Freud analisa Freud


A Revista Cristã de Espiritismo publicou, numa matéria intitulada “Freud Além da Vida”, uma mensagem ditada pelo pai da psicanálise à médium alemã Eva Herrmann, da qual não tivemos como não transcrever esses interessantíssimos trechos:


[…] O homem é a soma final das existências terrenas anteriores, que muitas vezes se situa séculos antes da vida atual. [...]

Faltou pouco e eu teria me tornado o criador de uma psicologia válida, mas faltou a condição decisiva: eu não tinha a autorização de o fazer. Somente me foi permitido dar ao mundo um quadro, na sua maior parte correto, do inconsciente, mas não de esclarecer a verdadeira natureza da alma. [...] 

[…] Eu odiava minha mãe apesar de uma forte ligação incestuosa do meu lado, mas ambos os sentimentos corriam em paralelo, sem se perturbarem mutuamente. Mais tarde expliquei este sentimento pela suposta presença de um complexo de Édipo, mas hoje vejo este quadro numa luz completamente diversa. 

Eu odiava minha mãe porque, numa vida anterior, ela me fez uma grande injustiça e eu carregava esse fato comigo, nas profundezas do meu ser. Mas, que eu além disto a desejava, está ligado ao fato que a teoria do complexo de Édipo está correta quando há uma certa atração entre os sexos. 

Não se deve, no entanto, concluir que todo o resto da tragédia de Sophocles pode ou deve ser aceita como um todo. A teoria acima, que na minha obra tem um papel preponderante, rejeito hoje como uma construção falha. O fato de que milhões de pessoas a aceitaram e ainda hoje aceitam, não muda nada na verdade de que forças destrutivas idealizem este logro que levou mais de uma geração a fazer o papel de tola. 

Os meus colegas, aos quais este diagnóstico parecia a resposta correta a dado problema, tanto quanto eu, foram vítimas de uma auto-sugestão que se apodera daquele que não conhece uma solução melhor. 

[...] apesar dos meus conhecimentos sobre o mecanismo do inconsciente formarem uma base para uma psicologia válida, o restante do meu ensino não é somente errôneo, e eu o confirmo com o coração pesado, mas é, de certa maneira, um absurdo. O que hoje, no entanto, sinto mais profundamente é não ter utilizado, desde que isso me tivesse sido permitido, meu tempo e trabalho para descobrir as verdadeiras bases daquilo que fazem o homem ser como é, ou seja, procurar os acontecimentos na reencarnação e no seu passado, que se perde na escuridão, em vez de procurá-los na sua infância. […]. 

[…] começo a compreender que todos os conceitos atuais sobre o funcionamento do ser humano não chegam nem perto da realidade. [...] […] entendo hoje sob religiosidade algo bem diferente de uma observação cega de um ritual, ou de um fanatismo religioso. [...] 

[…] No mundo de cá não podem existir ilusões sobre a condição da própria alma, já que lhes está contraposto um posicionamento objetivo e inexorável. [...] 

[…] As colaborações acima mostravam o homem de um entoque com uma tônica sexual unilateral, o que desviou a atenção de uma geração inteira para conceitos que não correspondiam à realidade, ou que não tinham a abrangência universal, como eu o proclamei. 

Visto subjetivamente, do ponto de vista de alguém que perdeu as escamas diante dos olhos, houve um engano do meu lado, favorecido, de certo modo, pela disposição interna de querer chocar o mundo. 

[...] Não sei julgar em quanto tempo poderei, com a ajuda dos outros, reabilitar o homem como uma criação de Deus, cuja sexualidade, com exceção de casos patológicos, perfaz uma parte importante de sua vida terrena. [...] 

[…] Não é possível desfazer o acontecido e assim a gente experimentar, de um modo ou de outro compensar o erro cometido, por algo de bom que não elimina a injustiça, mas de certa forma a compensa. Meu trabalho atual é este. Consiste, com primeiro passo, no reconhecimento e na avaliação da injustiça cometida. Isto não é fácil para alguém que, como a grande maioria da humanidade, está acostumado a mentir para si mesmo. […] 

(Rebelo, 1999, 12-18 – passim).


Nós, os Espíritas, que acreditamos na vida após a morte e na possibilidade de intercâmbio entre os dois planos da vida, achamos perfeitamente cabível essa mensagem de Freud. Mas, em hipótese alguma poderemos afirmar isso categoricamente. Deixaremos ao encargo do leitor se reportar à revista e ler toda mensagem, analisando-a em estilo e conteúdo para julgar, por si mesmo, sobre sua procedência, se poderia ser mesmo do autor que a assina.

Fonte: espiriteiro.blogspot.com.br




FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo

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