Um breve estudo sobre Maria, Mãe de Jesus, na visão Espírita

Todas as religiões cristãs reverenciam, com extremo carinho e profunda gratidão, a figura ímpar de Maria de Nazaré, a sublime mãe de Jesus.

No Espiritismo doutrina que se assenta em bases científicas, filosóficas e religiosas, sendo que, nesta última, como Cristianismo redivivo, caracteriza o Consolador prometido por Jesus – também aprendemos a reconhecer em Maria uma Entidade muito evoluída, que já havia conquistado, há 2000 anos, elevadas virtudes, tornando-se apta a desempenhar na crosta terrestre tão elevada missão, recebendo em seus braços o Emissário de Deus que se fez menino para se transformar “no modelo da perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra”(1).

Além do que se conhece nas antigas tradições religiosas, especialmente no Novo Testamento, encontramos na literatura espírita outros importantes dados biográficos da Maria, que vieram até nós por via mediúnica, naturalmente extraídos de arquivos fidedignos do Mundo Espiritual, revelando-nos que Ela continua até hoje zelando com muito carinho pela Humanidade terrestre, encarnada e desencarnada.

PREPARATIVOS E INÍCIO DA MISSÃO

Conta-nos Emmanuel que, precedendo a vinda de Jesus , entidades angélicas se movimentaram, tomando vastas e importantes providencias no Plano Espiritual.

Escolhem-se os instrutores os precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade única registra-se, então, nas esferas mais próximas do planeta (...).

Com a chegada do Mestre “a manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora de Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes (...). 

Debalde os escritores materialistas de todos os tempos vulgarizaram o grande acontecimento, ironizando os altos fenômenos mediúnicos que o precederam. As figuras de Simão, Ana, Isabel, João Batista, José, bem como a personalidade sublimada de Maria, têm sido muitas vezes objeto de observações injustas e maliciosas, mas a realidade é que somente com o concurso daqueles mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença e vida , poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da verdade inabalável(2)

PRIMEIROS TEMPOS. O DRAMA DO CALVÁRIO E AS MUDANÇAS PARA ÉFESO.

O Espírito de Humberto de Campos narra, num de seus livros, a importante visita que Isabel e seu filho João Batista fizeram ao lar de Jesus, em Nazaré, propiciando oportuno encontro entre as duas crianças que revolucionariam o Mundo.

O diálogo entre as duas primas é muito significativo, revelando-se perfeitamente preparadas para a sublime tarefa, como veremos neste pequeno trecho:

“- o que me espanta – dizia Isabel com carinhoso sorriso – é o temperamento de João, dado às mais fundas meditações, apesar da sua pouca idade.

(...) – Essas crianças, a meu ver – respondeu-lhe Maria, intensificando o brilho suave de seus olhos – trazem para a humanidade a luz divina de um caminho novo. Meu filho também é assim, envolvendo-me o coração numa atmosfera de incessantes cuidados. Por vezes, vou encontrá-lo a sós, junto das águas, e, de outras, em conversações profundas com os viajantes que demandam a Samaria ou as aldeias mais distantes, nas adjacências do lago. Quase sempre, surpreendo-lhe a palavra caridosa que dirige às lavadeiras, aos transeuntes, aos mendigos sofredores. Fala de sua comunhão com Deus com uma eloquência que nunca encontrei nas observações dos nossos doutores e, constantemente, ando a cismar, em relação ao seu destino.”

Nesse mesmo livro, Humberto de Campos dedica o derradeiro capítulo a Maria, descrevendo a suas impressões íntimas diante do filho crucificado, a sua curta estadia em Batanéa, a mudança, com João Evangelista, para Éfeso, onde “estabeleceriam um pouso e refúgio aos desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os espíritos de boa vontade e, como mãe e filho, iniciaria uma nova era de amor, na comunidade universal”.

De fato, “a casa de João, ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de assembleias adoráveis (…).

Maria externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento, enquanto o apóstolo comentava as verdades evangélicas, apreciando os ensinos recebidos. E não foi só. Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sítio singelo e generoso(…).

Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de Casa da Santíssima(...).

Eram velhos trôpegos e desenganados do mundo, que lhe vinham ouvir as palavras confortadoras e afetuosas, enfermos que invocavam a sua proteção, mães infortunadas que pediam a benção de seu carinho ( 3 ).

OUTROS TRABALHOS NO MAIS ALÉM

Em belíssima e comovente poesia, intitulada “Retrato de Mãe”, Maria Dolores descreve a assistência maternal e efetiva prestada pelo Espírito de Maria a Judas, que se encontrava em região umbralina, cego e solitário, muito tempo depois da crucificação do Mestre.

No final do diálogo com o discípulo suicida, em grande sofrimento, preso a terrível remorso, a benfeitora convence-o argumentando com profundo amor:

“Amo-te, filho meu, amo-te e quero Ver-te, de novo, a vida Maravilhosamente revestida de paz e luz, de fé e elevação...

Virás comigo à Terra,

Perderás, pouco a pouco, o ânimo violento,

Terás o coração

Nas águas de bendito esquecimento

Numa nova existência de esperança,

Levar-te-ei comigo

A remansoso abrigo,

Dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!

E Judas, neste instante,

Como quem olvidasse a própria dor gigante

Ou como quem se desgarra

De pesadelo atroz,

Perguntou: – quem sois vós

Que me falais assim, sabendo-me traidor?

Sois divina mulher, irradiando amor

ou anjo celestial de quem pressinto a luz?

No entanto, ela a fitá-lo, frente a frente,

Respondeu simplesmente:

– Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus”(6)
___

No livro mediúnico Memórias de um Suicida inteiramo-nos da notável e completa assistência aos suicidas em profundo sofrimento no Além, pela Legião dos Servos de Maria, “chefiada pelo grande Espírito Maria de Nazaré, ser angélico e sublime que na Terra mereceu a missão honrosa de seguir, com solicitudes maternais. Aquele que foi o redentor dos homens!”

Um setor muito importante da assistência aos suicidas é a Cidade Universitária, que abriga as entidades com alta do Departamento Hospitalar e, naturalmente, aptas para frequenta-la. O diretor dessa Cidade, Irmão Sóstenes ao receber um novo grupo de aprendizes, assim explicou-lhes a sua origem: “Maria, sob o beneplácito de seu Augusto Filho, ordenou sua criação para que vos fosse proporcionada ocasião de preparativos honrosos para a reabilitação indispensável. Encontrareis no seu amor de mãe sustentáculo sublime para venceres o negror dos erros que vos afastaram das pegadas do Grande Mestre a quem deveis antes amor e obediência! Espero que sabereis compreender com inteligência as vossas próprias necessidades…”

Em outro passo da obra , um Mentor esclarece: ”Geralmente, porém, os avisos e as ordens vêm do Mais Alto, de lá, onde pira a assistência magnânima da piedosa Mãe da Humanidade, a governadora de nossa Legião. Se as entidades em apreço não pertencem à sua tutela direta de Guardiã, poderá o Guardião da falange ou da legião a que pertencerem implementar o seu favor em prol dos transviados, seu amoroso concurso para o alvo a ser colimado, porquanto a existe fraterna solidariedade entre as várias agremiações do Universo Sideral, infinitamente mais perfeitas que as existentes entre as nações físico-terrenas(…).

No entanto, se a outro eminente Espírito for dirigida súplica, será esta encaminhada a Maria e seguir-se-ão as mesma providências, pois, como vimos afirmando, é Maria a sublime acolhedora dos réprobos que se arrojaram aos temerosos abismo da morte voluntária… Tudo isso, porém não quererá certamente dizer que nossa excelsa Diretora precisará esperar súplicas s pedidos de quem quer que seja a fim de tomar suas caridosas providências! Ao contrário, essas foram perenemente tomadas, com a manutenção dos postos de observação e socorro especiais para suicidas;”

Ao apresentar o destacado educador Aníbal aos novos alunos, irmão Sóstenes prestou-lhes importante informação nestes termos:”(…).

É que Aníbal presto-lhes vinha sendo, para isso, preparado desde eras afastadas!(…).

Até que um dia glorioso para seu espírito de servo fiel e amoroso, ordem direta desceu das altas esferas de luz, como graça concedida por tantos séculos de abnegação e amor “- Vai, Aníbal, e dá dos teus labores à Legião de Minha Mãe com Meus ensinamentos, que tanto prezas os que mais destituídos de luzes e de forças encontrares, confiados aos teus cuidados.

…Pensa, de preferência, naqueles cujas mentes hão desfalecido sob as penalidades do suicídio… Entreguei-os, de há muito, à direção de Minha Mãe, porque só a inspiração maternal será bastante caridosa para erguê-los para Deus!…

LUCAS RECEBE INFORMAÇÕES DE MARIA PARA FUNDAMENTAR O SEU EVANGELHO

Segundo narrativa de Emmanuel , o Apóstolo Paulo, ao visitar Éfeso, atendendo insistentes chamados de João, para promover a fundação definitiva da igreja cristã naquela cidade “com delicadeza extrema, visitou a Mãe de Jesus na sua casinha singela, que dava para o mar. Impressionou-se fortemente com a humildade daquela criatura simples e amorosa, que mais se assemelhava a um anjo vestido de mulher. Paulo de Tarso interessou-se pelas suas narrativas carinhosas, a respeito da noite do nascimento do Mestre, gravou no íntimo suas divinas impressões e prometeu voltar na primeira oportunidade, a fim de recolher os dados indispensáveis ao Evangelho que pretendia escrever para os cristãos do futuro. Maria colocou-se à sua disposição, com grande alegria”.

Numa próxima viagem , a caminho da Palestina pela última vez, Paulo de Tarso também passou, rapidamente, por Éfeso e “a própria Maria, avançada em anos, acorrera de longe em companhia de João e outros discípulos, para levar uma palavra de amor ao paladino intimorato do Evangelho de seu Filho”.

E mais tarde, quando o Apóstolo dos gentios esteve preso, por dois anos, em Cesareia, aproveitou esse período para manter relações constantes com as suas igreja. “A esse tempo, o ex-doutor de Jerusalém chamou a atenção de Lucas para o seu velho projeto de escrever uma biografia de Jesus, valendo-se das informações de Maria, lamentou não poder ir a Éfeso, incumbindo-se desse trabalho, que reputava de capital importância para os adeptos do Cristianismo. O médico amigo satisfez-lhe integralmente o desejo, legando à posteridade o precioso relato da vida do mestre, rico de luzes e esperanças divinas. (5)

RETRATO DE MARIA

Algum tempo tomamos conhecimento de um novo quadro de Maria, a Mãe de Jesus, divulgado num programa da TV Record, de São Paulo, com a presença de Francisco Cândido Xavier. Procuramos esse médium amigo para colher dele maiores esclarecimentos sobre a origem do mesmo.

Contou-nos, então, Chico Xavier, no final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, na noite de 1º de dezembro de 1984, que com vistas às homenagens do Dia das Mães de 1984, o Espírito de Emmanuel ditou, por ele, um retrato falado de Maria de Nazaré ao fotógrafo Vicente Avela, de São Paulo. Esse trabalho artístico foi sendo realizado aos poucos, desde meados de 1983, com retoques sucessivos realizados pela grande habilidade de Vicente, em mais de vinte contatos com o médium mineiro, na Capital paulista.

Em nossa rápida entrevista, Chico frisou que a fisionomia de Maria assim retratada, revela tal qual Ela é conhecida quando de Suas visitas às esferas espirituais mais próximas e perturbadas da crosta terrestre; como por exemplo, disse-nos ele, na Legião dos Servos de Maria, grande instituição de amparo aos suicidas descrita detalhadamente no livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvonne A. Pereira.

E, ao final do diálogo fraterno, atendendo nosso pedido , Chico forneceu-nos o endereço do fotógrafo-artista, para que pudéssemos entrevistá-lo oportunamente, podendo assim registrar mais algum detalhe do belo trabalho realizado.

De fato, meses após essa entrevista , tivemos o prazer de conhecer o Sr. Vicente Avela, em seu próprio ateliê, há 30 anos localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, 343, 2 º andar, na Capital paulista, onde nos recebeu atenciosamente.

Confirmando as informações do médium de Uberaba ele apenas destacou que, de fato, não houve pintura e sim um trabalho basicamente fotográfico, fruto de retoques sucessivos num retrato falado inicial, tudo sob a orientação mediúnica de Chico Xavier.

Quando o Sr. Vicente Concluiu a tarefa, com a arte final em pequena foto branco-e-preto, ele a ampliou bastante e coloriu-a com tinta a óleo trabalho em que é perito, com experiência adquirida na época em que não havia filmes coloridos e as fotos em preto-e-branco eram coloridas a mão), dando origem à tela que foi divulgada.

Nesse encontro fraterno, também conhecemos o lindo quadro original à vista em parede de seu escritório , e ao despedirmo-nos, reconhecidos pela atenção, o parabenizamos por esse árduo e excelente trabalho, representando mais uma NOTÍCIA da vida espiritual de Maria de Nazaré, que continua amparando com imenso amor maternal a Humanidade inteira.

BIBLIOGRAFIA

1- Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos 26 ed. trad. Salvador gentile ide , 1985 q 625,

2- Xavier, Francisco Cândido, Espírito Emmanuel – A caminho da Luz 13 ed. , FEB, 1985 cap11-12 p.104-106, 

3 – Xavier, F.C. Esp. Humberto de Campos – Boa Nova 15 ed. ed. FEB, 1984, cap. 2 p. 20-21 e cap,30,p201-202,

4- Idem cap. 30 , p 208, 

5-Xavier, F.C. Esp. Emmanuel -Paulo e Estevão 21 ed. FEB, 1984, p. 433-434, 451e482,

6- Xavier, F.C. Espíritos Diversos – Momentos de Ouro 1 ed. GEEM, 1977, cap. 3,

7- Pereira, Ivone A. – Memórias de um Suicida . 12 ed. , FEB, 1985, p 57, 221-222, 416 e 427-428,

8- Xavier , F.C. Espírito André Luiz – Ação e Reação, 10 ed. FEB, 1985, cap. 11 p 158.

Texto extraído do Anuário Espírita de 1986

Nº 23 – Órgão do IDE – Instituto de Difusão Espírita

Autor : Hércio M. C. Arantes


A DESENCARNAÇÃO E SEU PRIMEIRO TRABALHO NO MUNDO MAIOR

Elevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte.

– Minha mãe – exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho – venho fazer-te companhia e receber a tua benção.

Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. 

Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. 

Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? 

Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. 

Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e caridosa? 

Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia? 

Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade.

Foi quando o hospede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor:

– Minha mãe, vem aos meus braços...

A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando aquela alma eleita se elevou da Terra, onde quantas vezes chorava de júbilo, de saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado que certamente a esperaria, com boas-vindas, no seu reino de amor; mas, extensas multidões de entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação.

Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo, desejou rever a Galileia com os seus sítios preferidos. Bastou a manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. 

Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só agora, observava do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus contornos suaves, apresentava a forma de uma alaúde. 

Lembrou-se, então, de que naquele instrumento da Natureza Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor, em homenagem a Deus e à humanidade. 

Aquelas águas mansas, filhas do Jordão maravilhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico evangélico.

Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras, à espera das caridades definitivas do Reino de Deus. 

Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulso as multidões espirituais que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e monumentos que lhe provocavam assombro. 

Os mármores mais ricos esplendiam nas magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar, exibindo pedrarias e peles, sustentados por misérrimos escravos. 

Mais alguns momentos seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros nos escuros calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilino, onde centenas de rostos amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados sentiram no coração um consolo desconhecido.

Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembleia de torturados pela injustiça do mundo. 

Espalhou a claridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes.

Eram anciãos que confiavam no Cristo, mulheres que por ele haviam desprezado o conforto do lar jovens depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o coração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhe nos espíritos abatidos uma lembrança perene. 

Que possuía para lhes dar? 

Mas Jesus ensinara que com ele todo o jugo é suave e todo o fardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força de alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido:

_ Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!

Convertamos as nossas dores da Terra em alegria para o Céu.

A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos estáticos, contemplado o firmamento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus em que traduzia sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. 

Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.

Logo a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres, desde este dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave lembrança de nossa Mãe Santíssima.

Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cânticos nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais de fazer no coração um brando silêncio, para que a rosa Mística de Nazaré espalhe aí o seu perfume!
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Quando da visita de estudos sobre a lei de causa e efeito ao templo da “Mansão Paz”, importante instituto de reajuste localizado nas regiões inferiores, os Espíritos André Luiz e Hilário colheram valiosas observações.

Ao analisar o caso de uma veneranda senhora que orava fervorosamente, invocando a proteção de Mãe Santíssima pelos filhos transviados, receberam do instrutor Silas a seguinte elucidação: 

“_ Isso, contudo, não significa que a prece esteja sendo respondida por ela mesma. Petições semelhantes a esta elevam-se a planos superiores e aí são acolhidas pelos emissários da Virgem de Nazaré, a fim de serem examinadas e atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria.

Humberto de Campos
Do livro: Boa Nova

Fonte:http://chico-xavier.com/2011/05/06/noticias-de-maria-santissima/



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