AVC espiritual?

Mais um dia de trabalho para o Joaquim, no Hospital central onde é psiquiatra. O dia chuvoso trouxe-lhe poucos doentes. Entretanto, foi chamado para ver um doente que tinha entrado nas urgências com um AVC (acidente vascular cerebral).

Perguntava-se ele: “para um psiquiatra?“

Habituado às idiossincrasias diárias da vida de um médico psiquiatra, que praticamente já vira de tudo, lá disse à auxiliar que, podia mandar entrar o doente com o AVC, mas que aquele assunto não era da sua especialidade.

A enfermeira e a auxiliar insistiam que aquele AVC era “diferente”, pois tinha sido visto pelos médicos da urgência e, o doente não tinha nada, e quando é assim… manda-se para o psiquiatra!

Joaquim contava as horas para sair do serviço, e regressar ao aconchego do lar, revendo os familiares.

O doente lá entrou e, depois de examinar atentamente o registo do doente, de facto, aparentemente o doente não tinha qualquer patologia, pensava Joaquim. No entanto, o mesmo aparentava todos os sinais de um AVC.

Um familiar que o acompanhava, disse que o doente costumava ter umas situações “esquisitas”, “sabe Dr. parece daquelas coisas, que se fala por aí…”

Joaquim perguntou que coisas: “aquelas coisas de médiuns….”, já ouviu falar? Ás vezes dá-lhe estas coisas, sabe, Sr. Dr….?!!!!”

Hummm….” Foi a resposta discreta do médico.

De repente, fez-se-lhe luz.

Joaquim, além de médico, psiquiatra, era um entendido e estudioso da mediunidade (percepção extra-sensorial) e da doutrina espírita (ou espiritismo), e as coisas começaram a compor-se no seu “puzzle” mental.

Joaquim apercebeu-se que o doente apenas era um médium deseducado, sem conhecimento da faculdade que possuía (o sexto sentido ou mediunidade) e daí os achaques e as doenças-fantasma.

Joaquim, apercebendo-se pela sua sensibilidade espiritual, da presença de um ser já falecido junto do doente, começou a falar com o ser falecido (embora o doente e o familiar pensassem que o médico falava com o doente) e, foi mentalmente pedindo ajuda espiritual para aquele ser que teria falecido com um AVC, e cujos sintomas o doente, médium sem saber, captava telepaticamente.

Os médicos, precisam urgentemente de conhecer o espiritismo e a mediunidade, 
para melhor poderem entender o ser humano, na sua condição de 
espírito imortal, temporariamente num corpo carnal.

Passados uns 10 minutos de evangelização e apelo à confiança em Deus, o doente foi recuperando a lucidez, até voltar ao “normal”, enquanto o falecido com um AVC era recolhido pelos amigos espirituais do médico (guias ou anjos da guarda).

Joaquim, informou o doente que estava tudo bem e, que podia ir para casa, que não se preocupasse e, pese o alívio do mesmo, o seu familiar não se conformava: “Mas, óh, Sr. doutor, não lhe vai receitar nada?”

Joaquim, habituado à psicologia do quotidiano ripostou: “olhe, a srª acredita naquelas coisas, que falou há pouco?”

“Acredito sim, sr. Dr.”

Então pegue no seu familiar e leve-o a um centro espírita, na localidade X, que lá ele pode ser ajudado, pois o caso dele não é físico mas espiritual”.

O sorriso da esposa do doente (como que dando a entender, até que enfim que alguém me entende), foi o melhor pagamento que o médico poderia ter naquela noite chuvosa.

E enquanto o doente e a esposa se despediam no meio de mil agradecimentos, Joaquim, médico, psiquiatra, espírita desde pequeno, ficava a meditar em quanto sofrimento haverá por esse mundo fora, com pessoas, cuja doença é apenas serem portadoras de uma faculdade espiritual (mediunidade, sexto-sentido ou percepção extra-sensorial) que os psiquiatras que não conhecem o espiritismo, rapidamente etiquetam de psicóticos e encaminham para um internamento desnecessário.

Naquela noite, Joaquim tinha tratado o seu primeiro “AVC espiritual”, pensava ele, sorridente e, agradecendo a Deus a oportunidade de ser útil àquele ser humano.

Estamos em crer que, um dia, os currículos de medicina contemplarão as faculdades espirituais do ser humano, a fim de não serem catalogadas como patologias.

Que venha depressa esse tempo…

José Lucas



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