Como língua internacional neutra, o Esperanto não é patrimônio exclusivo de ninguém. Pelo contrário, é patrimônio comum da humanidade, sendo utilizado como meio de propagação de muitas filosofias, religiões e ideologias políticas.
Grande afinidade encontram no Esperanto as ideias de caráter universalista, como a Doutrina Espírita. Dezenas de obras espíritas já estão vertidas para o Esperanto, entre elas as Obras Básicas da Codificação e muitos dos livros psicografados por Chico Xavier. Através do Esperanto essas obras têm chegado a países cujas línguas nacionais nos são totalmente estranhas e incompreensíveis.
Na literatura espírita deparamo-nos frequentemente com referências ao Esperanto. Em Memórias de um Suicida, o autor espiritual fala da existência de uma universidade de Esperanto no além; Bezerra de Menezes narra, em A Tragédia de Santa Maria, a história de uma jovem e de um rapaz que se conheceram através do Esperanto; e nas páginas de Esperanto Como Revelação (Esperanto Kiel Revelacio) nos é mostrada a outra face da língua internacional e do seu criador, ainda desconhecida da maioria dos homens. Nesse livro, Francisco Valdomiro Lorenz, o notável poliglota e espiritualista, nos fala, através da mediunidade de Chico Xavier, das origens do Esperanto ainda na pátria espiritual, da missão de Zamenhof, seu genial criador, e do futuro glorioso destinado, na história da humanidade, à língua "dos que esperam".
Grande afinidade encontram no Esperanto as ideias de caráter universalista, como a Doutrina Espírita. Dezenas de obras espíritas já estão vertidas para o Esperanto, entre elas as Obras Básicas da Codificação e muitos dos livros psicografados por Chico Xavier. Através do Esperanto essas obras têm chegado a países cujas línguas nacionais nos são totalmente estranhas e incompreensíveis.
Na literatura espírita deparamo-nos frequentemente com referências ao Esperanto. Em Memórias de um Suicida, o autor espiritual fala da existência de uma universidade de Esperanto no além; Bezerra de Menezes narra, em A Tragédia de Santa Maria, a história de uma jovem e de um rapaz que se conheceram através do Esperanto; e nas páginas de Esperanto Como Revelação (Esperanto Kiel Revelacio) nos é mostrada a outra face da língua internacional e do seu criador, ainda desconhecida da maioria dos homens. Nesse livro, Francisco Valdomiro Lorenz, o notável poliglota e espiritualista, nos fala, através da mediunidade de Chico Xavier, das origens do Esperanto ainda na pátria espiritual, da missão de Zamenhof, seu genial criador, e do futuro glorioso destinado, na história da humanidade, à língua "dos que esperam".
José Mauro Progiante
- o O o -
Um fato facilmente observável é o apreço que o movimento espírita dedica a
língua internacional criada pelo Dr. Zamenhof. No Brasil, por exemplo, qualquer
pesquisador poderá constatar que entre os espíritas poucos são os que nunca
ouviram falar do Esperanto, e também poderá constatar a existência de um grande
número de espíritas que se dedicam ao seu estudo e divulgação. Por estas terras,
esperantistas e espíritas tem cooperado por quase todo este século.
Grupos espíritas por todo o Brasil mantém cursos regulares de Esperanto, seu
principal órgão Federativo no país - a Federação Espírita Brasileira - é também
uma das mais ativas editoras de livros em Esperanto do mundo, contando com um
acervo de livros impressionante nesta língua. Se encontram traduzidas não só as
obras básicas da codificação espírita como também muitos outros títulos,
principalmente da obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier.
Para os espíritas nada seria mais natural do que utilizar o Esperanto como
ferramenta de comunicação entre os povos, se um órgão de representatividade
internacional dentro do movimento, como a CEI, resolvesse adotar a lingvo
internacia como sua língua oficial, nenhum espanto causaria.
Constatada tal ligação entre a Doutrina e a língua designada para ser
instrumento de fraternidade entre os povos, fica-se curioso em saber qual é a
história que os liga, quais os eventos que aproximaram os adeptos da doutrina
espírita da língua neutra. Como isso ocorreu ?
Procurando informações a respeito, recorremos a amigos
espíritas-esperantistas, como o Sr. Arlindo da Associação Paulista de Esperanto,
que nos indicou diversas fontes de informações a respeito do idioma e de sua
história. Também recorremos a artigos da Revista Reformador (FEB), e
recentemente recebemos uma indicação interessante do colega Paulo Cardoso,
participante do GEAE e que está trabalhando conosco na ideia de um boletim GEAE
em Esperanto, sobre o artigo da Revue Spirite citado logo a seguir.
A cooperação entre o Espiritismo e o Esperanto inicia-se efetivamente antes
da existência do próprio Esperanto. A Doutrina Espírita trazendo novas
informações sobre os velhos problemas do ser, do destino e da dor, retomou com
vigor o espírito de fraternidade cristã, incentivando a solidariedade humana
acima das barreiras geográficas, raciais ou de qualquer outra espécie. O
mandamento "Fora da Caridade não há salvação" não conhece complementação que
separe os destinatários da caridade por local de nascimento, idioma natal ou
filiação ideológica. A lógica interna da doutrina, a realização plena dos ideais
propostos a seus adeptos, leva necessariamente ao desejo de comunicação simples
e eficiente entre si. Também do "Espíritas Instruí-vos" é quase consequência a
imperiosa necessidade de comunicação; comunicação de fatos, de análises, de
conclusões, enfim o intercâmbio de ideias.
Assim na Revue Spirite de novembro de 1862, quase vinte anos antes da obra "Lingvo
Internacia, Antau^parolo kaj Plena Lernolibro" do D-ro Esperanto, o espírito
Erasto, em uma comunicação dedicada ao surgimento da linguagem dada na
"Sociedade de Estudos Espíritas de Paris" através do médium Sr. D'Ambel,
declara:
"Uma vez que os homens primitivos, ajudados pelos missionários do Eterno,
emprestaram a certos sons especiais outras tantas ideias especiais, foi criada a
língua falada; e as modificações por ela sofridas mais tarde o foram sempre em
razão do progresso humano. Consequentemente, conforme a riqueza da língua,
pode-se estabelecer-se facilmente o grau de civilização do povo que a fala. O
que posso acrescentar é que a humanidade marcha para uma língua única, como
consequência forçada de uma comunidade de ideias em moral, em política e,
sobretudo, em religião.
Tal será a obra da filosofia nova, o Espiritismo, que hoje ensinamos." (trad.
de Julio Abreu Filho, EDICEL)
Na sequência dos fatos, encontramos entre os primeiros adeptos do Esperanto
um espírita Checo que viria a tornar-se posteriormente famoso no Brasil,
Francisco Valdomiro Lorenz. Democrata, Espírita e Esperantista em uma época que
sua pátria estava sobre o domínio do conservador Império Austro-Hungaro, viu-se
obrigado a emigrar para o sul de nosso país. Seu primeiro livro dedicado ao
Esperanto foi publicado ainda em sua terra natal, foi um manual para ensino da
língua aos Checos: "Plena Lernolibro de Esperanto por C^eh^oj" (1890).
Em 1908 aparece reproduzido no periódico "Lá Vie d' Otre-Tombe" um artigo de
autoria de Camilo Chaigneau, intitulado "O Espiritismo e o Esperanto". Este
artigo foi em fevereiro de 1909 traduzido e publicado na "Revista Reformador" da
FEB. Lê-se nesse artigo:
"(...) Pensando na quantidade de fato que a nós espíritas nos escapam por
falta de tradução, na demora que essa mesma tradução traz a nossa documentação,
parece que o Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista
central em que os fatos mais salientes possam agrupar-se, graças a uma língua
comum a todos os países. É preciso, pois, que o Espiritismo aproveite dessas
vantagens. Somente o fato de se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno
entre todos os esperantistas, e favorece a intercomunicação das doutrinas
escritas ou faladas. É de absoluta utilidade para toda idéia sincera (...)".
A partir de 1937 começa a atuar o "Departamento de Esperanto" da "Federação
Espírita Brasileira", departamento criado por iniciativa de Ismael Gomes Braga e
que contaria com a cooperação do Prof. Porto Carreiro Neto e de Francisco
Valdomiro Lorenz, entre outros. Os trabalhos do departamento enfocaram
inicialmente a publicação de livros didáticos, que permitissem o aprendizado da
lingvo internacia, dentre eles se destacando o "Esperanto sem Mestre" de I.G.B.
(1937).
Finalmente, de 1945 em diante, o departamento passou a editar livros
Espíritas em Esperanto, iniciando-se pelo "Preg^libro per Spiritistoj", capítulo
final do Evangelho do Espiritismo (1945). Ainda em 1945 surge o "Lá Libro de Lá
Spiritoj" e em 1947 "Lá Evangelio Lau^ Spiritismo".
Nesse período histórico ocorre um fato fundamental, em janeiro de 1940,
Ismael Gomes Braga, visitando o médium Francisco Cândido Xavier, recebe do
espírito Emmanuel uma mensagem intitulada "A Missão do Esperanto", em que se lê:
"Sim, o ESPERANTO é lição de fraternidade. Aprendemo-la, para sondar, na
Terra, o pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita
propriedade digo: "aprendamo-la", porque somos também companheiros vossos que,
havendo conquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo
bem espiritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de
unificação."
A mensagem de Emmanuel não teve somente impacto entre os espíritas
encarnados, a partir dela outros espíritos passaram a manifestar-se a favor do
aprendizado e uso da língua. Manifestaram-se não só poetas desencarnados como
"Cruz e Souza" e "Castro Alves", enaltecendo a Lingvo Internacia, mas também
cronistas do Além, como Camilo Castelo Branco (Memórias de um Suicida - 1954,
médium Yvonne A. Pereira).
O ano de 1975 marca o nascimento da "Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz",
surgida de uma ideia discutida no Departamento de Esperanto da FEB, pelos amigos
Nelson e Délio Pereira de Souza com Getúlio Soares de Araújo, a Sociedade passou
a dedicar-se a tradução de livros espíritas para o Esperanto e sua distribuição
pelo mundo, trabalhando de forma semelhante a um "Clube do Livro". Seus
periódicos "Almanako Lorenz" (Anual) e "Komunikoj" também são dedicados a
artigos sobre a Doutrina.
Novamente em 1976 o plano espiritual se manifesta a respeito, o espírito
Francisco Valdomiro Lorenz, através do médium Francisco Cândido Xavier,
transmite o livro "O Esperanto como Revelação" (publicado pelo Instituto de
Difusão Espírita), em que os esforços do Doutor Zamenhof são apresentados no
contexto maior do progresso da humanidade. O Esperanto é parte fundamental do
trabalho de transformação do nosso mundo de expiação e provas em um mundo de
regeneração.
Eis o resumo do que encontramos, é apenas um esboço de uma história muito
mais rica, faltam-nos dados sobre a participação das Federações Estaduais, sobre
outros eventos e declarações importantes, como, por exemplo, a palestra
proferida por Divaldo Pereira Franco em 19 de julho de 1979 (no XIV Seminário
Brasileiro de Esperanto, intitulada "A Missão do Esperanto"), da qual ainda não
conseguimos o texto.
Carlos Alberto Iglesia
Bernardo
Bibliografia:
- Volume IV - Revue Spirite 1862 - da coleção das obras completas de Allan Kardec publicada pela Editora Edicel;
- Fotocópia do artigo "O Espiritismo e o Esperanto", publicado em fevereiro de 1909 na Revista Reformador, fornecida pela FEB;
- Artigo de Afonso Soares, "O Esperanto e o Futuro", publicado em maio de 1995 na Revista Reformador (FEB);
- O Esperanto como Revelação, Francisco Valdomiro Lorenz, médium Francisco Cândido Xavier, Instituto de Difusão Espírita;
- "A Missão do Esperanto", Folheto distribuído pela Spirita Eldona Societo Francisco Valdomiro Lorenz;
- Biografia de Ismael Gomes Braga publicada no periódico Komunikoj número 89 (janeiro/março 1998);
- Folheto distribuído pela Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz com sua história;
- Apresentação escrita pelos tradutores nos livros "Lá Libroj de la Spiritoj" e "La Evangelio lau^ Spiritismo", ambos da FEB;
- Memórias de um Suicida, Camilo Castelo Branco, médium Yvonne A. Pereira;
- Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil, FEB;
(Publicado no Boletim GEAE Número 285 de 24 de março de 1998)
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