Milagres e Curas

Em vários momentos falamos e ouvimos falar de milagres. Provavelmente até já pedimos por ele, principalmente quando acreditamos que a solução estava além das nossas forças. Quando nos julgamos impotentes a tendência é nos apegarmos a Deus e/ou a espiritualidade para pedir por esses milagres, muitas vezes materializados através das curas. Mas o que seriam os milagres e as curas? Consultando o dicionário Aurélio verificamos que milagre é uma ocorrência que produz admiração ou surpresa; um feito ou ocorrência extraordinária, que não se explica pelas leis da natureza. Já a cura é apresentada como ato ou efeito de curar-se; restabelecimento da saúde; Meio de debelar uma doença, tratamento; regeneração, emenda. 

“Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o ser inexplicável, por isso mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto essa a ideia que se lhe associa, que, se um fato milagroso vem a encontrar explicação, se diz que já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. O que, para a Igreja, dá valor aos milagres é, precisamente, a origem sobrenatural deles e a impossibilidade de serem explicados”¹ .

Com o avanço das ciências, sejam elas físicas, naturais ou espirituais, foi possível entender muitos fenômenos e como deixaram de ser uma surpresa extraordinária, deixaram de ser considerados milagres. O maravilhoso encontrou na espiritualidade seu último refúgio, porém ao demonstrar que o elemento espiritual é uma das forças vivas da natureza, o espiritismo mostra que os fenômenos espirituais são efeitos naturais que atuando como força material também estão sujeitos as leis da natureza. Para Kardec, Deus não faz milagres já que suas leis são perfeitas e imutáveis, se algum fato não é compreendido é porque ainda nos faltam os conhecimentos necessários a esse entendimento.

Visando auxiliar a compreensão humana sobre os fenômenos antes tidos como milagrosos, Kardec explica na questão 525 do Livro dos espíritos que Deus permite a influência dos espíritos na vida corporal por pensamento, aconselhamento e até mesmo com ação direta sobre o cumprimento das coisas. Mas os espíritos sempre atuam de acordo com as leis naturais e os encarnados sempre dispõem do livre-arbítrio. 

“Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que se executa com o concurso deles”² .

Sabendo que os espíritos existem e exercem influência sobre nós, devemos ainda lembrar que essa influência é fluídica. 

“O fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas”¹

Consciente de que a cura é possível pelo tratamento fluídico, é fundamental ressaltar o papel do paciente nesse processo. O pensamento do encarnado, assim como do desencarnado, atua sobre os fluidos espirituais do ambiente saneando ou viciando esses fluidos de acordo com a qualidade deles. Divaldo Franco, em entrevista ao Programa do Jô, defende a cura como ato interior e como uma possibilidade energética que todos nós temos e intercambiamos pela irradiação. 

“Não adianta curar-se de um mal de fora e em próximo período adquirir outro mal. (…) A verdadeira cura é interior, se eu me melhoro eu não reflito qualquer enfermidade. Como diz a Organização Mundial de Saúde, não existem doenças, existem doentes, pessoas predispostas a enfermidades” (FRANCO, 2016). 

Problemas, dificuldades e desafios todos têm, eles são convites ao amadurecimento espiritual e moral. A cura é um movimento de reequilíbrio das energias, favorecido pela espiritualidade, muitas vezes com auxílio dos médiuns curadores, mas decorrente principalmente da ação individual de abandono dos pensamentos e ações equivocadas. A cura está intimamente ligada ao encontro do ser humano com o seu próprio eu de amor e com o despertar do espírito para os ensinamentos do Cristo. Pela reforma íntima, o desejo de se melhorar e se transformar pela prática do amor reequilibra os pontos de energia e encontra a saúde. 

Com essas colocações não queremos desestimular a crença nas curas, mas alertar que elas não tem nada de sobrenatural e portanto não correspondem a milagres. A cura depende da determinação, dedicação, transformação e fé. Não uma fé mística, mas uma fé confiante, que favorece os fluidos positivos e paralisa as ações negativas. Como diria Chico Xavier: “Crê em ti mesmo, age e verás resultados. Quando te esforças a vida também se esforça para ajudar”.

Autoria: Juana Feitosa de Aguiar

Bibliografia: ¹KARDEC, Allan. A Gênese. Araras, Instituto de Difusão Espírita, 2008 ²KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Brasília, Federação Espírita Brasileira, 2013

Fonte:https://blogdobrunotavares.wordpress.com/2016/09/21/milagres-e-curas-na-otica-espirita-excelente-artigo-de-juana-feitosa-de-aguiar/

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