E.S.E.: Emprego da Fortuna

O homem, sendo o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe depositou nas mãos, severas contas lhe serão pedidas do emprego que lhes dará,em virtude de seu livre-arbítrio.

O mau emprego consiste em utilizá-los somente para a sua satisfação pessoal.

Ao contrário, o emprego é bom sempre que dele resulta algum bem para os outros.

O mérito é proporcional ao sacrifício que para tanto se impõe. A beneficência é apenas um dos modos de empregar a fortuna: ela alivia a miséria atual, aplaca a fome, preserva o frio e dá asilo ao abandonado. Mas um dever igualmente imperioso, igualmente meritório, é o dever de prevenir a miséria.

É essa sobretudo, a missão das fortunas, pela possibilidade de proporcionarem trabalhos de toda a espécie. E mesmo que elas tivessem de tirar um proveito natural, o bem não deixaria de existir, pois o trabalho desenvolve a inteligência e exalta a dignidade do homem, sempre satisfeito de poder dizer que ganhou o seu próprio pão, enquanto a esmola humilha e degrada.

Oh, vós ricos, que a empregardes segundo a vontade do Senhor, vosso próprio coração será o primeiro a beneficiar-se nessa fonte benfazeja, e tereis nesta existência os gozos inefáveis da alma, em vez dos gozos materiais do egoísmo, que deixam o vazio no coração. Vosso nome será bendito sobre a terra, e quando a deixardes, o soberano Senhor vos dirigirá as palavras da parábola dos talentos: “Oh, bom e fiel servo, entra no gozo de vosso Senhor!”

Nessa parábola, o servo que enterrou o dinheiro que lhe havia sido confiado não é a imagem dos avarentos, em cujas mãos a fortuna se torna improdutiva?

Se entretanto, Jesus fala principalmente de esmolas, é que em seu tempo e no país que vivia, ainda não se conheciam os trabalhos que as artes e as indústrias mais tarde criaram, e nos quais a fortuna pode ser empregada utilmente, para benefício geral. 

A todos os que podem dar, pouco ou muito, direi, portanto: daí esmolas quando necessário, mas o quanto possível, convertei-a em salário, a fim de que aquele que a recebe não tenha do que se envergonhar.

Fénelon Alger (1860)



FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo