Como nos libertamos (Herculano Pires)

Jesus nos mandou a orar e vigiar. Pela prece sincera elevamos o nosso teor vibratório a planos superiores. Mas se não estivermos vigilantes, essa própria tentativa de elevação excitará o nosso orgulho e estufara a nossa vaidade. 

Começaremos a julgar-nos superiores aos outros. O fermento velho fará levedar a massa do nosso egocentrismo. Só a vigilância íntima, esse se precaver do perigo que caracteriza uma consciência desperta, nos garante a libertação. Deixemos de lado as pretensões da reforma íntima e tratemos de nos colocar em vigilância íntima.

Quem vigia não esconde a cabeça na areia e pode perceber todos os perigos. Vigiar é manter o espírito alerta, atento a tudo que se passa dentro e fora de nós. 

A vigilância do homem do mundo o torna senhor das circunstâncias, ativo e eficiente na rotina mundana. Mas a vigilância do homem no mundo é o despertar da consciência para o seu próprio destino. Um espírita vigilante e que sabe orar adquire uma apólice de seguro contra as mistificações de fora e a falsificação de si mesmo.

Não precisamos de fórmulas, de amuletos, de voz melíflua nem de gestos em câmara lenta para sermos realmente espíritas. Precisamos somente de três coisas: conhecimento doutrinário, oração e vigilância. 

Os que dizem que não precisamos de oração revelam desconhecer os princípios doutrinários. São homens do mundo que misturam alhos com bugalhos. Pensam que estar no mundo é ser do mundo. 

A demonstração desse estado de confusão tira-lhes toda a autoridade para falarem sobre problemas espíritas. O Espiritismo é uma doutrina exigente. Ou o compreendemos em sua plenitude ou nada entendemos a seu respeito.

O espírita se liberta do mundo vivendo no mundo com liberdade. Basta referir a Deus tudo o que faz, tudo fazer com a clara consciência de que está no mundo como o estudante em sua escola, preparando-se para concluir o curso e voltar à casa paterna com seu dever rigorosamente cumprido.

J. Herculano Pires

Fonte: www.fundacaoherculanopires.org.br


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