Tocando em Frente - Almir Sater e Renato Teixeira.
Num dia desses, ouvindo pelo rádio a música Tocando em Frente, de
Almir Sater e Renato Teixeira, fiquei pensando em como são sábios os
músicos, violeiros e poetas, em geral.
De onde vem tanta inspiração? De
onde essa capacidade de reproduzir em poucos versos e notas musicais uma
mensagem que envolve conceitos, filosofia e sentido da vida em escala
tão profunda?
Os cientistas costumam ser reconhecidos nas academias, imortalizados
nas enciclopédias, mas os artistas sábios, poetas da alma, especialmente
os músicos, são reconhecidos popularmente. Esse reconhecimento não
passa por provas, exames e avaliações intermináveis ditadas pelo império
da razão pura.
A letra de “Tocando em frente” é o retrato dos efeitos da maturidade
na vida de uma pessoa. Por ela percebe-se que não basta apenas passar
pelo tempo. É preciso extrair dele as lições do aprendizado como a dor, a
alegria, o outro.
É um reconhecimento que nasce simplesmente da sensibilidade dos que
têm ouvidos de ouvir. Vamos usar o crivo da razão para analisar algumas
pérolas dessa belíssima letra:
“Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,
Nada sei”.
Essa primeira estrofe já vale por uma aula sobre os benefícios das
experiências por vezes dolorosas, mas necessárias e altamente educativas
por que passamos. Uma aula sobre evolução do princípio inteligente e da
evolução espiritual. Somente aqueles que sabem verdadeiramente
confessam que nada sabem.
“Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso chuva para florir…”
A segunda estrofe – estribilho da música – contém preciosos
ensinamentos sobre a importância da discriminação entre momentos
diversos, como os amargos e doces, duros e macios, claros e escuros.
Entre as polaridades das manhas e das manhãs é preciso lembrar que
existirá sempre o surgir de um novo dia, e pela manhã, muitas manhas se
desfazem. Velha sabedoria popular nos diz que nada como um dia após o
outro…
As massas e as maçãs com sabores e natureza tão diferentes cumprem o
mesmo papel nutritivo em nossas vidas… Precisam ser igualmente
apreciadas em momentos adequados a cada qual.
Mais uma aula sobre o amor, a paz e a chuva com importâncias
fundamentais em ações diferentes como o pulsar da vida; o curtir da
alegria do sorriso de quem tem paz, e da beleza das flores que
desabrocham após chuvas doloridas.
“ Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente,
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou.
Estrada eu sou.”
Sou estrada e, ao mesmo tempo, caminho pela estrada. Aqui nossos
poetas arriscam uma ideia sobre o sentido da vida. Parece uma ideia
banal, simples, compreender a marcha e ir tocando em frente, como se
toca uma boiada!
Mas, será que é fácil compreender a marcha de nossa vida? Será uma tarefa simples tocar uma boiada?
Com a palavra os tropeiros do cotidiano, os cidadãos da roça e os
caipiras da cidade, cada qual com sua boiada a tocar, reunindo o gado,
levando adiante e procurando chegar ao destino.
Destino? Qual? Onde está mesmo? O que foi que planejei meu Deus?
Aonde devo chegar com a boiada dessa vida? E de novo, vem a estrofe. E
se pensarmos nas perguntas acima, veremos na mesma estrofe, repetida a
seguir, uma dica importante:
“Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir”.
E nos versos seguintes, percebemos um consolo e uma advertência:
“Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, e no outro vai embora.
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz,
E ser feliz”
Eles nos advertem que somos autores de nossa história.
Ora, quanto já lemos em livros e livros espíritas sobre a nossa
responsabilidade pelas nossas escolhas, em como fizemos parte da
elaboração do próprio projeto encarnatório… Mas é preciso repetir, de
novo, nova vida, novas experiências, conhecer outras manhãs, para
entendermos…
“Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso chuva para florir…”
E a marcha precisa seguir, lenta, devagar, sentida e reconhecida… E
para finalizar, devemos externar nossa gratidão a Deus por nos enviar os
poetas, músicos com tamanha sabedoria para tornar nossa marcha mais
harmoniosa e serenar nossos corações contra a pressa, contra a falta de
discriminação dos sabores das massas e das maçãs…
Revista Delfos – Ano VIII – Edição 04 – Nº 32 – Espiritualidade / Cleide Martins Canhadas
Caminhos para a Felicidade
Muitas são as diretrizes que indicam
caminhos para se encontrar a felicidade. Muitas sugestões e conselhos já
foram dados para os que procuram pela felicidade.
Essas iniciativas são positivas, quando
nascidas do desejo sincero de ajudar. E são necessárias porque cada
pessoa poderá seguir pela rota que mais lhe seja favorável, e que esteja
de acordo com suas forças e entendimento.
Os caminhos para a felicidade são muitos. Uns são mais curtos e mais íngremes e exigem mais esforço e renúncias.
Outros são mais longos e mais planos, mas
todos conduzem ao mesmo fim. A felicidade é, sem dúvida, uma construção
diária, que mais se efetiva quanto mais a ela nos dedicamos. Quanto
mais conscientes dos passos que nos levarão ao seu encontro, mais perto
dela estaremos.
Mas enquanto não conseguimos conquistar a
felicidade suprema, podemos ir preparando o caminho com algumas
atitudes fáceis e lúcidas, nos passos de cada dia. Eis algumas dicas:
Use expressões meigas e cobertas de ternura.
As energias afáveis favorecem uma
atmosfera de paz no coração que as exercita. Busque a visão otimista
sobre as pessoas. Enxergue o lado bom que todos nós possuímos.
Pequenos gestos de bondade por dia alicerçam as grandes atitudes do amanhã, sedimentando os nobres e elevados sentimentos.
Silencie diante das críticas às atitudes
infelizes do próximo. Somos nós mendigos do entendimento alheio ante
nossos equívocos repetidos.
Aprenda a deixar fluir a compaixão,
quando a dor espelhar-se na alma do próximo. Condicionará desta forma,
as próprias forças no caminho da caridade, irradiando o calor da
fraternidade por onde passar.
Sorria ainda que esteja atravessando
difíceis momentos na Terra. O sorriso gera simpatias e afasta invernos
escuros, permitindo o brilho do sol da esperança para você e para tantos
que atravessam seu caminho.
Mantenha a calma em qualquer situação.
Quem confia em Deus e está convicto de Sua providência infalível, sabe
que os recursos necessários chegarão tanto mais rápidos e precisos
quanto estivermos em posição positiva na vida.
Tolere o mais que possa. Perdoe sempre. Leve paz onde houver dissensões.
Quem semeia brisas suaves não enfrentará os tufões da agonia em estradas futuras.
Conceda ao irmão do caminho a gentileza de sua sincera alegria pelas conquistas dele.
Demonstre desprendimento natural. Prossiga leve com as aspirações elevadas.
A cada dia coloque-se como instrumento de
construção, ciente que Deus nos favorece com a bênção do serviço, para
que Sua presença seja sentida no mundo por nosso intermédio.
Você, e somente você é responsável pela sua felicidade ou sua desdita.
Seu caminho para a felicidade só pode ser construído por você, mais ninguém.
Se hoje você encontra em seu caminho pedras e espinhos, é porque houve um tempo em que você se descuidou do seu jardim.
Por isso, é importante não perder mais
tempo. Selecione a boa semente e comece agora a reflorir seu caminho
para que possa encontrar, logo mais, o perfume agradável da boa
semeadura.
Pense nisso!