E.S.E.: Motivos de resignação

Ao entrar no mundo dos Espíritos, o homem ainda está como o operário que comparece no dia do pagamento. 

A uns dirá o Senhor: “Aqui tens a paga dos teus dias de trabalho”; a outros, aos venturosos da Terra, aos que hajam vivido na ociosidade, que tiverem feito consistir a sua felicidade nas satisfações do amor-próprio e nos gozos mundanos: “Nada vos toca, pois que recebestes na Terra o vosso salário. Ide e recomeçai a tarefa.”

O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. 

Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento. 

Ora, aquele que a encara pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. 

Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. 

A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. 

Contrariamente, para aquele que apenas vê a vida corpórea, interminável lhe parece esta, e a dor o oprime com todo o seu peso. 

Daquela maneira de considerar a vida, resulta ser diminuída a importância das coisas deste mundo, e sentir-se compelido o homem a moderar seus desejos, a contentar-se com a sua posição, sem invejar a dos outros, a receber atenuada a impressão dos reveses e das decepções que experimente. 

Daí tira ele uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma, ao passo que, com a inveja, o ciúme e a ambição, voluntariamente se condena à tortura e aumenta as misérias e as angústias da sua curta existência.

O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 12 e 13;
Allan Kardec.



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