam. Meu sangue era retirado para ser retemperado em recipiente próprio e depois voltava ao meu sistema vascular, com uma dor para a qual era inútil que eu solicitasse sedativos.

Devia readaptar-me à minha própria natureza, diziam os mentores médicos mais experientes. Nada que me proporcionasse alívio imaginário, porque as células de meu novo corpo não retomariam a normalidade precisa.” (“Assuntos da Vida e da Morte”, Editora GEEM),

Nada mais claro e límpido sobre o assunto “tratamento médico” e enfermidades da alma. A defesa de uma fisiologia perispiritual também pode ser inferida pela citação do uso de medicamentos como analgésicos e sedativos, bem como drogas para apagar certas memórias mostra que a fármacos sobre o perispírito, que compõem diversas passagens da obra de André Luiz, principalmente em “Sexo e Destino” e “E a Vida Continua”. Nesses textos ainda são mencionadas diversas terapias para os convalescentes, como a hidroterapia, com o objetivo de prover o mais rápido restabelecimento para o irmão que reencontra a morada maior.

Muitos se perguntam se não existiria um certo exagero nas descrições sobre doenças atingindo o perispírito, mas pela própria descrição do papel do corpo espiritual contida no Livro dos Espíritos, de Kardec, fica claro que o perispírito, ao reter todos os fatos bons e não tão bons praticados pelo indivíduo em sua vida terrena e no período de intermissão ou erraticidade, acaba por desenvolver desarmonias mais ou menos pronunciadas que podem vir a se converter em moléstias físicas no retorno ao corpo físico mais denso e com a morte necessitam de tratamento especializado. De uma forma geral, as doenças do corpo espiritual refletem as influências dos corpos espirituais superiores, em particular os corpos mentais, sobre a estrutura mais plástica do psicossoma. Dessa forma, tratando a mente conseguimos equilibrar o soma.

No livro “Vida Além da Vida” (autoria de Joseph Gleber e Ishmael benGurion, e-book editado pela Digital Books Editora), questionamos o espírito Ishmael, professor de uma renomada escola de medicina europeia e que encontrou a “morte” nas mãos dos nazistas, sobre as doenças do espírito. A resposta é esclarecedora.

“Pergunta: Há poucos momentos vocês falaram que trabalham com a saúde do perispírito. O espírito pode adoecer também? Existe necessidade de tratar doenças após a morte?

Ishmael. Vocês conhecem alguém que “morreu” sadio? 

Para aqueles que morrem sem preparo para a morte física, o corpo perispiritual traz uma extensa gama de enfermidades, que são objeto do nosso trabalho reparador. Para aqueles que sofrem acidentes ou morrem de forma brusca, apenas os irmãos mais libertos do mundo terreno podem se recuperar sem muito auxílio externo.

Também atendemos aqueles que, em suas enfermidades psíquicas, criaram condições para a perpetuação do câncer e outras doenças após a morte. Apenas com o tratamento prolongado, muita oração e acompanhamento, eles podem recuperar o equilíbrio mínimo sobre suas faculdades e acabam por retornar ao mundo físico. Sem acompanhamento especializado, eles poderiam passar séculos para sanear as doenças que deveriam ter sido deixadas no corpo físico. Esse aspecto tem relação íntima com o “aprender e crescer com o sofrimento”.

Gostaria de alertar para a prática da eutanásia. Os pacientes cujo ciclo de vida carnal é interrompido pelos familiares acabam desenvolvendo problemas ainda piores após o desencarne, uma vez que o processo de desenvolvimento da enfermidade física é parte da expiação de débitos do companheiro ou é capítulo do livro da vida daquele irmão, constituindo lição que o indivíduo deveria passar. Para aquele que prefere a morte ao sofrimento dos últimos dias e, quase sempre, solicita passar.

Quando interrompemos a vida, eliminamos os breves momentos em que o moribundo teria, com todo o auxílio espiritual, de refazer antigas ideias que precisavam de nova abordagem. Momentos para perdoar e pedir perdão por exemplo. 

Se o próprio paciente solicita a eutanásia, o que ocorre na maioria dos casos, suas condições tornam-se ainda piores após o desencarne, posto que, na condição de suicida, não mais dispõe do corpo físico para separá-lo de seus obsessores e tampouco terá tempo para se recuperar da morte. Aquele que sofre com resignação seus estertores, acaba se preparando melhor para o desencarne e sua recuperação é significativamente mais rápida após a morte física. Todo aquele que aprende com o sofrimento, tem auxílio na eliminação dos vínculos que mantinham o seu perispírito ligado ao corpo moribundo ou já destituído de vitalidade, o que impede a ação de espíritos trevosos e obsessores no processo.

Os familiares deveriam tornar os últimos momentos do portador de enfermidade grave mais proveitosos para ele mesmo, sem dor e envolto em amor familiar. Evitar as crises emotivas, geralmente associadas a sentimentos de culpa pela família. Eu sei o quanto isso pode ser difícil para a família, mas não raro o paciente passa a acusar seus entes queridos de assassinato após a prática da eutanásia.

Participamos da recomposição do corpo espiritual de irmãos que o perderam, convertendo-se em ovoides e realizamos muitas cirurgias espirituais para a remoção de aparelhos parasitas, como vocês os chamam, e demais estruturas, como os próprios ovóides, implantados junto ao perispírito de encarnados e desencarnados por forças que resistem aoprogresso. Companheiros meus também trabalham em centros de auxílio à reencarnação, desenvolvendo moldes para estruturação de novos corpos físicos, para atender às necessidades da genética e do psicossoma do reencarnante.

Não raro, vemos irmãos que ainda manifestam uma extensa gama de doenças físicas que são reflexos de reencarnações há muito esquecidas, mas cujas personalidades desarmônicas, que se revoltam contra o passado do próprio indivíduo ou mesmo contra a nova maneira de agir do desencarnado. Como essas personalidades e sua maneira de agir ficam confinadas em arquivos mentais nos corpos espirituais superiores e mantém sua integridade, a desarmonia pode se manifestar novamente em uma futura reencarnação, gerando diversos problemas afetivos, emocionais e mesmo físicos. Elas seriam fruto de conflitos entre as personalidade individuais que compõem o indivíduo. Até nessa linha trabalhamos em associações com profissionais das mais diversas áreas.”

Logo a seguir, o amigo espiritual foi questionado sobre a natureza das doenças que atingem o perispírito e a transcrevemos aqui a resposta.

“Pergunta: Esses casos de doenças de cunho mental, de natureza infecciosa, neoplásica, de desenvolvimento, entre outras, podem produzir a morte do corpo “perispiritual”? O que seria essa morte?

Ishmael. Claro que podem levar à “morte” do corpo perispiritual, mas não da forma como vocês encaram a morte do corpo físico. O espírito não está, em suas potencialidades, contido dentro de um corpo de matéria. Ele é livre e se apresenta no que chamamos de corpos superiores, como o corpo mental.

O que determina a propagação e danos ao perispírito é a mente que o controla, o corpo mental. O perispírito poderia sofrer profundas lesões e se recompor caso o corpo mental saudável venha a determinar esse destino. Nos irmãos que adentram a vida espiritual através da morte do corpo físico doente e ainda mantém essa condição, a força motriz da doença reside na mente do doente. Nas doenças infecciosas como mencionadas acima, o espírito se fragiliza a tal ponto, em função de suas desarmonias, que os agentes infecciosos se disseminam na estrutura delicada, mas resistente do perispírito. Quanto mais sutilizado, mais resistente se torna o invólucro espiritual.

Com a disseminação dessas doenças infecciosas, por exemplo, o corpo perispiritual vai obedecendo os desejos não declarados do próprio espírito, podendo conduzir ao processo de ovoidização ou perda da estrutura perispiritual. Nesses casos, o corpo mental terá de ser utilizado para a reconstituição do corpo perispiritual do irmão atingido pela doença. Obviamente, esses casos são muito raros nos planos espirituais, mesmo nos umbrais e zonas subcrostais, onde o desejo de viver é uma força importante que mantém a estrutura do perispírito a despeito dos efeitos do ambiente.

Não podemos nos esquecer que o corpo perispiritual é constituído de matéria vibrando em frequência diferente da matéria ordinária que compõe o corpo físico. Assim, ele também sofre os efeitos de todos os fatores que, mais cedo ou mais tarde, acabam atingindo o corpo denso, como o envelhecimento e doenças de todas as naturezas. O pensamento elevado e o amor ao próximo são os principais antídotos para esse estado de coisas. Quem ama tem vida em abundância,bela consideração evangélica.

Para as entidades que vivem em planos mais densos, esse processo é tremendamente acelerado, de forma que, na ausência de reencarnações, o espírito passa a sofrer deformações cada vez mais pronunciadas, até que sua aparência vem a perder totalmente a relação com a que outrora envergara no mundo físico, podendo ser conduzido à perda de forma e função do perispírito, no processo de ovoidização citado acima. Para as entidades que permanecem por milênios em ambientes umbralinos, a transformação gradual gera imagens tenebrosas que povoaram as mentes de muitos povos durante os tempos antigos e na idade das trevas. Os dragões têm conseguido reduzir essas transformações físicas através da manutenção de vontade férrea de sobreviver e manter seu domínio sobre os espíritos e legiões que se mantém distantes do amor divino.

Para os demais, quanto mais livre for o espírito, menos matéria no seu corpo espiritual e menor serão os efeitos da densidade da vida no planeta sobre ele. O corpo mental é plenamente capaz de retardar indefinidamente esse processo degenerativo e manter a estrutura perispiritual por milênios ou mais. Contudo, isso não se compara à eternidade que se coloca diante de um companheiro desencarnado e a reencarnação se torna um imperativo, até para os espíritos bons, mas que não se livraram de seu carma pessoal. Apenas com a condição de angelitude é que o espírito deixa de possuir um corpo mais ou menos material e se torna totalmente imune às influências deletérias do ambiente externo.

Nas esferas felizes, essas transformações não ocorrem porque seus moradores transcendem o fenômeno narrado e estão na condição de irmãos mais velhos que velam pela criação celestial em tempo integral. A simples presença de um desses espíritos em uma comunidade é capaz de mudar a carga energética do lugar, permitindo que muitos males da alma sejam instantaneamente sanados se o espírito doente estiver receptivo e merecedor dessas influências benditas.”

Creio que essa mensagem mostra o quão seriamente deve ser encarada a vida e a morte, bem como as implicações que o viver na Terra podem ter sobre os irmãos que regressam à pátria espiritual. A seriedade com que devemos encarar esses desafios e problemas ficam patentes nas palavras do amigo Ishmael, no mesmo texto acima mencionado, mas falando agora sobre tratamento desobsessivo. Reparem no tom sério e lúcido do irmão, que pede a nossa atenção a essas realidades que nos envolvem.

“Atendimento espiritual não é sessão de demonstração de conhecimento doutrinário, mas sim de educação, carinho e disciplina. Não podemos deixar que o médium sofra desnecessariamente os efeitos das vibrações das entidades comunicantes, mas o “dialogador” deverá mostrar, dentro do razoável e da disponibilidade de tempo, as origens do problema e suas consequências e isso será complementado pela equipe espiritual. Tanto quanto entre vocês, aqui a maior causa de enfermidades do espírito é a falta de noção sobre a vida após a morte. Nunca nos preocupamos com isso na juventude e em grande parte da nossa existência terrena e carregamos para o outro lado todo tipo de ideia viciada sobre o que encontraremos e sobre o que é certo ou errado.”

Autores: Elerson Gaetti e Joseph Gleber
Email: gaettijardim@gmail.com

Fonte:https://espiritismoeconhecimento.wordpress.com/2012/12/04/o-perispirito-e-sua-fisiologia/



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