Em
2 de novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância
produziu-se em sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele
espírito que, durante meio século, havia de ser o seu guia, o seu melhor
amigo, o seu pai espiritual. Era o espírito Jerónimo de Praga, que lhe
disse: “Vai meu filho, pela estrada aberta diante de ti. Caminharei
atrás de ti para te sustentar”.
E como Léon Denis indagasse se o seu estado de saúde o permitiria
estar à altura da tarefa, recebeu esta outra afirmativa: “Coragem, a
recompensa será mais bela”.
A partir de 1884, achou conveniente fazer palestras visando à maior
difusão das idéias espíritas. Escreveu, em 1885, o trabalho O Por quê da
Vida, no qual explica, com nitidez e simplicidade, o que é o
Espiritismo.
Em 1892, recebeu um convite da duquesa de Pomar para falar de Espiritismo na sua residência, numa dessas manhãs célebres em que se reunia quase toda Paris. Ele ficou indeciso e temeroso.
Depois de muito
meditar as responsabilidades, aceitou o convite. Le Journal, de Paris,
publicou, acerca da reunião na casa da duquesa, a seguinte notícia: “A
reunião de ontem, para ouvir a conferência de Léon Denis sobre a
doutrina espírita, foi uma das mais elegantes.
De uma eloquência muito
literária, o orador soube encantar o numeroso auditório, falando-lhe do
destino da alma, que pode, diz ele, reencarnar até à sua perfeita
depuração. Ele possui a alma de um Bossuet e soube criar um entusiasmo
espiritualista”. Jacques-Benigne Bossuet foi um célebre bispo francês,
da Companhia de Jesus – jesuíta, portanto – grande orador nos púlpitos,
de fervorosa e impecável eloquência católica, nascido em 27 de setembro
de 1627. Ardoroso estudante também, realmente a comparação é, sobretudo,
um elogio respeitável.
JERÔNIMO DE PRAGA (1379-1416) foi um Tcheco, sacerdote católico
apostólico romano e protestante que ilustrava Martinho Lutero contra as
heresias de Roma. Foi perseguido, preso e também queimado vivo numa
fogueira armada na praça central de Praga (Tchecoslováquia), pelo papa
Gregório XII.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo
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