O Espiritismo como instrumento da Revelação Divina frente à Regeneração

“Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a Lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obras do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.”

(Item 7, Cap. I, O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, 124ª edição, FEB)

O Evangelho de Jesus é o coroamento da obra da evolução que se processa no planeta Terra, interessando a todos os corações que habitam o Orbe, tendo em vista o seu conteúdo de sabedoria e amor inexcedíveis, exemplificados pelo Mestre e Senhor, o guia e modelo da Humanidade.

Para conceber algo de sua excelsitude, já que encerra todas as virtudes filhas do amor santificado e puro, podemos analisar sinteticamente as fases de desenvolvimento da Família Humana, desde tempos imemoriais, que assinalaram, logo após a formação elementar do Planeta, o início da jornada consciencial dos seres pensantes, então primitivos (Gênesis, 1:26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra.”)

Desde o seu princípio, o “instinto de conservação”, que é uma lei universal (questão 702, O Livro dos Espíritos), induz os seres vivos ao cumprimento dos desígnios da Providência: “(…) Por isso que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles o sentem instintivamente, sem disso se aperceberem.” (Questão 703, O Livro dos Espíritos).

Na história de nossa evolução, dentro dessa busca da Luz Divina, instintiva e depois intuitiva, conforme o desenvolvimento do campo mental do indivíduo, passamos por fases que expressam nossa religiosidade ou reverência ao Divino, à Fonte Criadora (Questões 614 e 619, O Livro dos Espíritos):

- Litolatria (adoração das pedras e congêneres)

- Fitolatria (adoração ao reino Vegetal)

- Zoolatria (adoração ao reino animal)

- Antropomorfismo (humanização de Deus)

- Politeísmo e Monoteísmo (redefinições conceptuais de Deus)

E o aprimoramento das percepções humanas, com evidente desenvolvimento do campo mental intrínseco, dota a criatura de valores morais, conforme as lúcidas definições da obra espírita: “A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal.” (Questão 629, O Livro dos Espíritos); “o bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário.” (Questão 630, O Livro dos Espíritos); “Pode dizer-se que o mal é ausência do bem, como o frio é a ausência do calor (…)” (Item 8, cap. III, A Gênese).

Com base nestas informações objetivas e lógicas, compreende-se o dilema encerrado na figura de Caim após o assassinato de seu irmão Abel, quando a consciência (Questão 621, O Livro dos Espíritos) elabora em bases de progresso moral já alcançado as sentenças condenatórias no texto exarado com profunda sabedoria: “Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a possa ser perdoada.” (Genesis, 4:13)

O despertamento mental promove a conscientização do ser como alma, como Espírito: “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.” (Questão 76, O Livro dos Espíritos); “Que seria ela (a alma), se não a conservasse (após a morte do corpo)? (Questão 150 e 150a, O Livro dos Espíritos). E é nessa condição de despertamento, que se processa durante a fase de “expiações e provas” dos mundos como a Terra (Item 5, cap. III, A Gênese) que a busca pelo melhor dispõe os seres ao estudo dAquele que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”, suprema referência de conduta e realização para seus irmãos em luta redentora (Questão 625, O Livro dos Espíritos).

Mas os textos dos Evangelhos retêm infinitamente mais valores morais do que aqueles que uma leitura superficial ou mesmo as conveniências teológicas dos homens estabelecem para os crentes. Reconhecendo isso, o Codificador Allan Kardec explicita: “Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo, como já o puderam reconhecer os que o têm estudado seriamente e como todos, mais tarde, ainda melhor o reconhecerão. (…) Essa a razão por que, ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro, projeta luz não menos viva sobre os mistérios do passado” (Introdução, O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec).

Desse modo, o “estudo interpretativo dos Evangelhos” reponta como a mais lúcida e proveitosa experiência moral dos seres que habitam o Planeta e que, através dos milênios, evoluem em busca da Consciência Cósmica, em Deus, o Criador e Pai.

Não foi por outro motivo que o benfeitor Emmanuel, desdobrando, à luz do Espiritismo, os conteúdos ainda desconhecidos dos Textos Sagrados, afirma em uma de suas obras:

“O Evangelho é o Sol da Imortalidade que o Espiritismo reflete, com sabedoria, para a atualidade do mundo.

Brilhe a vossa luz! – proclama o Mestre.

Procuremos brilhar! – repetimos nós.”

(Introdução, “Brilhe vossa luz”, Vinha de Luz, Emmanuel, Francisco C. Xavier)

Wagner Gomes da Paixão
4 de julho de 2013


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a sua participação!