A Participação do Jovem no Centro Espírita

Se amparar as crianças é um dever, receber os jovens é também uma tarefa do Centro Espírita. A juventude requer um trabalho dinâmico mas que não pode fugir de diretrizes doutrinárias seguras no estudo das obras da Codificação, sob pena das reuniões da juventude espírita perderem-se em debates inúteis, festas e encontros sem produtividade e fora do caráter do ensino espírita, que se traduz pela vivência dos ensinos morais.


Se juventude é sinônimo de dinamismo, também é tempo de aquisição de responsabilidade e disciplina. Para isso o Centro Espírita deve ficar atento, pois um jovem displicente e sem compromisso não poderá se tornar um bom espírita e, por dedução, um bom dirigente espírita.

Já se foi o tempo em que o jovem espírita fazia reuniões doutrinárias comandadas por um adulto, participando das atividades do Centro Espírita somente para apresentações artísticas nas festividades.

O uso de técnicas adequadas de ensino, a administração da evangelização infantil, os grupos de visita a enfermos, a participação em cargos diretivos, a mediunidade ativa e tantas outras funções, são e devem ser exercidas pelos jovens, que irão adquirir experiência com o tempo, aliando a teoria com a prática, sob a orientação dos adultos.

Naturalmente, estamos nos referindo a jovens compromissados com o Espiritismo, conscientes de suas responsabilidades, e não àqueles jovens que consideram as reuniões do grupo um passatempo para lazer e namoro.

O Centro Espírita deve oferecer em sua estrutura administrativa e doutrinária as oportunidades de serviço e cooperação dos que, na idade juvenil, se ofereçam para ajudar, pois o Centro Espírita é de todos, e no Espiritismo não existe discriminação nem preconceito.

Se um jovem pode ser até mesmo executivo de uma grande empresa, por que não pode exercer um serviço no Centro Espírita? Todas estas considerações são para efeito de mostrar aos dirigentes espíritas que juventude não é sinônimo de irresponsabilidade ou imaturidade.

Chico Xavier, o querido e famoso médium de nossas terras, iniciou seu mediunato aos dezessete anos, e há alguém que ponha em dúvida sua capacidade mediúnica e sua responsabilidade já nessa idade?

Entretanto, dirão muitos, os jovens são apressados, afoitos, nem sempre medem as conseqüências, não possuem a devida experiência.

E nós, os adultos, amadurecidos pelo tempo, quando jovens, tínhamos todas essas qualidades que exigimos deles? Não, não tínhamos, mas fomos jovens, porque assim é o processo reencarnatório, e fomos adquirindo a maturidade e a experiência na medida do esforço, do trabalho, do estudo e da participação, porque nos deram oportunidade nas atividades do Centro Espírita.

Se queremos uma juventude sadia, honesta, responsável, trabalhadora, temos de lhe dar condições para isso, e tudo começa com a disposição dos adultos em serem mestres, permitindo a participação dos jovens na organização e no exercício de funções nas atividades promovidas pelo Centro Espírita e pelo movimento espírita de unificação.

Devemos ainda falar sobre a questão do namoro, do envolvimento afetivo entre os jovens decorrente do contato freqüente nas reuniões de estudo e outras atividades do grupo juvenil espírita. Para muitos este assunto é um escândalo, um tabu de raízes preconceituosas.

Acaso o Espiritismo condena o namoro? Em nenhuma linha da codificação encontramos essa condenação, mas em toda a obra kardeciana encontramos a orientação segura para o comportamento afetivo, e essa orientação deve ser colocada nos planejamentos doutrinários de estudo da juventude espírita, para que os jovens tomem consciência de suas responsabilidades no campo dos sentimentos.

O período da adolescência e da juventude consolidam o caráter e as tendências morais do Espírito, e não podem ser desprezados pelos espíritas, pois é nessas épocas de nossa vida física que precisamos ser aceitos pelo próximo e pela sociedade, pois fora disso a falsa impressão da mediocridade individual pode fazer morrer o que tanto nos custou construir.

Essa questão de afetividade entre os jovens, dos namoros que surgem, muitos culminando em casamento, deve ser vista de forma natural, ocorrência de qualquer grupo juvenil, mas que no Centro Espírita se reveste do conhecimento que a Doutrina assegura sobre a vida, separando o sentimento do amor da sensação, da paixão, pois sabemos que o importante é o conteúdo e não o embrulho. Em outras palavras: importante é a beleza da alma e não a beleza do corpo físico.

O Espiritismo esclarece os compromissos do campo afetivo, lembrando que toda ligação gera compromisso, requerendo responsabilidade e respeito aos direitos de cada um. Estando isso claro no grupo de juventude espírita, não há porque maiores preocupações.

Também o Centro Espírita deve entender o dinamismo do jovem sabendo oferecer-lhe uma estrutura adequada de trabalho e de estudo.

Ao jovem devemos dar atividades para que ele se exercite na prática, adquirindo paulatinamente a experiência que ainda não possui, além de adquirir a responsabilidade de levar até o fim a tarefa que lhe compete.

Tanto o adolescente como o jovem devem ter as portas do Centro Espírita abertas, sentido-se querido e bem vindo para que se sinta confiante à frente do Espiritismo, que lhe alarga os horizontes e lhe dá sentido para a existência.

O jovem espírita é um jovem diferente, que vive nas alegrias do mundo sem se deixar envolver por elas, e que pelo exemplo do seu comportamento mais moralizado induzirá os demais para o caminho do bem e do amor.

Marcus Alberto de Mario
Fonte: Dirigente Espírita, nº 73


FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo