1. INTRODUÇÃO
Como resumir esta obra? Quais são os seus elementos
essenciais? É possível dispô-la em forma de palestra, com começo meio e fim?
Como montar um roteiro?
2. CONCEITO
Póstumo – do latim postumu, "último, derradeiro".
Posterior à morte de alguém.
Obras Póstumas – obras publicadas depois da morte do
autor.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Obras Póstumas, de Allan Kardec, veio a lume em 1890,
três anos após a morte do autor. Faz parte das obras complementares da
codificação espírita. Como sabemos, o Espiritismo é conhecido através das suas
obras básicas e complementares. As Obras Básicas, também, cognominadas de
Pentauteco Espírita, compõem-se dos seguintes livros: O Livro dos Espíritos
(1857), O Livro dos Médiuns - ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores
(1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno -
ou Justiça Divina Segundo o Espiritismo (1865) e A Gênese - os Milagres e
as Predições Segundo o Espiritismo (1868). As Obras Complementares,
que dão extensão às Obras Básicas, são de cunho mediúnico e não mediúnico. Entre
as não-mediúnicas, citam-se os escritos de Gabriel Delanne, Léon Denis,
Camille Flammarion, J. Herculano Pires, Edgar Armond e outros. Entre as obras
mediúnicas, estão os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier,
Divaldo Pereira Franco e outros.
O livro Obras Póstumas é dividido em duas partes: na
primeira delas, enfatizam-se os aspectos doutrinários do Espiritismo; na
segunda, os relatos de Allan Kardec acerca da sua missão e da constituição do
Espiritismo. Há também a biografia de Allan Kardec e o discurso pronunciado
sobre o túmulo de Allan Kardec por Camille Flammarion.
Resumamos alguns desses tópicos.
PARTE I
4. PROFISSÃO DA FÉ ESPÍRITA RACIOCINADA
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec
afirma: "Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face,
em todas as épocas da Humanidade".
Assim, a profissão de fé baseia-se:
Deus é a inteligência suprema, causa primaria de todas as
coisas. Deus é o criador, causa primaria da qual tudo o mais se origina, tanto o
Espírito quanto a matéria. Em se tratando do corpo, faz ver que há uma alma, um
princípio inteligente, que é independente da matéria e sobrevive ao corpo depois
da morte deste. (pág. 31-39)
5. A MANIFESTAÇÃO DOS ESPÍRITOS
Discussão sucinta do caráter e das conseqüências religiosas
das manifestações dos Espíritos, incluindo os vários tipos de mediunidade, a
função do perispírito no intercâmbio mediúnico, a fotografia e telegrafia do
pensamento, além dos vários fenômenos de efeitos físicos e inteligentes, tão bem
desenvolvidos em O Livro dos Médiuns. (pág. 41-119)
6. ESTUDO SOBRE A NATUREZA DO CRISTO
O dogmatismo religioso aceita a tese da trindade, em que Pai,
Filho e Espírito Santo são três pessoas numa só. Nesse caso, pode-se considerar
o corpo do Cristo como sendo de natureza fluídica como o fez Roustaing.
Allan Kardec parte de um outro ângulo. Como não há registros
históricos sobre Cristo, pois Ele não nos deixou nada escrito, mas somente os
registros dos apóstolos, vários anos depois de sua morte física, Kardec procura
investigar as próprias palavras de Cristo. Para tanto, busca algumas citações de
Jesus. Dentre elas, escolhemos duas:
"Quem quer que me receba, recebe aquele que me enviou,
porquanto aquele que for o menor entre todos vós será o ‘maior de todos’".
(Lucas, 9,48)
"Quem quer que receba em meu nome a uma criancinha como esta,
a mim me recebe; e aquele que me recebe não me recebe a mim, mas recebe
aquele que me enviou". (Marcos, 9,37)
Deduz-se destas duas citações que há um enviado (Cristo) e um
que envia (Deus), portanto de naturezas distintas. (pág. 121-153)
7. A REGENERAÇÃO DAS ARTES PELO ESPIRITISMO
Sintetizando os quatro capítulos que tratam deste tema,
poderíamos dizer que:
Numa visão comparativa, percebemos: 1º) que a arte pagã
enalteceu a perfeição da forma; 2º) que a arte cristã ressalta a beleza da alma
sobre a beleza da forma, embora os seus autores tenham enfatizado o sofrimento e
a morte; 3º) que a arte espírita, sintetizando as duas anteriores, mostra a
felicidade futura, sem as agruras do fogo eterno e os diversos tridentes a nos
perfurar.
A beleza, no que tange à forma do corpo evoluiu
sensivelmente. A forma dos corpos se modificou em sentido determinado e segundo
uma lei, à medida que o ser moral se desenvolveu, o ser físico também. Assim
sendo, à medida que o instintos materiais se depuram e dão lugar aos sentimentos
morais, o envoltório material que já não se destinam à satisfação de
necessidades grosseiras, tomam formas cada vez menos pesada, mais delicada, de
harmonia com a elevação e a delicadeza das idéias.
O semblante é o espelho da alma. Esta verdade, que se tornou
axioma, explica o fato vulgar de desaparecerem certas fealdades sob o reflexo
das qualidades morais do Espírito e de, muito amiúde, preferir-se uma pessoa
feia dotada de eminentes qualidades a outra que apenas possui a beleza plástica.
É que semelhante fealdade consiste unicamente em irregularidades da forma, mas
sem excluir a finura dos traços, necessária à expressão dos sentimentos
delicados. (pág. 155-185)
8. ALTERNATIVAS DA HUMANIDADE
Allan Kardec trata aqui do que se espera além túmulo. Em
linhas gerais, temos:
O Niilismo - do lat. nihil, nada, fruto da
doutrina materialista - significa ausência de toda a crença. Como a matéria é a
única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Os adeptos do
materialismo incentivam o gozo dos bens materiais, dizendo que quanto mais
usufruirmos deles, mais felizes seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo
é a corrida em busca do dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.
O Panteísmo - do grego pan, o todo, e Theos,
Deus - significa absorção no todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao
encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a
vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa
doutrina são semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem
individualidade e sem consciência de si, é como não existir.
O Dogmatismo Religioso afirma que a alma, independente
da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a
individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram
em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do
paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de anomalias que acompanham a
humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a idiotia.
O Espiritismo mostra-nos que o Espírito, independente
da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto,
sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais
rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos
"querubins". Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria,
através das inúmeras encarnações. (pág. 193-200)
9. QUESTÕES E PROBLEMAS
"As Expiações Coletivas", "O Egoísmo e o Orgulho",
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade", "As Aristocracias", "Os Desertores" e
"Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo" são os capítulos finais da
primeira parte. (pág. 215-261)
PARTE II
10. MISSÃO DE ALLAN KARDEC
Há diversas anotações acerca da missão de Allan Kardec, desde
o seu primeiro contato com as "mesas girantes", em 1854, a convite do seu amigo
e magnetizador Fortier, até os "Meus Trabalhos Pessoais e Conselhos Diversos",
em 4 de julho de 1868.
Citemos algumas dessas comunicações: "Meu Guia Espiritual",
25 de março de 1856; "Primeira Revelação de Minha Missão", 30 de abril de 1856;
"Minha Missão", 7 de maio de 1856; "A Tiara Espiritual", 6 de maio de 1857;
"Primeiro Anúncio de uma Nova Encarnação", 17 de janeiro de 1857; "Fundação da
Sociedade Espírita de Paris", 1º de abril de 1858; "Duração de meus Trabalhos",
24 de janeiro de 1860; "Futuro do Espiritismo", 15 de abril de 1860; "Auto-de-fé
de Barcelona", 9 de outubro de 1861; "Meu Sucessor", 22 de dezembro de 1861; "A
Nova Geração", 30 de janeiro de 1866; "Instruções para a Saúde do Sr. Allan
Kardec", 23 de abril de 1866; "Regeneração da Humanidade", 25 de abril de 1866;
"Meus trabalhos pessoais. Conselhos Diversos", 4 de julho de 1868. (pág.
266-336)
11. PROJETO 1868
Allan Kardec, com receio de que pudesse acontecer com o
Espiritismo o mesmo que aconteceu com o ensinamentos de Jesus, que se perdeu e
gerou muitos cismas, ele procurou organizá-lo de tal maneira que não pudesse
deixar dúvida sobre a sua unidade. Dizia que o estabelecimento teórico da
Doutrina e os meios de propagá-la eram os dois elementos que concorriam
substancialmente para o progresso do Espiritismo. (pág. 340-341)
12. ENSINO ESPÍRITA
"Um curso regular de Espiritismo seria professado com o
objetivo de desenvolver os princípios da ciência e de propagar o gosto pelos
estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios,
de fazer adeptos esclarecidos capazes de difundir as idéias espíritas, e
desenvolver um grande número de médiuns. Eu olho esse curso como podendo exercer
uma influência capital sobre o futuro do Espiritismo, e sobre as suas
conseqüências". (pág. 342)
13. CONSTITUIÇÃO DO ESPIRITISMO
Os tópicos analisados são: "Considerações Preliminares", "Dos
Cismas", "O Chefe do Espiritismo", "Comissão Central", "Instituições Acessórias
e Complementares da Comissão Central", "Amplitude de Ação da Comissão Central",
"Os Estatutos Constitutivos", "Do Programa das Crenças", "Vias e Meios" e "Allan
Kardec e a Nova Constituição". (pág. 345-382)
14. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA
"A ciência, disse Allan Kardec, está chamada a constituir a
verdadeira gênese segundo as leis da Natureza".
"As descobertas da ciência glorificam a Deus em lugar de
rebaixá-lo; não destroem senão o que os homens edificaram sobre as idéias falsas
que se fizeram de Deus".
"O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais
ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que estava no erro
sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela,
ele a aceita." (A Gênese, pág. 39.) (pág. 389-390)
15. CONCLUSÃO
Allan Kardec deixa-nos um legado para a eternidade. O
Espiritismo ainda é combatido por muitas religiões. Contudo, quando a Humanidade
se compenetrar de sua verdades incontestes a ele se renderá naturalmente.
Sérgio Biagi Gregório
São Paulo, julho de 2008
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