As manifestações de efeitos físicos

Damos o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como barulhos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.

As manifestações físicas têm por propósito chamar nossa atenção sobre alguma coisa, e de nos convencer da presença de uma potência superior ao homem. 

Os Espíritos elevados não se ocupam dessas espécies de manifestações; eles se servem dos Espíritos inferiores para as produzir, como nós nos servimos de servidores para o trabalho grosseiro, e isso dentro do propósito que acabamos de indicar. Uma vez atingido esse propósito, as manifestações cessam, porque não são mais necessárias.

Mesas Girantes

O efeito mais simples, e um dos primeiros que foi observado, consiste no movimento circular imprimido a uma mesa. Este efeito se produz sobre todos os objetos igualmente; mas sendo sobre a mesa que mais se o exerce, por ser mais cômodo, o nome de mesas girantes prevaleceu para a designação desta espécie de fenômeno.

Quando o efeito começa a se manifestar, escuta-se, geralmente, um pequeno estalido na mesa; sente-se como um frêmito que é o prelúdio do movimento; ela parece fazer um esforço para se desatracar, depois o movimento de rotação se pronuncia; ele se acelera ao ponto de adquirir uma rapidez tal que os assistentes fazem todo o esforço do mundo para o seguir. 

Uma vez estabelecido o movimento, pode-se mesmo se afastar da mesa que continua a mover-se em diversos sentidos sem contato.

Em outras circunstâncias, a mesa se eleva e se endireita, tanto sobre um só pé, quanto sobre um outro, depois retoma docemente a posição natural. D’outras vezes, se balança imitando o movimento de arfagem e de balanço. 

D’outras vezes, enfim, mas para isso necessita uma potência medianímica considerável, ela se descola inteiramente do solo, e se mantém em equilíbrio no espaço, sem ponto de apoio, elevando-se por vezes mesmo até o teto, de maneira que se possa passar por debaixo; depois ela desce lentamente balançando-se como faria uma folha de papel, ou tomba violentamente e se quebra, o que prova de maneira patente que não é uma ilusão de ótica. Na foto abaixo uma mesa levitando, com a médium Eusápia Paladino. À esquerda da médium, Camille Flammarion. (De «Les Apparitions Materialisées», Gabriel Delanne, Paris, 1911).

Pancadas

De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais freqüentes são os ruídos e as pancadas; é aqui sobretudo que é preciso temer a ilusão, porque uma multidão de causas naturais podem produzi-las: o vento que assobia ou que agita um objeto, um corpo que se mexe por si mesmo sem que disso nos apercebamos, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto, etc., até mesmo as travessuras de brincalhões. 

Os ruídos espíritas têm por outro lado um caráter específico, dotados de uma intensidade toda particular e um timbre muito variado, que os faz reconhecíveis e não permitindo confundi-los com estalos da madeira, a crepitação do fogo ou o tique-taque monótono de um pêndulo; eles são golpes secos, algumas vezes surdos, fracos e ligeiros, algumas vezes claros, distintos, às vezes ruidosos, que mudam de lugar e se repetem sem ter uma regularidade mecânica. 

De todos os meios de controle, o mais eficaz, o que não pode deixar dúvida sobre sua origem, é a obediência à vontade. Se os golpes se fazem ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número e intensidade, não se pode desconhecer neles uma causa inteligente; mas a falta de obediência não é sempre uma prova contrária.

Deve-se colocar em guarda não somente contra narrações que podem ser manchadas de exagero, mas contra as próprias impressões, e não atribuir uma origem oculta a tudo o que não se compreende. Uma infinidade de causas muito simples e muito naturais pode produzir efeitos estranhos à primeira vista, e seria uma verdadeira superstição ver por toda parte Espíritos ocupados em derrubar os móveis, quebrar a louça, suscitar enfim mil e um tormentos com a mobília quando seria mais racional por-se a culpa sobre a falta de jeito.

Transporte

Este fenômeno consiste no transporte espontâneo de objetos que não existiam no lugar onde estão; são freqüentemente flores, algumas frutas, bombons, joias, etc..

Diremos primeiramente que esse fenômeno é um dos que mais se prestam à imitação, e que, por conseqüência, é preciso se colocar em guarda contra a fraude. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação em matéria de experiências desse gênero; mas, sem ter ajuda de um especialista, poder-se-ia facilmente ser logrado com uma manobra hábil e interesseira. A melhor de todas as garantias está no caráter, honorabilidade notória e no desinteresse absoluto da pessoa que obtém efeitos semelhantes; em segundo lugar no exame atento de todas as circunstâncias nas quais os fatos se produzem; enfim no conhecimento esclarecido do Espiritismo, somente assim se pode fazer descobrir o que possa ser suspeito.

O Espírito que quer fazer um transporte desmaterializa o objeto sobre o qual opera, depois transporta o duplo fluídico desse objeto ao lugar que escolheu, e lá retira do fluido universal os elementos necessários à reconstrução do objeto material, por meio do fluido vital. A mesma operação é feita para as plantas. O duplo fluídico reproduz molécula por molécula todas as partes da planta, pois que isso é o plano de obra fluídico, não resta senão se incorporar as moléculas do fluido universal tornadas materiais pelo espírito, e a planta aparece com todos os seus detalhes, sua frescura, seu colorido, etc., aos olhos dos assistentes. Enfim é sempre a mesma operação que se executa quando um espírito quer se tornar visível e tangível, como nas experiências de Crookes. Não sabemos até que ponto nossa hipótese se aproxima da realidade, mas os fenômenos se produzindo, é preciso explicá-los, e esta é a teoria que até então nos parece a melhor de acordo com os ensinamentos espíritas e as descobertas modernas.

Materializações

Chamamos materialização o fenômeno pelo qual um espírito se mostra com um corpo físico tendo todas as aparências da vida normal. Contamos entre os médiuns de materialização mais conhecidos: Eusapia Palladino, Kate Fox, Florence Cook, Eglinton, Home, Sra. Da Esperança, Eva Carrere, Franek Kluski.

As seções de materialização que mais vivamente impressionaram, tiveram lugar com o sábio William Crookes que estudou as materializações do espírito de Katie King durante um período de três anos com a médium Florence Cook (então com 16 anos), e outros cientistas como o Dr. Gully, diretor dos hospitais de Londres e o engenheiro Varley, engenheiro chefe das linhas telegráficas da Inglaterra.

Abaixo foto da materialização do espírito Ana, na casa de Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, em Dez de 1954. O médium Francisco Peixotinhio encontra-se deitado na cama, podendo-se notar o ectoplasma entre o médium e o Espírito.

Uma das principais objeções que os céticos colocam no assunto das materializações do Espírito é que elas jamais têm lugar em pleno dia, favorecendo assim a fraude. 

A luz tem, com efeito, um poder dissolvente sobre a matéria utilizada pelos Espíritos para se materializar; Florence Marryat, que assistiu às seções de materialização de Katie King, conta: «Acendeu-se os três bicos de gás... O efeito produzido sobre Katie King foi extraordinário. Ela não resistiu senão um instante, depois a vimos fundir sob nossos olhos, como um boneco de cêra diante de um grande fogo. Primeiramente seus traços desvaneceram, não se os distinguia mais. 

Os olhos se aprofundaram nas órbitas, o nariz desapareceu, a fronte pareceu entrar na cabeça. Depois os membros cederam e todo o seu corpo se abateu como um edifício que se desmorona. Não restou mais que sua cabeça sobre o tapete, depois um pouco de pano branco que desapareceu como se tivesse subitamente sido tirado de cima: ficamos alguns instantes de olhos fixos no lugar onde Katie havia cessado de aparecer: assim terminou esta seção memorável.»

O Espiritismo ensina desde muito tempo que o meio consciente ou alma é envolvido de um envelope sutil chamado perispírito. Esse perispírito é o molde fluídico no qual a matéria se incorpora durante a vida; é ele que, sob a impulsão da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque ele é invariável em meio do fluxo incessante da matéria orgânica. 

Esse perispírito não se destrói após a morte, mas se conserva intacto em meio a desorganização da matéria, e é nele que se encontra gravado as aquisições da alma, que pode assim recordar o passado. O Espírito é capaz, dentro de certas condições, de acumular em seu perispírito bastante força vital para dar uma vida material momentânea ao organismo fluídico; isto, com a matéria emprestada ao médium, dá a tangibilidade de um corpo ordinário; é uma verdadeira criação, mas que apenas tem duração efêmera, porque é conseguida fora dos procedimentos normais da natureza.

Vários fatos apoiam esta teoria, a saber:

- A perda de peso do médium – Uma prova em favor desta teoria é que se tem constatado um diminuição do peso do médium durante as seções de materialização. Assim, Florence Marryat escreveu: «Tendo visto a Srta. Florende Cook colocada sobre uma balança, construída por projeto do Sr. Crookes, constatei que a médium, que antes pesava 112 libras, logo que o Espírito materializado tomava forma, o peso do seu corpo não ultrapassava mais que a metade, 56 libras.»

- A diferença física entre a médium e o Espírito – Katie King e Florence são de estaturas e de cabeleiras diferentes. William Crookes escreveu: «Uma noite, contei as pulsações de Katie; seu pulso batia regularmente 75, enquanto que a de Srta. Cook, poucos instantes após, atingia 90, sua cifra habitual. Apoiando meu ouvido sobre o peito de Katie, podia ouvir seu coração bater no interior, e suas pulsações estando ainda mais regulares que as da Srta. Cook; após as seções elas me permitiram a mesma experiência. Experimentando da mesma maneira, os pulmões de Katie se mostravam mais sãos que os de sua médium, porque no momento em que fiz a experiência, a Stra. Cook seguia um tratamento médico contra uma forte constipação.» Por vezes adiantou-se a hipótese de que o ser materializado não seria outro que o duplo do médium. Esta teoria tem apenas base empírica porque, como podemos ver dos fatos acima, o Espírito e seu médium são duas personalidades bem distintas. Além disso, Florence Cook, despertada, conversa durante alguns minutos com Katie King e William Crookes, que vê todas as duas.

- A fotografia espírita – A fotografia espírita traz a prova da realidade objetiva da aparição: Os aparelhos fotográficos não estão sujeitos a alucinações !

William Crookes tirou quarenta clichês do Espírito Katie King mostrando nitidamente as diferenças físicas entre esta e sua médium. Abaixo, foto do Espírito Katie, acompanhada de William Crookes.

- As moldagens – Esta constitui a mais flagrante prova em favor da teoria Espírita. Eis a maneira de operar comumente empregada, nas circunstâncias: Dois vasos contendo, um água fria, o outro água quente, são trazidos para a sala onde a experiência tem lugar; na superfície da água quente flutua uma camada de parafina fundida. Se queremos obter o molde de uma mão materializada, pedimos ao Espírito para mergulhar sua mão na parafina fluida e imediatamente na água fria, e de repetir várias vezes esta operação.

Desta maneira se forma, na superfície da mão, uma luva de parafina de uma certa espessura, e, quando a mão do Espírito se desmaterializa, ela deixa um molde perfeito que se enche de gesso. Basta então mergulhar tudo na água fervente, e, a parafina se funde restando uma impressão exata e fiel do membro materializado. Uma tal impressão é impossível de realizar, porque é impossível retirar a mão sem destruir o molde.

Para saber mais:

O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. II, Manifestações físicas – mesas girantes). 
O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. IV, Teoria das manifestações físicas) 
O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. V, Manifestações físicas espontâneas) 
O Fenômeno Espírita Gabriel Delanne (2ª parte, c. III, Mediunidades diversas e c. IV, Espiritismo transcendental) 
L’âme est immortelle de Gabriel Delanne (2ème partie, ch. III, Photographies et moulages de formes d’Esprits désincarnés) 
L’âme est immortelle de Gabriel Delanne (2ème partie, ch. III, Discussion sur les phénomènes de matérialisation) 
No Invisível Léon Denis (c. XVI, c. XVII, c. XVIII, c. XIX, c. XX) 
Recherches sur les phénomènes du Spiritualisme de William Crookesp.141 (Notes sur des recherches faites dans le domaine des phénomènes appelés spirites) 

Curso de Introdução ao Espiritismo - Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec - Parte 5.

Fonte: espirito.org



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a sua participação!