Pokémon Go (Antônio Carlos Navarro)

Esta semana a sociedade brasileira foi invadida pela “febre Pokémon Go”.

Para quem não sabe, se é que ainda exista alguém que não saiba, trata-se, basicamente, de um programa computacional para aparelhos celulares, cuja atividade é aprisionar seres virtuais, com pontuação própria para cada ser, visando interação entre jogadores através de batalhas.

O que impressiona é a quantidade de pessoas circulando, a pé ou em veículos, sozinhas ou em grupo, começando por ambientes domésticos, mas avançando aos públicos, com a atenção fixa em seus aparelhos colocados na palma das mãos.

Surpreendentemente, a maioria dos jogadores é composta de adolescentes e adultos, e observa-se com facilidade uma alienação impressionante, que afasta o participante do restante do mundo.

Dentre os “talentos” que recebemos da Divina Providência para colocarmos a nosso serviço, na vida física, para progresso espiritual, podemos destacar o tempo, o convívio social, que começa no lar, e as oportunidades de desenvolvimento moral e intelectual.

A alienação provocada pelo referido jogo impede o aproveitamento das oportunidades de progresso, mantendo-nos no atraso espiritual.

Aproveitando nossas tendências morais, somos incentivados a esses comportamentos por espíritos que intencionam nos atrasar no caminho evolutivo, a partir de nossa própria invigilância espiritual, conforme nos esclarecem os Espíritos Superiores:

“Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?

– A esse respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem.” (1)

Cabe também perguntar:

“Pode o homem se libertar da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?

– Sim, porque apenas se ligam àqueles que os solicitam por seus desejos ou os atraem pelos seus pensamentos.”(2)

Dessa forma, com facilidade os espíritos mal intencionados nos induzem à satisfação de nossas tendências, fazendo-nos perder nosso precioso tempo e oportunidades de crescimento íntimo. Porém, não estamos entregues à própria sorte, porque a solução está em nossas próprias mãos, conforme nos esclarecem os Espíritos Superiores:

“Como se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos?

– Fazendo o bem e colocando toda a confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e anulais o domínio que querem ter sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más paixões…” (3)

Trata-se, portanto, de desenvolvermos a maturidade espiritual, deixando de lado certas atividades que, ao contrário do que pensamos, não se trata de momentos de descanso e descontração.

Paulo de Tarso, o grande Apóstolo dos Gentios, anota algo a respeito:

“Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.” (4)

Ou seja, há, espiritualmente falando, coisas de adultos e coisas infantis em nossos comportamentos, e que é preciso aquilatar isso para estabelecermos o rumo adequado a nossas vidas, com atividades adequadas ao que se espera de nós outros, espíritos em evolução.

Como a “febre do Pokémon Go” é coletiva, podemos entender que a possibilidade da “obsessão coletiva” estar acontecendo, em função da atuação de agrupamentos espirituais organizados para isso, é real, conforme nos ensina Allan Kardec:

“Aquilo que um Espírito pode fazer a uma criatura, vários deles o podem sobre diversas, simultaneamente, e dar à obsessão um caráter epidêmico. Uma nuvem de maus Espíritos pode invadir uma localidade e aí se manifestarem de várias maneiras.” (5)

Não podemos mais perder tempo com o que nos mantém no atraso espiritual.

Temos, por dever, e isso foi assumido por nós mesmos durante nosso planejamento reencarnatório antes de reencarnarmos, darmos o melhor de nós para a convivência familiar e social, com participação ativa, aproveitando o tempo com atividades úteis a nós e ao próximo, e quando tivermos necessidades de descanso que seja somente físico, por que o espírito não se cansa.

As coisas do mundo despertam e prendem nossa atenção e, por isso mesmo é preciso fazer as escolhas certas, abrindo mão do que, aparentemente, é prazeroso, para colhermos, no futuro, frutos espirituais sadios, uma vez que somos criaturas espirituais em uma experiência reencarnatória, e não o contrário.

A respeito das coisas do mundo e das necessidades do espírito, vale a pena relembrarmos uma passagem do Evangelho do Senhor Jesus:

“Ao prosseguirem a jornada, Ele entrou em certa aldeia. E certa mulher, de nome Marta, O hospedou. Ela tinha uma irmã, chamada Maria, que estava sentada aos pés do Senhor, e ouvia a sua palavra. Marta distraia-se em torno de muito serviço. Colocando-se perto, disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois que me ajude! ” Em resposta o Senhor lhe disse: “Marta, Marta, inquieta-te e te agitas a respeito de muitas coisas; Porém é necessária uma. Assim, Maria escolheu a boa parte, e esta não será tirada dela”. (6)

O Senhor não está, evidentemente, nos dizendo para nos afastarmos, deliberadamente, do mundo, mesmo porque temos responsabilidades a cumprir, mas sim para que aproveitemos nosso tempo e oportunidades para o que realmente importa e, como temos nos inquietado por tantas coisas, nem sempre necessárias ao espírito, seria o caso de nos questionarmos:

Temos sido mais “Marta”, ou mais “Maria” em nossas escolhas.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Fonte:http://www.kardecriopreto.com.br/pokemon-go/

Nota Fraterluz: cremos que em qualquer situação, o que precisamos ter é um mínimo de bom senso e discernimento, independentemente de ser um jogo para celular, um esporte, uma relação, qualquer hábito, etc. Ou seja, se algo não nos traz nenhum tipo de progresso ou benefício aparente, mas pelo contrário, nos aliena, nos vicia, nos intoxica, nos prejudica ou nos estaciona na escala evolutiva, deveremos repensar e decidir se não é hora de parar ou pelo menos aprendermos a melhor lidarmos com essas situações que nos surgem na vida.

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