A obsessão se caracteriza pela ação de entidades espirituais inferiores sobre o psiquismo humano.
Kardec distinguiu, em suas pesquisas, três graus do processo obsessivo: obsessão simples, subjugação e fascinação.
No primeiro grau a infestação espiritual atinge a mente causando
perturbações mentais; no segundo grau amplia-se aos centros da
afetividade e da vontade, afetando os sentimentos e o sistema
psicomotor, levando o obsedado a atitudes e gestos estranhos e tiques
nervosos; no terceiro grau afeta a própria consciência da vítima,
desencadeando processos alucinatórios.
As
causas da obsessão decorrem de vários fatores, dos quais os mais
frequentes são: problemas reencarnatórios, tendências viciosas, egoísmo
excessivo, ambições desmedidas, aversão a certas pessoas, ódio,
sentimentos de vingança, futilidade, vaidade exagerada, apego ao
dinheiro e assim por diante. Essas disposições da criatura atraem
espíritos afins que a envolvem e são aceitos por ela como companheiros
invisíveis. Os Espíritos obsessores não são os únicos culpados da
obsessão. Geralmente o maior culpado é a vítima.
Na
Antiguidade a obsessão era tratada com violência. As práticas do
exorcismo, até hoje vigentes no Judaísmo e no Catolicismo, destinam-se a
afastar o demônio de maneira agressiva e violenta. No Espiritismo o
método empregado é o da persuasão progressiva do obsessor e do obsedado.
É o que se chama de doutrinação,
ou seja, esclarecimento de ambos à luz da Doutrina Espírita. Não se usa
nenhum ingrediente especial. Emprega-se apenas a prece e a conversação
persuasiva. Esclarecido o obsedado, atinge-se o obsessor, que ficam, por
assim dizer, vacinados contra novas ocorrências obsessivas.
O
tratamento mediúnico não segue uma regra única. Varia de acordo com a
natureza dos casos e as condições psicológicas específicas dos
pacientes. Todo tratamento mediúnico deve ser gratuito, segundo a
prescrição de Kardec, pois depende estritamente do auxílio espiritual.
Os Espíritos não cobram por seus serviços e não gostam que cobrem por
eles. Os que não compreendem isso, deixando-se levar pela ganância,
acabam fatalmente subjugados pelos Espíritos inferiores. Como assinalava
Kardec, o desprendimento dos interesses terrenos é a primeira condição
do interesse dos Espíritos superiores pelo nosso esforço em favor do
próximo.
Do livro, “Obsessão, o passe, a doutrinação”
J. Herculano Pires. Ed. Paidéia