Com um beijo (Emmanuel)

"E logo que chegou, aproximou-se Dele e disse-lhe: 
- Rabi, Rabi. E beijou-O". Marcos, 14:45.

Ninguém pode turvar a fonte doce da afetividade em que todas as criaturas se dessedentam sobre o mundo...

A amizade é a sombra amiga da árvore do amor fraterno. Ao bálsamo de sua suavidade, o tormento das paixões atenua os rigores ásperos.

É pela realidade do amor que todas as forças celestes trabalham...

Com isso, reconhecemos as manifestações de fraternidade como revelações dos traços sublimes da criatura.

Um homem estranho à menor expressão de afeto é um ser profundamente desventurado. Mas, aprendiz algum deve olvidar quanta vigilância é indispensável nesse capítulo!

Jesus, nas horas derradeiras, deixa uma lição aos discípulos do futuro.

Não são os inimigos declarados de Sua Missão Divina que vêm buscá-Lo em Gethsêmani... É um companheiro amado. Não é chamado à angústia da traição com violência. Sente-se envolvido na grande amargura por um beijo. O Senhor conhecia a realidade amarga. Conhecera previamente a defecção de Judas: 

- É assim que me entregas? - falou ao discípulo.

O companheiro frágil perturba-se e treme. E a lição ficou gravada no Evangelho, em silêncio, atravessando os séculos.

É interessante que não se veja um sacerdote do templo, adversário franco de Cristo, afrontando-lhe o olhar sereno ao lado das oliveiras contemplativas. É um amigo que lhe traz o veneno amargo.

Não devemos comentar o quadro, em vista de que, quase todos nós, temos sido frágeis, mais do que Judas, mas não podemos esquecer que o Mestre foi traído com um beijo.

Emmanuel;
Psicografia: Francisco Cândido Xavier;
Do livro: Alma e Luz.


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