Sobre a espiritualidade humana (Khalil Gibran)

O homem julga-se o próprio Deus, não há limites, não há contentamento, sua alma possui uma sede infinita – ele não busca a paz nem a igualdade, mas a disputa e a diferenciação.

Os edifícios poderiam ter dez andares, para que o espaço fosse mais bem ocupado e todas as pessoas pudessem morar... 

os carros poderiam ter a mesma potência e cor, para que as pessoas pudessem se locomover com mais facilidade e segurança... 

as igrejas poderiam ter os mesmos símbolos e rituais, para que a espiritualidade fosse o principal motivo da missa...

entretanto, na prática, os edifícios são muito maiores do que deveriam e mesmo assim ainda tem gente na rua... 

os carros em nada se parecem e são mais um instrumento de status pessoal do que um meio de transporte...

as igrejas não se comunicam entre si e se preocupam mais com a formalidade do que com o ensinamento. 

O que pensar? 

“Passaram-se os séculos. 

As pegadas de cada geração destruíram as pegadas das gerações anteriores. 

Os deuses antigos abandonaram o país. Outros deuses lhes sucederam. 

Os majestosos templos da cidade do Sol foram demolidos. 

Os belos palácios converteram-se em pó. 

Os jardins verdejantes secaram. 

Os campos férteis se transformaram em deserto. 

Subsistiram apenas as ruínas gigantescas, como sombras do glorioso passado” (p.31-32).

O homem possui inteligência, mas não possui sabedoria.


[GIBRAN, Khalil Gibran. As Ninfas do Vale. Editora Associação Cultural Internacional Gibran, RJ, 1976]




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