A Supremacia da Espiritualidade (Sadhaka Natha)

Não ajunteis para vós tesouros na terra onde a traça e a ferrugem os consomem e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (Mateus 6:19-21)

O ser humano possui a capacidade de crescer física e psiquicamente, emocional e intelectualmente, e também espiritualmente. Destas, a última suplanta todas as outras. Uma vida sem espiritualidade torna-se uma vida vazia, depois que a mente, madura, já não encontra satisfação em suas próprias distrações. O mundo não se sustenta sobre si mesmo. Não existe Verdade do pensamento para baixo. Quando desabam os valores mundanos resta apenas o tesouro espiritual que criamos. Aqueles nos abandonam, este nos ampara.

Os bens da Terra e os bens da mente são como lâmpadas apagadas; a espiritualidade é a corrente elétrica que atravessa os filamentos e origina a luz que incandesce tudo. A força espiritual traz Luz, traz Vida e traz Verdade; anima e vivifica os inertes valores mentais e inframentais. Pela presença espiritual o que não possui vida repentinamente vive. O que não possui valor torna-se precioso e raro. O sofrimento se dissolve pela presença espiritual.

Uma vida sem espiritualidade é como a casca de uma cigarra agarrada ao tronco de uma árvore: uma perfeita aparência, mas completamente vazia. Vê-se a forma, mas não existe o conteúdo. Por mais belo que seja o delineamento, sem a essência espiritual não passará de um esboço ilusório, um molde ressecado e inane.

O mesmo se dá com os bens mentais, o culto ao físico, a entrega às paixões e a sobrevalorização do intelecto. De que serve o mais alto cargo político, o mais elevado grau científico, a superior capacidade de oratória, sem o conteúdo espiritual? De que adianta todo o conhecimento filosófico, a genialidade das minorias, a condução religiosa, sem a luz da espiritualidade? De que adianta prever o futuro, lembrar-se das vidas passadas ou mover-se através dos planos mentais da consciência, sem o discernimento espiritual? São falsos tesouros que se supervalorizam pela atuação do ego e pela carência do bem espiritual.

A presença espiritual revela quão ilusórios são os problemas a que damos tanta importância. Ela atenua o sofrimento pelas perdas; desmistifica a falsa complexidade do mundo; revela a ilusão dos objetos da ambição. Quando tudo o mais nos abandona, quando tudo desaba, Deus permanece, a espiritualidade resiste. E com Ele, Sua paz. E com ela, a persistência. Quando se vão a força do corpo, a chama das paixões e o império do intelecto, o espírito sobrevive e suporta o ser. Nada abala aquele que se guia pelo discernimento espiritual, pois este saberá a diferença entre o real e o ilusório.

Pode ser perdedouro passar pela Terra sem ter adentrado um caminho espiritual, uma senda de autoconhecimento e de busca pela Consciência. Sem isso nosso cotidiano pode se tornar uma seqüência de atos repetitivos dos quais estamos sempre buscando nos livrar; sempre realizando uma tarefa enquanto pensamos em outra.

Sob a Luz espiritual o coração se estabelece: quando caminhamos, apenas caminhamos; quando comemos, apenas comemos. E sobre cada ato depositamos todo o nosso ser e realizamos cada tarefa como se fosse única e preciosa. Percebemos, então, que não existe diferença entre plantar uma semente e comandar uma nação. Toda ação é valiosa quando executada com devoção. Essa postura extrapola para cada pequeno ato que realizamos durante nosso dia-a-dia.

O prisma da espiritualidade traduz todo o cinzento do mundo em um arco-íris de cores e vida. A experiencia espiritual transforma, vivifica, ampara, discerne, desvela e inspira o rascunho humano a querer se tornar a verdadeira essência que ele sempre foi, a essência divina. De todos os bens que pode possuir o ser humano, o bem espiritual é aquele de mais valia, pois é o que traz sentido à vida e permite que sigamos em paz através das nossas existências.

Autoria: Sadhaka Natha

Fonte:http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=4100



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