A Alma após a Morte

"Que sucede à alma no instante da morte?

Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente." (Questão 149, de “ O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec)
Quando nos debruçamos sobre as obras básicas, entendemos a real dimensão do ser humano. Dentre os mistérios da humanidade, sem dúvida o destino de cada um após o que se convencionou chamar de Morte, é o que mais nos intriga. 

O Pentateuco nos ensina que a alma, depois da morte, volta ao plano espiritual de onde veio. A doutrina, didaticamente, coloca a nossa existência corpórea como se estivéssemos em uma universidade, em contínuo aprendizado e, que ao terminar o curso, voltaremos ao campo de trabalho maior, a fim de praticar toda a teoria e os ensinamentos recebidos. Ao contrário das definições que colocam a vida na Terra como castigo ou tormentos, a nossa passagem pela vida terrestre é uma benção de Deus, que nos compete aproveitar como sendo das experiências a mais valiosa.

Os livros, principalmente os ditados por André Luiz, são pródigos em relatos daqueles que desprezaram essa oportunidade no mundo e praticaram toda sorte de equívocos. Os depoimentos apontam para espíritos amargurados, tomados de um arrependimento constrangedor e que imploram pelo retorno à vida na esfera carnal, reconhecendo aqui como uma grande oficina de ajuste moral.

Ao estudarmos a Reencarnação, deparamo-nos com algumas constatações. A primeira, que é sumamente impossível atingir-se um grau de perfeição em apenas uma única existência e, a segunda, em se comparando com a eternidade da alma, que o corpo humano é uma prisão, uma espécie de reformatório, no qual nossas faculdades estão temporariamente oprimidas. Vai depender do nosso esforço, de nossa perseverança no bem, iniciarmos o processo da libertação, na luz do tempo e com as bênçãos de Deus.

Se o Evangelho de Jesus é um código que favorece a iluminação dos nossos sentimentos, a luz não pode atingir quem não se decidir em buscar sua melhoria. Ninguém poderá fazer a nossa parte, e, tal qual Jesus na subida do Gólgota, precisamos superar as barreiras, vencer todos os obstáculos e vivenciar a mensagem que o Mestre nos deixou. 

Mesmo que isso leve um bom número de reencarnações. Olhemos ao nosso redor, existem muito mais oportunidades para se fazer o bem do que o mal. Deus, o Pai Maior, criou tudo o que existe para o nosso bem, esperando como retribuição nosso desejo renovado de buscar conhecimentos no avanço em prol da nossa libertação. Entretanto, são tantas as tentações da porta larga que, muitas vezes, nos perdemos no caminho e nos distanciamos do objetivo.

Confúcio disse “aprenda viver e saberás morrer bem”. Uma sábia verdade, pois estudamos que, no instante da morte a alma volta a ser Espírito, retornando ao estado espiritual, seu lugar de origem, conservando a sua individualidade e seu perispírito, e guardando este o aspecto que tinha na sua última encarnação, já que assim se mentaliza. Na chamada “morte”, o encarnado leva consigo deste mundo apenas as lembranças doces ou amargas, conforme a maneira como se conduziu. Além disso, a sua bagagem é constituída pelos valores morais que conquistou. Ao expor essa verdade de maneira tão clara, a Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. 

A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Os oradores espíritas gostam de referir-se a este tema dizendo que “ergueu-se o véu”. É a realidade. Ao entendermos a pluralidade das existências; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de uma realidade prática. E isso, não foi Kardec quem descobriu; numa concepção engenhosa, foram os próprios Espíritos que vieram descrever a sua situação. Contaram-nos dos vários graus da escala espiritual, todas as fases da felicidade e da desgraça, que eles mesmos assistiram, em suas epopeias de além-túmulo.

Ao aprender o real sentido da resposta à pergunta 149, os espíritas passam a encarar a morte calmamente, pois que não alimentam mais somente a esperança, mas experimentam uma certeza reconfortante: a vida futura é a continuação da vida terrena em melhores condições. Assim, não enxergam a morte como o fim de tudo, mas comparam-na ao nascer do Sol depois de uma noite de tempestade. 

O próprio conceito de família muda, pois passamos a compreender que eles não são almas penadas que nada falam ao pensamento, e sim, seres que existem sob uma forma concreta. O Espiritismo apresenta-se como o Consolador Prometido, quando sinaliza claramente que já não é a esperança que nos guia, mas a certeza. Ele nos faz saber que, apesar de nossos erros e acertos, temos a convicção que estamos no caminho e que não haverá uma condenação eterna e nem a separação dos entes queridos. 

Orlando Ribeiro