Biografia: Joana d’Arc

Joana d’Arc (1412 - 1431)

Joana d'Arc era uma camponesa de Lorena, nascida na pequena aldeia de Domrémy e, a partir dos treze anos, segundo o seu testemunho, começou a ter visões nas quais São Miguel, Santa Catarina (de Alexandria) e Santa Margarida (de Antioquia) lhe apareciam, insistindo para que colaborasse na obra de libertação da França, oprimida pela ocupação dos ingleses e seus aliados borgonheses.


Joana não vacilou em procurar o capitão Baudricourt, que lhe forneceu uma pequena escolta para a viagem a Chinom (onde se encontrava o delfim Carlos, futuro Carlos VII), nem hesitou em vestir-se com roupas masculinas o que sempre foi visto com naturalidade pelos seus companheiros de armas, mas lhe valeu severas críticas dos inimigos, especialmente ingleses. Por estar freqüentemente entre os combatentes franceses, não foram poucas as vezes em que Joana foi chamada de prostituta.

Em 1429 aconteceu a famosa entrevista, onde a donzela reconheceu o delfim entre todos os homens presentes, sem nunca antes ter-lhe visto. Foi então que o convenceu a dar-lhe permissão para participar das operações que visavam levantar o cerco que os ingleses faziam a Orleans, com palavras reveladoras de uma estranha premonição: - "Só viverei pouco mais de um ano. Neste tempo, temos de realizar uma grande obra."

Carlos deu uma armadura de ferro polido a Joana. Esta pediu que, numa capela consagrada a Santa Catarina, se procurasse uma espada que devia ali estar enterrada. Levaram-lha, com efeito, coberta de ferrugem, mas uma vez na sua mão, começou a brilhar como se fosse nova. Depois mandou fazer um estandarte branco debruado a seda e salpicado de flores de lis onde figurava a imagem do Redentor.

Orleans foi libertada e, no mesmo ano de 1429, os companheiros de Joana derrotaram os ingleses na batalha de Patay. Mas a jovem não considerava a sua missão terminada. Ela desejava ver o delfim coroado em Reims, como a tradição impunha, e Paris retomada. A donzela viveu a grande emoção de assistir a coroação do rei, após a longa viagem que o levou até Reims por um trajeto que atravessava, em parte, o território dos inimigos borgonheses. Ele não havia conseguido, porém, entrar em Paris.

A tentativa de retomar a cidade, ainda em 1429, pelo exército francês, havia redundado em fracasso, e o soberano ordenou o retorno dos soldados ao Vale do Loire. Joana nunca se conformou muito com a interrupção das operações militares nem com as tentativas feitas pelos conselheiros reais de negociar a paz com os borgonheses. Assim no ano seguinte, ela seguiu para o norte, a frente de uma pequena tropa, e acabou chegando a Compiéne.

Um dia, ao tentar libertar uma ponte que se encontrava em mãos inimigas, nas redondezas da cidade, foi capturada e entregue a João de Luxemburgo, comandante da tropa borgonhesa. Este cede-a aos ingleses, que a levaram para Rouen e submeteram-na ao julgamento da Igreja. Neste julgamento tendencioso, Joana visivelmente hostil a seus inquisidores, por vezes deixava de responder às perguntas.

A rebeldia de Joana não provinha da formação de seu caráter, mas da firme convicção de que as revelações obtidas através das visões não poderiam ser questionadas, pois prometera silêncio sobre muitas coisas que lhe haviam sido reveladas nas visões. Mas, das 15 sessões a que foi submetida deixou respostas célebres que atordoaram seus verdugos e passaram à história como argumentos iluminados pronunciados por alguém tão jovem e carente de ensinamentos teológicos.

Reconhecida como adversária que dificilmente se dobraria ante a erudição, a corte tentou repetidas vezes fazê-la cair em contradição através de armadilhas verbais e perguntas dúbias. Em uma das sessões, o bispo de Beauvais, Pierre Cauchon, homem astuto e ambicioso, fez-lhe esta pergunta ardilosa tentando confundi-la: "São Miguel te aparece desnudo? Prontamente ela respondeu com uma interrogação tão profunda e sutil que desconcertou seus algozes. - "Pensa que Deus não tem com que vesti-lo?" De outra feita lhe foi perguntado: "Estava ela na graça de Deus?" O ardil tornava-se evidente, dentro dos conceitos da Igreja da época: a resposta afirmativa caracterizaria a presunção e a negativa, o reconhecimento de estar em pecado.

Surpreendendo a corte, Joana respondeu: "Se não estou, que Deus nela me aceite; se estou, que Deus nela me guarde." Em nenhum momento admitiu ter cometido heresias e sempre manteve que tudo quanto tinha feito respondia à vontade divina. Cada pergunta e cada resposta constaram por escrito, o que permite ouvir a sua voz através dos séculos.

Joana foi condenada. Na manhã de 30 de maio raparam-lhe a cabeça, puseram-lhe uma túnica e levaram-na para a praça do mercado de Rouen, que estava apinhada de gente. Depois que Cauchon leu a sentença, puseram-lhe na cabeça uma mitra de papel, onde se lia: "Hereje, Pecadora, Apóstata, Idólatra". Pediu uma cruz e um dos arqueiros ingleses, com dois ramitos, improvisou uma, que Joana levou ao peito, enquanto outro homem corria à igreja em busca de um crucifixo, que ela beijou. Depois, na alta pilha de lenha, as chamas se ergueram e a envolveram. A sua voz chegava até à silenciosa multidão, que escutava, aterrada, as suas preces e gemidos. Por fim, num último grito de agonia de amor, Joana disse: - "Jesus".

Conta-se que um dos soldados, lançando-se entre a multidão gritou: "Estamos perdidos! Queimamos uma santa!" Posteriormente, a Igreja que a condenou e à qual Joana sempre foi fiel, declarou-a inocente. Foi canonizada, finalmente, em 1920, na basílica de São Pedro, em Roma. Cinco séculos atrás, no entanto, houve quem soubesse que no meio deles vivia uma santa.


Fonte: autoresespiritasclassicos.com
 

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