L.E.: Desigualdade Social

A desigualdade das condições sociais é uma lei natural?

— Não; é obra do homem e não de Deus.

Essa desigualdade desaparecerá um dia?

Só as leis de Deus são eternas. Não a vês desaparecer pouco a pouco, todos os dias? Essa desigualdade desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando tão somente a desigualdade do mérito. Chegará um dia em que os membros da grande família dos filhos de Deus não mais se olharão como de sangue mais ou menos puro, pois somente o Espírito é mais puro ou menos puro, e isso não depende da posição social.

Que pensar dos que abusam da superioridade de sua posição social para oprimir o fraco em seu proveito?

— Esses merecem o anátema; infelizes deles! Serão oprimidos por sua vez e renascerão numa existência em que sofrerão tudo o que fizeram sofrer. (Ver item 684.)

A igualdade absoluta das riquezas é possível e existiu alguma vez? 

— Não, não é possível. A diversidade das faculdades e dos caracteres se opõe a isso.

Há homens, entretanto, que creem estar nisso o remédio para os males sociais; que pensais a respeito? 

— São sistemáticos ou ambiciosos e invejosos. Não compreendem que a igualdade seria logo rompida pela própria força das coisas. Combatei o egoísmo, pois essa é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras. 

Se a igualdade das riquezas não é possível, acontece o mesmo com o bem-estar?

— Não; mas o bem-estar é relativo e cada um poderia gozá-lo, se todos se entendessem bem… Porque o verdadeiro bem-estar consiste no emprego do tempo de acordo com a vontade, e não em trabalhos pelos quais não se tem nenhum gosto. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. O equilíbrio existe em tudo e é o homem quem o perturba(1).

É possível que todos se entendam?

— Os homens se entenderão quando praticarem a lei da justiça.

Há pessoas que caem nas privações e na miséria por sua própria culpa; a sociedade pode ser responsabilizada por isso?

— Sim, já o dissemos, ela é sempre a causa primeira dessas faltas; pois não lhe cabe velar pela educação moral de seus membros? É frequentemente a má educação que falseia o critério dessas pessoas, em lugar de aniquilar-lhes as tendências perniciosas. (Ver item 685.)

(1) No mundo de hoje, este problema já vem provocando tentativas de solução. Trata-se do aproveitamento das vocações, cujo desperdício sistemático acarreta perdas consideráveis à economia social e profundo desequilíbrio na estrutura das sociedades (N. do T.) 

Livro dos Espíritos 
Allan Kardec 


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