Ser o que se é - A Inveja (Hammed)

Invejar o outro é reconhecer ou declarar abertamente ser inferior a ele. A inveja evidencia a mediocridade; o invejoso não suporta os atributos, condições e qualidades alheias. 

Há inúmeras expressões metafóricas utilizadas quando nos referimos a esse sentimento: roer-se de inveja, a inveja dói, contaminado pela febre da inveja, cego de inveja, a inveja queima ou envenena. Socialmente, existem muitas "rãs" que se arrebentam de inveja. 

A inveja não está necessariamente associada a um objeto. Sua característica principal é a comparação desfavorável do status de uma pessoa em relação à outra. O invejoso sempre acha que o culpado pelo seu negativo estado de espírito é o sucesso do outro, e nunca ele mesmo. 

É necessário apreciarmos o que somos. Quando sentimos inveja, supervalorizamos a figura do outro e subestimamos tudo que temos e conquistamos. É preciso ser o que se é. Nem colocarmos as criaturas num pedestal, nem nos rebaixarmos à condição de capachos. 

Devemos ficar atentos à sensação de inveja, porque ela nos indica uma vocação inconsciente, um desejo reprimido. 

A criatura invejosa ignora seu potencial, priorizando o crescimento alheio no lugar do próprio crescimento. Invejar não é somente querer ter o que o outro possui; é também tentar impedir que ele não tenha aquilo que conquistou. 

A literatura psicanalítica diz que o sentimento de inferioridade existente na intimidade do invejoso é uma manifestação de conflito entre o "eu real" e o "eu ideal", entre o que a criatura é e o que ela gostaria de ser; entre o que a criatura faz ou sente e o que ela pensa que deveria fazer ou sentir. 

Inveja é uma tendência de privar o outro daquilo que lhe dá prazer. É querer destruir em outrem o que ele tem de bom porque nós não temos igual. 

Podemos transformar a inveja em admiração. É muito benéfico e útil a nós mesmos essa mudança. Em vez de cobiçarmos o outro pelo que ele é, tentemos encará-lo como uma meta ou padrão a ser seguido. 

No complexo de inferioridade, há um reconhecimento de fraqueza e inadequação, pois as pessoas que se sentem inferiores geralmente partem para uma busca inglória, uma postura competitiva interminável. Tentam eliminar esses sentimentos desagradáveis mostrando superioridade, sem medir esforços ou custos emocionais. 

"O mundo está cheio de pessoas insatisfeitas. Todo burguês quer construir um palácio. Qualquer principezinho tem embaixadores. Todo marquês quer ter pajens como o rei os tem. " 

Certas "rãs" na vida social, por sentimento de inferioridade, quase sempre reagem diante do mundo exterior com atitudes de superioridade, acreditando serem "prima-donas" ou, no mínimo, pessoas portadoras dos melhores critérios de avaliação. 

A inveja tende a produzir em nós a rebeldia. Pode ser entendida como um inconformismo à lei natural, como uma suposição falsa sobre nossa condição pessoal, como a impressão infundada de nos considerarmos "seres muito especiais", em vez de percebermos que podemos e devemos compartilhar com todos a diversidade existencial. É essa compreensão que nos proporcionará bons relacionamentos, sensação de completude e bem-estar.

CONCEITOS-CHAVE: 

A - ACEITAÇÃO 

Aceitação não é adaptar-se a um modo conformista e triste de como tudo vem acontecendo, nem suportar e permitir qualquer tipo de desrespeito à nossa pessoa; antes, é ter a habilidade necessária para admitir realidades, avaliar acontecimentos e promover mudanças ( ... )." (do livro "Renovando Atitudes", pág. 133, ditado por Hammed - Boa Nova Editora) 

B - COMPLEXO DE INFERIORIDADE 

A raiz do complexo de inferioridade é o vazio existencial que sentimos quando não somos aceitos pelos outros. Por isso, damos a mãos alheias o poder de decidir nossos caminhos e renunciamos inconscientemente à nossa capacidade natural de conduzir a própria vida. 

C - REBELDIA 

O rebelde está insatisfeito com o status quo e, por não saber como mudar o mundo íntimo, quer a todo custo mudar o mundo externo. Rebeldia sem direção, na melhor das hipóteses, é energia desperdiçada; na pior, pode tornar-se uma força autodestrutiva e socialmente perigosa. 

MORAL DA HISTÓRIA 

Muitas vezes, esquecemo-nos de que a fonte para suprir as nossas necessidades está em nós, não nos outros. Cada criatura possui em si um continente de potenciais por descobrir. 

Feliz daquele que age como um desbravador da própria alma. Todo ser vivo tem suas peculiaridades; aceitá-las é prova de sabedoria. Nós somos absolutamente sós no mundo. 

Construímos e prosseguimos de modo contínuo, elaborando a cada nova encarnação um capítulo do livro de nossa existência. Só temos como referência as próprias experiências, ou seja, o acúmulo de nossos conhecimentos do presente e do pretérito. 

Na verdade, nós não podemos copiar do outro uma forma certa de viver, porque somente temos a nós como bússola. Tudo o que fazemos, falamos e pensamos está revestido de nossas interpretações, clareadas sob o ponto de vista das vivências pessoais. Cada vida é única e extraordinariamente incomparável. 

REFLEXÕES: 

"( ... ) Haverá maiores tormentos que aqueles causados pela inveja e o ciúme? 

Para o invejoso e o ciumento não há repouso; estão perpetuamente em febre; o que eles não têm e o que os outros possuem lhes causam insônia; os sucessos dos seus rivais lhes dão vertigem ( ... )." (ESE, cap. V, item 23, Boa Nova Editora) 

"O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos." (Provérbios, 14:30.) 

"NOSSA INVEJA DURA SEMPRE MAIS QUE A FELICIDADE DAQUELES QUE INVEJAMOS." - LA ROCHEFOUCAULD 


HAMMED 




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