A História de Nelson e João

Nelson e João são amigos há algum tempo. Nelson é espírita e seu livro predileto é o “Evangelho Segundo o Espiritismo”. João não tem religião, mas tem curiosidade sobre o que ensinaram Jesus e Kardec.

Um dia, João confessou ao amigo que há tempos vinha sofrendo, porque carregava consigo uma mágoa muito grande do passado.

Tinha um peso na cabeça e suas ideias estavam confusas. Seu sócio numa empresa comercial havia desviado grande soma de dinheiro. Além disso, seu nome tinha sido injustamente incluído na lista dos que não pagam seus compromissos. João contou que a vergonha e o prejuízo causaram-lhe forte sentimento contra o sócio… Sentiu-se traído, amargurado, querendo vingança… O tempo passava e o ocorrido não lhe saía da cabeça… Quanto mais pensava, parecia que as perdas eram maiores. Quando notou que não podia controlar mais as ideias e que poderia cometer um crime, procurou Nelson no centro espírita, pedindo auxílio.

O amigo recebeu João de braços abertos e explicou que, ao fixar-se tanto em pensamentos e sentimentos negativos, João estava alimentando o problema, ao invés de buscar uma solução. Além disso, focalizando sua energia mental com tanta intensidade nas coisas negativas, estava sintonizando sua mente com Espíritos negativos, que o incentivavam a prosseguir para o caminho do crime.
Nelson então falou:

- Meu caro, compreendo seu prejuízo material e moral, mas essa atitude está afastando você do caminho recomendado por Jesus, que é perdoar setenta vezes sete vezes!

- Acho muito difícil essa coisa de perdoar! – respondeu João. – Como esquecer tudo, assim, de repente, como se nada houvesse acontecido?

- Lembre-se que o perdão não é um evento instantâneo e sim um processo que pode levar muito tempo… Esquecer o que aconteceu é a fase final desse processo de perdoar…

- Se é assim, então, como começa tal processo? Perguntou João.

- O perdão começa quando usamos nossa força de vontade para vencer o desejo de vingança. Não querer “dar o troco” ou não agir seguindo o “olho por olho e dente por dente”, é um bom começo da ação de perdoar… Quando fazemos isso, interrompemos o fluxo de energias negativas de dentro de nós, aquelas que nos fazem mal à mente e ao corpo! Se não paramos esse fluxo, as ideias negativas acabam tomando conta da gente, passamos a não raciocinar com clareza e não conseguimos nos controlar… daí para praticarmos uma ação pior do que aquela que sofremos é um passo… O crime nos acordará desse pesadelo, mas, aí é tarde… estaremos a sofrer e a nos arrepender por muito tempo!

- Humm! Não quero passar por isso de forma nenhuma!

Nelson continuou:- Para vencer esta situação, é preciso dar o segundo passo.

- E, qual é esse passo?

- Usar toda a força de vontade e vencer a mágoa, o ressentimento. Nós cultivamos este sentimento quando “remoemos” tudo o que aconteceu, repetindo os pensamentos e sentimentos que nos ligam ao ocorrido.

- É isso mesmo o que acontece comigo! – explodiu João como se tivesse descoberto um caminho… Mas, é difícil deixar de pensar! Como conseguir forças para vencer esta energia negativa que está me dominando?

Nelson parecia agora iluminado por uma força interior inexplicável. Sua voz era suave, mas intensa, quando falou: -Temos que pedir auxílio a Jesus. Lembre-se do que ele prometeu: “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei” [Mateus 11: 28]. Sempre que pedirmos forças para praticar o bem, obteremos resposta favorável. Podemos fazer isso numa oração cheia de fé; podemos também pedir esse apoio ao tomarmos um passe. O passe, como lhe falei uma vez, não faz milagres, mas é fonte inestimável de auxílio e força, quando desejamos trilhar o caminho do bem…

- Quer dizer que é assim? – Disse João. – Não desejar vingança e não guardar ressentimento?

- É isso mesmo! E, também, não nos alegrarmos se nosso ofensor sofrer algum mal!

- Só de falar destas coisas já estou me sentindo melhor! Será que consigo?

- Experimente fazer uma prece, cheia de fé, pedindo forças. Você experimentará o poder da oração e saberá que, orando, conseguimos a força necessária para praticar o bem.


Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo