Fascinação Amorosa

Só pensava nela.

Cérebro em circuito fechado.

A jovem namorada, de estonteante beleza, ocupava-lhe todos os espaços mentais.

Última lembrança ao dormir.

A primeira, ao despertar.

Levantava-se com ela, passava o dia pensando nela, por ela suspirava...

Em seus devaneios imaginava-se a retê-la em seus braços, aspirando seu perfume, cobrindo-a de carícias, fundindo-se ambos em ardentes abraços.

Às vezes desligava-se.

Eram momentos fugidios, como breves intervalos separando músicas num disco.

Logo recuperava-lhe a imagem, assustado como quem houvesse sofrido a perda da respiração por momentos.

Contava os dias e as horas que os separavam. A seu lado pedia a Deus que parasse o relógio do tempo, a fim de que pudesse desfrutar indefinidamente a ventura de sua presença.

Sempre acontecia o inverso:

Juntos, as horas ganhavam asas.

Separados, fluíam com a lentidão das tartarugas.

***

Com incontáveis variações, encontramos na literatura universal envolvimentos passionais semelhantes.

Um paraíso, quando tudo corre bem.

Um inferno, se surgem problemas.

Semelhantes experiências situam-se nos domínios da fascinação quando, a partir da atração física, instala-se o desejo irrefreável de comunhão carnal, em paroxismos passionais. George Bernard Shaw, teatrólogo inglês, dizia, referindo-se ao casamento, que um dos paradoxos- da sociedade humana é que pessoas apaixonadas são obrigadas a jurar que continuarão naquele estado excitado, anormal e tresloucado até que a morte as separe.

Muitas uniões efêmeras ocorrem a partir de envolvimentos passionais, principalmente entre jovens, empolgados por recíproca fascinação, quando se rendem ao domínio dos hormônios.

Justamente por inspirar-se nos instintos, a fascinação amorosa é a mais frequente, responsável por casamentos precipitados, adultérios, separações, crimes e tragédias sem fim.

Proclama a sabedoria popular que a paixão é cega, o que exprime uma realidade. Paixão e bom senso raramente seguem juntos.

Por isso os Espíritos obsessores estimam envolver as pessoas passionais, torturando-as com anseios amorosos irrealizáveis ou usando-as para exercer sua ação nefasta, criando estranhas e perigosas situações.

Richard Simonetti



FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo