Manifesto FEB em favor das religiões Afro-brasileiras e contra a intolerância religiosa

"Queridos Irmãos FRATERLUZ, vamos unir nossas energias de Amor e Luz, em favor de todos os nossos irmãos das religiões Afro-brasileiras, em especial as do Candomblé e da Umbanda, que no momento atual vêm sofrendo os mais variados ataques e preconceitos de toda ordem por parte de alguns segmentos sociais."

Leia o manifesto FEB, abaixo:
Fonte:http://www.febnet.org.br/blog/geral/conheca-a-feb/manifesto-da-feb-sobre-decisao-judicial-sobre-religioes-de-matriz-africana/

O manifesto é em solidariedade aos praticantes e simpatizantes dos movimentos de Umbanda, Candomblé e similares, pela ocasião da discussão judicial sobre a utilidade pública e as características religiosas desses praticantes.

Em resposta a uma ação do Ministério Público Federal (MPF), que pedia a retirada do YouTube de vídeos de cultos evangélicos tidos como intolerantes e preconceituosos contra candomblé e umbanda, entre outras práticas religiosas afro-brasileiras,  a Justiça Federal do Rio de Janeiro decidiu que tais crenças não devem ser consideradas religiões. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) contra a decisão.

Em sua sentença, o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, afirma que “ambas manifestações de religiosidade não contêm os traços necessários de uma religião a saber, um texto base (corão, bíblia etc), com ausência de estrutura hierárquica e ausência de um Deus a ser venerado”.

No entanto, Cristina Wissenbach, professora de História da África na Universidade de São Paulo, discorda da avaliação do magistrado. “São religiões porque são conjuntos de crenças, rituais e divindades em torno das quais se congregam devotos”, afirma. “A umbanda e o candomblé são constituídas no processo de diáspora dos africanos escravizados trazidos ao Brasil e congregados em torno de crenças e divindades de matrizes africana.” 

Para a professora, os preconceitos por trás da decisão são históricos. “Fazem parte de uma tentativa de silenciar e obliterar o universo religioso e a cosmogonia de grande parcela da população, sobretudo dos egressos da escravidão e dos afrodescendentes. Fazem parte do racismo que existe na sociedade”, analisa. “A resolução reflete forças obscuras e ultra conservadoras da sociedade brasileira. É inadmissível nos sujeitarmos às campanhas de setores evangélicos obscurantistas”.

Contestações

No recurso, o MPF afirma que a “referida decisão causa perplexidade. Não apenas porque negou a liminar, mas também porque o juiz da causa arvorou-se ao dizer o que é e o que não pode ser considerado religião”. Portanto, mesmo deixando claro que “não caberá ao Ministério Público Federal, doravante, esforçar-se para dizer o que é e o que não pode ser considerado sagrado”, são citados aspectos que caracterizam crenças afro-brasileiras como religiões. 

“[As crenças] possuem liturgias, corpos com alguma estrutura sacerdotal organizada hierarquicamente, cerimônias, altares, fiéis, ritos, templos (embora via de regra sem suntuosidade, muitos sobre o chão de terra batida, o que em hipótese alguma lhes retira o caráter sagrado) e, essencialmente, a fé em divindades que são cultuadas (adoradas e veneradas, como queira), não obstante possam destoar do padrão hegemônico das religiões majoritárias que a decisão pretende usar como paradigma para restringir o seu alcance”, contesta o MPF.

Revogação

O caso não se encerrou por aí e a Justiça então reconsidera a antiga decisão fazendo o reconhecimento do caráter religioso dos cultos afro-descendentes, conforme vemos na matéria do Jornal O Globo ("Juiz volta atrás e agora considera candomblé e umbanda como religiões").

Umbandistas na escadaria da ALERJ Luiz Ackermann (16.05.14)

Fonte:http://espiritismoemmovimento.blogspot.com.br/2014/05/manifesto-da-feb-sobre-decisao-justica.html

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