Depressão: o recado da alma

A visão espírita amplia a definição dada para a depressão, de mero distúrbio fisiológico para as carências e dificuldades do espírito imortal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, os últimos 25 anos do século passado caracterizam-se por elevados índices de depressão e, em 2020, esta será a segunda moléstia que mais roubará tempo de vida útil da população, perdendo apenas para as doenças do coração.


Ela não é apenas um 'baixo astral' passageiro, mas uma profunda tristeza de longa duração, que pode ter seu início até mesmo na infância. Embora a probabilidade de ficar deprimido aumente com a idade, atualmente sua incidência tem sido bastante grande entre os jovens.

Há muito, as ciências comportamentais e a Medicina têm buscado explicações e solução para a depressão. Só no mercado brasileiro, existe imensa variedade de antidepressivos.

E, por desinformação, muitas pessoas chegam a acreditar que tais medicamentos sejam a 'pílula mágica' capaz de fazer o depressivo mudar de infeliz para feliz. No entanto, eles – ao corrigirem uma falha química cerebral que impede a sensação de bem-estar – funcionam apenas como um anestésico para os sentimentos depressivos, já que as causas destes são muito mais complexas e profundas.

Embora a Medicina afirme, baseada em consistentes estudos, que a depressão é um distúrbio fisiológico do cérebro – daí a necessidade de tratamento clínico – o conhecimento espírita amplia este entendimento para as carências e dificuldades do espírito imortal, de vez que a ciência busca justificativas na presente existência, mas o Espiritismo busca e analisa causas mais profundas, com base nas experiências reencarnatórias e evolutivas de cada um e ainda considera a possibilidade de uma negativa influência espiritual sobre a pessoa, denominada obsessão.

Além de validar o tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, a Doutrina proporciona o tratamento espiritual – através das palestras doutrinárias e passes magnéticos – e incentiva o hábito de leituras esclarecedoras e edificantes, para que a pessoa melhor compreenda sua realidade como espírito imortal reencarnado e busque mais eficientemente a elevação de sua auto-estima.

Daniel Goleman, psicólogo norte-americano, em Inteligência Emocional, ao abordar sobre a procura de alternativas contra a depressão, traz duas interessantes dicas, em perfeito acordo com o que postula a Doutrina Espírita:

1.ª dica: "Prestar ajuda a quem necessita. Como a depressão se nutre de preocupações com o ego, ajudar os outros nos tira dessas preocupações, na medida em que entramos em empatia com outras pessoas e seus próprios sofrimentos. Lançar-se no trabalho voluntário, aparece como um dos mais poderosos modificadores de estado de espírito."

2ª dica: "Algumas pessoas saem da melancolia voltando-se para um poder transcendente. A prece, quando se é muito religioso, funciona para todos os estados de espírito, sobretudo a depressão."
Na realidade, todo depressivo é um decepcionado com a vida. Entretanto, o que mais complica sua situação é que ele despreza tudo o que já tem de bom – somente tendo olhos para o que não possui e deseja –, pois desconsidera a validade dos pensamentos de alegria, confiança, satisfação, vitória sobre as dificuldades. Na verdade, a adoção de uma variada gama de pensamentos positivos é que se trata da verdadeira 'pílula mágica' contra a depressão.

Através da Doutrina Espírita, podemos aprender que todos somos responsáveis pelo próprio bem-estar. Mas para isso, é preciso reassumir a capacidade de dirigir a própria vida. Questionar a validade de nossos sofrimentos e buscar alternativas mais eficientes na solução daquilo que é desagradável e triste na nossa vida são atitudes amadurecidas que necessitamos adotar.

A escritora gaúcha Lya Luft, em seu livro Pensar é transgredir, diz que "a vida é uma mesa posta, com venenos mortais, pratos insossos e outros deliciosos. Alguns conscientemente escolhem venenos, achando que viver é sofrer, e ponto final. Outros comem – e vivem – sem sal. Mas há os que, quando podem, pegam as delícias da vida e assim se salvam da areia movediça da depressão. Espero que você não ache que prazer é ruim.

Opte pelo positivo. Queira ser um pouco feliz, entusiasme-se por alguma coisa possível de atingir dentro de suas condições, faça um esforço para se libertar do pessimismo. 

Pensar sempre negativo vira doença, uma osteoporose da alma." (destaque da autora)

A osteoporose, por ser uma perda gradual de cálcio dos ossos, enfraquece-os de tal maneira, que aumenta consideravelmente o risco de fraturas. Assim é a depressão: instalamos em nossa alma um processo de autodestruição que, ao minar nossas forças e fraturar nosso psiquismo, inviabiliza tudo o que já existe de melhor em nós.

A Doutrina Espírita, com sua filosofia extremamente otimista, ensina que a vida nos reserva importantes desafios. Mas, qual a finalidade maior deles?

O Espírito Rosângela, através da psicografia de José Raul Teixeira, esclarece: 

"Em muitas ocasiões, você pensa que a grande tristeza jaz nos momentos em que caprichos e desejos desatendidos remexem sua intimidade, fazendo-lhe sofrer. Porém, a maior tristeza que pode se abater sobre a criatura é o mau aproveitamento das oportunidades que lhe concede o Criador, para evoluir e brilhar.

O pranto de dor se torna progresso, quando você aprende a sorrir, venturoso.

A decepção inesperada se faz progresso quando você se aconselha com a cautela, transformando-se no indivíduo verdadeiramente amadurecido para a vida.

Não se detenha mirando somente o ângulo aparentemente infeliz das circunstâncias em que você se encontre.

O sofrimento guarda sempre um objetivo avançado, o crescimento, a emancipação e o fulgor das almas.

Medite nisso e plasme as alegrias de que carece."

Silvia Helena Visnadi Pessenda, Rio Claro, São Paulo.

 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a sua participação!