Entenda como os espíritos obsessores sugam a energia vital de encarnados, desencadeando o aparecimento de algumas enfermidades.
A simbiose prejudicial é conhecida
como parasitose mental. Esse processo é tão antigo como o próprio homem.
Após a morte, os espíritos continuam a disputar afeição e riquezas com
os que permanecem na carne ou arruam empreitadas de vingança e violência
contra eles.
Na parasitose mental temos o vampirismo.
Por esse processo, os desencarnados sugam a vitalidade dos encarnados,
podendo determinar nos hospedeiros doenças das mais variadas e até mesmo
a morte prematura. Para o mundo espiritual, “vampiro é toda entidade
ociosa que se vale indebitamente das possibilidades alheias e, em se
tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer
que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que
encontrem guarida no estojo de carne dos homens”.
O médico desencarnado Dias da Cruz
lembra que “toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária,
ociosa ou inerte que se rende às sugestões inferiores que a exploram
sem defensiva”. E explica a técnica utilizada pelos espíritos
vampirizadores, situando-a nos processos de hipnose. Por ação do
hipnotizador, o fluido magnético derrama-se no campo mental do paciente
voluntário, que lhe obedece o comando. Uma vez neutralizada a vontade do
sujeito, as células nervosas estarão subjugadas à invasão dessa força.
Os desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente,
utilizam esse processo na cultura do vampirismo.
Justapõem-se à aura das
criaturas que lhes oferecem passividade, sugando-lhes as energias,
tomam conta de suas zonas motoras e sensoriais, inclusive os centros
cerebrais (linguagem e sensibilidade, memória e percepção), dominando-as
à maneira do artista que controla as teclas de um piano. Criam, assim,
doenças fantasmas de todos os tipos, mas causam também degeneração dos
tecidos orgânicos, estabelecendo a instalação de doenças reais que
persistem até a morte. Entre essas doenças, Dias da Cruz afirma que
“podemos encontrar desde a neurastenia até a loucura complexa e do
distúrbio gástrico à raríssima afemia estudada por Broca”.
Relaciona ainda outras moléstias: “pelo ímã do pensamento doentio e
descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de
entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à
ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou
malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a
vida moral. Através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar
para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como são as
psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência,
desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos
patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”.
Em Nos Domínios da Mediunidade, André
Luiz se refere a um caso interessante de um homem desencarnado e uma
mulher encarnada que vivem em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da
emanação um do outro. Ela busca ajuda na sessão do trabalho
desobsessivo realizado por um centro espírita e, com o concurso de
entidades abnegadas, consegue o afastamento momentâneo do espírito
obsessor. Bastou, porém, que o espírito fosse retirado para que ela o
fosse procurar, reclamando sua presença. Há muitos casos em que o
encarnado julga querer o reajustamento, porém, no íntimo, alimenta-se
dos fluidos doentios do companheiro desencarnado e se apega a ele
instintivamente.
Em Obreiros da Vida Eterna, André
Luiz descreve cenas de vampirismo em uma enfermaria de hospital.
“Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande
viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, infligindo-lhes
padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem
como atormentando-os e perseguindo-os”, afirma. E confessa que os
quadros lhe traziam grande mal-estar.
Vampirismo com repercussões orgânicas
Na possessão, temos um grau mais
avançado de atuação do espírito obsessor, constrangendo de forma quase
absoluta a ação do obsediado. Kardec a compreendeu como “uma
substituição, posto que parcial, de um espírito errante a um encarnado”.
Como se trata de um grau mais avançado de vampirismo, as patologias
orgânicas estão sempre presentes.
Dentro desse item de vampirismo com
repercussões orgânicas, destacamos os casos de epilepsia e obsessão,
como por exemplo no livro Nos Domínios da Mediunidade, caso Pedro.
Analisando essa casuística, constatamos que a possessão tem
características e mecanismos diversos. No caso Pedro-Camilo, instalou-se
ao longo de 20 anos sob a atuação de um único obsessor. Durante esse
período, o quimismo espiritual ou a fisiologia do perispírito se
desequilibrou e, consequentemente, desencadeou distúrbios orgânicos,
entre os quais a ameaça de amolecimento cerebral.
No caso Margarida, estabeleceu-se
mais efetivamente em dez dias, com organização técnica competente e
atuação de uma falange composta de, aproximadamente, 60 obsessores,
entre os quais dois hipnotizadores e dezenas de parasitas ovoides,
decretando a falência orgânica quase total em virtude do controle do
sistema endócrino, da pressão sanguínea e de funções importantes da
economia orgânica.
Infecções fluídicas
Da mesma maneira como existem infecções orgânicas, acontecem também as fluídicas, resultantes do desequilíbrio mental.
O instrutor Aniceto, em conversa com
André Luiz, argumenta que “se temos a nuvem de bactérias produzidas pelo
corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente
enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das
criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos
como almas”.
Os homens não têm preparo quase
nenhum para a vida espiritual. Em geral, não têm á mínima ideia de que
“a cólera, a intemperança, os desvarios do sexo e as viciações de vários
matizes formam criações inferiores que afetam profundamente a vida
íntima”.
E cada uma dessas viciações da
personalidade produz as larvas mentais que lhe são consequentes,
contaminando o meio ambiente onde quer que o responsável pela sua
produção circule ou estagie. Elas não têm forma esférica, nem são do
tipo bastonete, como as bactérias biológicas, mas formam colônias densas
e terríveis. E tal qual acontece no plano físico, o contágio também
pode se verificar na esfera psíquica.
Na condição de parasitismo mental, as larvas servem de alimento habitual, porque são portadoras de vigoroso magnetismo animal.
Para nutrir-se desse alimento,
bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância ainda
encarnados como erva daninha aos galhos das árvores e sugar-lhes a
substância vital.
Substâncias para dominar o pensamento
Dentro do estudo a que nos propomos,
temos de considerar também a produção dos espíritos inferiores
desencarnados. As “substâncias” destrutivas produzidas dentro do
quimismo que lhes é próprio atingem os pontos vulneráveis de suas
vítimas. Esses produtos, conhecidos como simpatinas e aglutininas
mentais, têm a propriedade de modificar a essência do pensamento dos
encarnados, que vertem contínuos dos fulcros energéticos dó tálamo, no
diencéfalo. Esse ajuste entre desencarnados e encarnados é feito
automaticamente, em absoluto primitivismo nas linhas da natureza. Os
obsessores tomam conta dos neurônios do hipotálamo, “acentuando a
dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal,
controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam
para o governo das excitações e produzindo nas suas vítimas, quando
contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas,
mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático”.
Temos aí um intrincado processo de
vampirismo, que leva as vítimas ao medo, à guerra nervosa,
alterando-lhes a mente e o corpo. É possível compreender, assim, os
casos de possessos relatados nos Evangelhos, que se curaram de doenças
físicas quando os espíritos inferiores que os subjugavam foram retirados
pela ação curadora de nosso mestre Jesus ou dos apóstolos.
Por enquanto, os médicos estão às
voltas com a extensa variedade de microorganismos patogênicos que devem
combater diuturnamente. Mas, no futuro, “a medicina da alma absorverá a
medicina do corpo. Poderemos, na atualidade da Terra, fornecer tratamento ao
organismo de carne. Semelhante tarefa dignifica a missão do consolo, da
instrução e do alivio, mas no que concerne à cura real, somos forçados a
reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-espírito”.
Marlene Rossi Severino Nobre;
Fonte: Associação Médico-Espírita do Brasil.
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