É necessário que o escândalo venha, disse Jesus.
Vivemos um momento na humanidade onde o escândalo se estende por todas as camadas sociais, culturais, religiosas e políticas do planeta. Isso nos leva a entender, segundo Jesus, que em nosso tempo o escândalo continua sendo um mal necessário. Até quando?
Antes de cogitarmos alcançar a devida resposta, vamos analisar o que significa a palavra escândalo.
Kardec no Evangelho Segundo o Espiritismo cap. VIII item 12, esclarece: No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão frequentemente empregada, é sempre mais geral e, por isso, não se lhe compreende a acepção em certos casos. Não é mais somente o que ofende a consciência de outrem, é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições dos homens, toda reação má de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussão. O escândalo nesse caso, é o resultado efetivo do mal moral.
Realmente, as guerras, os crimes, a corrupção e as crises são o resultado do mal moral.
A crise que ora estamos vivendo, não é uma crise natural, nem econômica ou política, é uma profunda crise moral abrangendo quase todos os setores da manifestação humana.
Nações ditas de primeiro mundo, a pretexto de defenderem os direitos humanos invadem a soberania alheia e matam a esmo! E o pior, com a aprovação da maioria dos conterrâneos.
Políticos no poder, esvaziam os cofres públicos em negociatas inconfessáveis promovendo a fome e a miséria.
As artes que deveriam traduzir a beleza e a cultura, declinam para o burlesco luxuriante.
Nas academias e nas escolas primárias a cultura se esvazia de conteúdo.
Nas religiões, Jesus, cujo modelo deveria estar orientando o comportamento humano; é a mercadoria mais vendida neste século, nos balcões da fé.
Apesar de tudo, esse quadro por mais terrível que possa nos parecer, compõem um sistema educacional infalível, oferecendo rico material didático principalmente para àqueles que já descobriram a vida na sua natureza mais profunda e passaram a enxergar com os olhos do espírito.
Na condição de alunos matriculados na escola da vida, assim como nas escolas acadêmicas, devemos entender que existe um tempo para que se esgotem as matérias e sejamos aprovados ou reprovados nos exames finais a fim fazermos jus ou não ao título que almejamos alcançar.
Com certeza as matérias necessárias ao nosso aprendizado na Terra ainda não se esgotaram, portanto, não podemos dispor do material didático necessário para o nosso aprimoramento, isso quer dizer que teremos que conviver ainda por algum tempo com os escândalos e as crises do mundo.
Nesse contexto, aqueles que em outras encarnações contribuíram para que viessem os escândalos mais diversos, sofrem no presente o medo e a insegurança que outrora impuseram a outrem em suas atitudes menos digna.
O importante nessas crises, é que vivemos provas valiosas e necessárias afim de reavaliarmos os nossos conceitos, nossos ideais e objetivos, além de resgatarmos nossos débitos vivendo a sublime oportunidade de experimentarmos o outro lado da moeda.
Kardec, no cap. VIII item 14 do Evangelho Segundo o Espiritismo, confirma: É necessário que o escândalo venha, disse Jesus, porque estando os homens em expiação sobre a Terra, punem a si mesmos pelo contato com seus vícios, dos quais são as primeiras vítimas, acabando por compreender seus inconvenientes. Quando estiverem cansados de sofrer no mal, procurarão o remédio no bem. A reação desses vícios serve, pois, ao mesmo tempo de castigo para uns e de provas para outros; é assim que Deus faz emergir o bem do mal...
Na verdade, para quem já visualizou os amplos horizontes do espírito eterno, fica fácil compreender que na verdade não existe o mal propriamente dito, tudo a nossa volta é valioso material didático nos proporcionando a valiosa oportunidade de aprender e crescer na direção da verdadeira felicidade que tanto desejamos. Diante desse fato, não devemos ficar tristes com o mal que por ventura nos ameaça a paz, mas sim com o mal que as vezes praticamos inadvertidamente, este sim, poderá destruir realmente a nossa paz!
As religiões, preocupadas com o momento, buscam introduzir novidades atrativas para os seus fiéis afim de mantê-los presos aos seus conceitos, com isso, acabam oferecendo em seus templos exatamente o que os homens querem e não o que eles precisam. A pretexto de distrai-los do sofrimento, promovem uma fuga conveniente da verdade. Estão agradando o mundo e não à Deus, exatamente como afirmou Paulo.
A nós espíritas uma coisa é certa, pelo conhecimento que adquirimos, a importância do instante que vivemos não nos permite ficarmos teorizando e gastar a cota de tempo que o Senhor nos confiou, desperdiçando-a para agradar o mundo sob o risco de nos tornarmos os mordomos infiéis da riqueza que o Espiritismo representa para o espírito humano.
É hora de esvaziarmos os castelos da vaidade construídos em nome da fé. Deixemos os fariseus com a grandeza dos seus templos e busquemos as oficinas de trabalho, onde a prioridade é a renovação da alma humana. Convocados de última hora, pesa em nossos ombros a responsabilidade de uma participação maior na transformação da humanidade.
De posse das claridades eternas, nossos exemplos terão que falar mais alto ao coração humano do que as nossas palavras, libertos do “fermento dos fariseus” nossas obras terão que ser maiores que os nossos templos.
Distante dos círculos de teorias infindáveis, o Evangelho à luz do Consolador deverá consolidar-se em práticas edificantes. A simplicidade na aplicação dos recursos que o Senhor nos confiou, deverá abrir estradas de acesso à luz, para os irmãos da retaguarda; a fidelidade à Jesus e Kardec, deverá garantir a segurança na realização das nossas tarefas.
O estudo contínuo e perseverante sem o ranço acadêmico, deverá nortear o rumo das nossas atividades formando consciências para o apostolado do bem. A mediunidade disciplinada e esclarecida em sintonia com os planos superiores, deverá se constituir em patrimônio de luz a serviço da humanidade!
Autor: Nelson Moraes
Fonte:http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_osbeneficiosdascrisesedosescandalos.htm
(Artigo publicado na Revista Visão Espírita n. 14)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos a sua participação!