Diabetes: uma abordagem espiritual

Na opinião do médico espírita Júpiter Silveira, a diabetes pode fazer parte da programação reencarnatória do espírito para auxiliá-lo a ter uma vida mais disciplinada. É possível que em encarnação passada ele tenha levado uma vida muito desregrada...

Os pacientes portadores do diabete melito tipo 1 desenvolvem esta doença na infância e na adolescência, como consequência de um ata­que do sistema imunológico às células beta de seu pâncreas.

A doença tem início abrupto, levando o paciente, na maioria dos casos, à internação hospitalar em estado de coma. Após a hospitalização, o paciente e sua família se defrontam com uma série de condutas que incluem dieta, exercícios físicos, aplicações de insulina, exames laboratoriais, testes de urina e sangue, visitas constantes ao médico, entre outras. 

O paciente passa por diversas fases de entendimento e aceitação da doença, mas, após alguns anos, a maioria deles abandona as condutas preconizadas, só retornando a elas quando começam a aparecer as complicações: retinopatia, neuropatia, nefropatia etc.


O estímulo para esses pacientes cumprirem as condutas propos­tas vem geralmente da pressão exercida pela família e pelo endocrinologista, isto é, a conduta lhe é imposta sem sua concordância. Como são espíritos muito inteligentes e sensíveis, mas extremamente indisciplinados, a anuência a essas condutas de­veria ocorrer como consequência de seu entendimento do porquê da doença e do porquê da dor.
Objetivos:

Temos tentado esclarecer o paciente, através de exposições sobre programação reencarnatória, que ele aceitou e/ou solicitou a possi­bilidade do diabete como aprendizado necessário para seu espírito, levando-o à compreensão de que a causa do diabete está nas dificulda­des encontradas pelo espírito bem antes da lesão pancreática.

Com o despertar que o esclarecimento lhe traz, abre-se em sua mente um campo novo de cogitações sobre a vida espiritual, sobre a imortalidade, levando-o a uma visão mais ampla da vida e desaparecen­do a visão puramente organicista. O enfoque do diabete sai do pâncre­as e vai para o espírito.

Na medida em que seu entendimento se amplia e se aprofunda, o paciente se livra das pressões que lhe foram impostas e assume uma postura mais lúcida, mais equilibrada em relação a si mesmo. E isso se traduz através de uma aderência maior ao tratamento. Quantificamos essa aderência pela dosagem periódica da hemoglobina glicosilada, método hoje aceito mundialmente como o melhor para avaliar o controle do diabete.

Material e métodos:

Convidamos, por ordem de chegada à clínica, dez pacientes jovens que não apresentassem complicações diabéticas secundárias, para partici­parem das exposições sobre a programação reencarnatória. Poderiam se fazer acompanhar dos pais.

Perguntamos inicialmente a cada um onde estava dois anos antes de “entrar na barriga” de sua mãe. Como já comentamos, eles são jovens muito inteligentes, acostumados a dar respostas imediatamen­te. Nenhum deles soube responder, exceto um que é espírita. Insistimos com as perguntas: E há três anos? Quatro anos? Cinco anos antes de você entrar na barriga de sua mãe? Quem era você? Onde você estava?

É extremamente curioso constatar que eles nunca tinham sequer cogitado sobre essa época de sua existência. Para eles também, a expe­riência é excitante. Mais tarde, eles comentam: “Eu nunca tinha pensa­do nisso. Como pode”?

Gerada essa expectativa, passamos a discorrer sobre o Instituto da Reencarnação (Missionários da Luz). Informamos sobre o mundo es­piritual, as cidades espirituais, a moradia dos espíritos, a verdadeira pátria espiritual. Entre outras coisas, esclarecemos que ali eles estavam adultos, mais maduros, emancipados, podendo ver as últimas reencarnações e cogi­tar o planejamento das próximas.

Observando as últimas vivências, notaram que tinham falhado pela própria indisciplina, a qual continua sendo o traço marcante negativo de suas personalidades. Também reconheciam a extrema dificuldade em trabalhar as perdas. A indisciplina os tinha levado a falhar na con­quista dos reais objetivos de uma reencarnação e o espírito, com toda sua bagagem, sente-se culpado pelo tempo perdido e pede o diabete como aprendizado, para que possa se disciplinar. Nada mais disciplinador do que o diabete melito: horário para levantar e para deitar, exercícios diários, alimentação na hora certa com as calorias certas, testes de urina, testes de sangue, aplicações de insulina várias vezes ao dia, consultas médicas. Tudo pelo resto da vida. E foi você quem pediu! Os três projetos:

No Projeto Biofísico, em conformidade com a genética dos futuros pais, são mostrados os mí­nimos detalhes físicos, como altura, cor da pele, cor dos olhos, beleza, fealdade e compleição física de seu futuro corpo, em diferentes planilhas para cada um de seus sistemas: neurológico, sistema músculo-esquelético, sistema endócrino etc. Após o mergulho no útero materno e o nascimento, os pais procu­ram dar continuidade a esse projeto, através de alimentação sadia, vitaminas, medicamentos, vacinas, esportes etc.

Pelo Projeto Social, em sua programação reencarnatória também ficou sabendo sobre a família que teria, o acesso à cultura, a escolaridade, a possibilidade de cursar universidade, a profissão, as tarefas na sociedade etc. A continuida­de desse projeto geralmente é assegurada pela família, que se empenha em lhe fornecer recursos para sua educação, instrução e formação profissional, mas quase sempre sob a ótica materialista, acatando as tendências mercantilistas sem analisar as aptidões e necessidades do espírito.

O Projeto Espiritual é o mais importante dos projetos, o motivo principal da reen­carnação, a oportunidade de crescimento espiritual. Por que estamos reencarnados? Para quê? Quais são os objetivos de uma reencarnação? Crescermos fortes e sadios? Atingirmos posições de destaque na sociedade? Só isso?

Não. O objetivo maior é o crescimento espiritual. Desenvolvermos os projetos do espírito que estão abandonados há séculos. Crescermos em conhecimento e capacidade afetiva, vencendo as carências e defei­tos do espírito. Por exemplo, sua indisciplina. Se você se disciplinar, você vence o diabete, do contrário, o diabete vence você.

A disciplina nascida de um entendimento profundo sobre suas dificuldades espirituais dará início ao processo de cura do espírito, a verdadeira cura. Nesse instante, passamos a comentar a lição evangélica da obediên­cia e resignação.
Resultados:

Como já comentamos, os diabéticos tipo 1 são jovens muito inteligentes e sensíveis. Todos entendem e aceitam a proposta com muita naturalidade, ao contrário de seus acompanhantes, que geral­mente não entendem.

Do grupo inicial de dez pacientes, três não puderam assistir às expo­sições por mudanças nos seus horários de trabalho e estudo. Quatro jovens desse grupo solicitaram livros espíritas para se aprofundarem no assunto.

A hemoglobina glicosilada, que foi escolhida por nós como o princi­paI método de avaliação da aderência ao tratamento, mostrou sensível melhora na maioria dos pacientes. Ficou igual em um paciente e piorou em um outro (veja o gráfico).

O tempo de acompanhamento do grupo foi extremamente curto, entretanto, permitiu conclusões definitivas. Com a continuidade do trabalho, é possível fazermos uma avaliação mais segura e abrangente. As exposições não tiveram a intenção de “converter” os pacientes em espíritas, mas sim informá-los sobre a vida espiritual, dando-lhes condições de buscar um novo paradigma de vida.

Somente através da educação o espírito consegue despertar para sua condição de espírito milenar com responsabilidades sobre seus atos passados, abandonando dogmas e velhos conceitos e entendendo que ele é o construtor de seu futuro. Desmistificando o nascimento e a morte como o início e o fim de tudo, desperta para a imortalidade da alma e entende que as dificulda­des do corpo físico servem como um aprendizado para seu espírito, propiciadoras de crescimento e libertação.

Dr. Júpiter Silveira 

Artigo publicado na edição 13 da Revista Cristã de Espiritismo.

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