Não se pode servir a dois senhores

Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro, ou há de entregar-se a um e não fazer caso do outro. Vós não podeis servir a Deus e as riquezas. (Lucas 16:13)

No livro “Fonte Viva”, cap. 120, Emmanuel, através de Francisco C. Xavier, nos lembra: “Guardarás inúmeros títulos de posse sobre as utilidades terrestres, mas se não fores senhor de tua própria alma, todo o teu patrimônio não passará de simples introdução à loucura. Multiplicarás, em torno de teus pés, maravilhosos jardins da alegria juvenil, entretanto, se não adquirires o conhecimento superior para o roteiro de amanhã, a tua mocidade será a véspera ruidosa da verdadeira velhice. Cobrirás com medalhas honoríficas o teu peito, aumentando a série dos admiradores que te aplaudem, mas, se a luz da reta consciência não te banhar o coração, assemelhar-te-ás a um cofre de trevas, enfeitado por fora e vazio por dentro. Amontoarás riquezas e apetrechos de conforto para a tua casa terrena, imprimindo-lhe perfil dominante e revestindo-a de esplendores artísticos, contudo, se não possuíres na intimidade do lar a harmonia que sustenta a felicidade de viver, o teu domicílio será tão-somente um mausoléu adornado.

O referido instrutor espiritual, através da mediunidade segura de Chico Xavier nos mostra com clareza, os equívocos que cometemos, buscando, com todas as forças o crescimento horizontal, sem nos empenhar no mais importante, que é o crescimento na vertical, ou seja, os valores do Espírito.

Podemos deter muitos haveres, “inúmeros títulos de posse sobre as utilidades terrestres, mas se não formos senhores de nossa própria alma”, diz-se ele, isto constituirá para nós “introdução à loucura”. É como alguém que gasta suas energias, seu tempo, caminhando em determinada direção e ao se aproximar do ponto de chegada constata que seu esforço foi na direção errada. Terá que voltar e caminhar na direção oposta.

A riqueza não é obstáculo absoluto à salvação, reflete Allan Kardec nos seus comentários no Evangelho Segundo o Espiritismo. Entendemos por salvação o aperfeiçoamento espiritual, a evolução do Ser. Salvação não é um ponto de chegada, mas uma caminhada, é o despertamento das faculdades do Espírito, o que vai acontecendo paulatinamente. Se a riqueza fosse obstáculo absoluto à salvação, Deus estaria colocando nas mãos de alguns, instrumento fatal de perdição, o que é inadmissível. Se o dinheiro não é bem utilizado, o problema não está na moeda, e sim naquele que a administra. Condenar a fortuna pelos desastres da avareza, é o mesmo que espancar o automóvel pelos abusos do motorista. O dinheiro é alavanca suscetível de ser manejada para o bem e para o mal.

“O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na Terra; mas, desde que é forçado a deixá-los é claro que só tem o usufruto e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que se destina ao uso do corpo e tudo que se refere ao uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, e que ninguém tem o poder de tirar-lhe e o que ainda mais lhe servirá no outro mundo do que neste (Pascal, texto constante de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 16).

Nenhum servo pode servir a dois senhores, disse-nos o Mestre Jesus. Necessário saber o que é mais importante; saber fazer a hierarquia de valores. Se colocamos, ainda, em primeiro lugar, os bens materiais, ainda não aprendemos a trabalhar para a aquisição dos verdadeiros bens – aqueles que o ladrão não rouba e a traça não come.



José Argemiro da Silveira.
Verdade e Luz - Edição 252.



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