Criou-se um conceito infeliz, que se
popularizou, a respeito da mediunidade, informando ser uma pesada cruz
para os seus portadores.
A partir da informação
incorreta, passou-se a temer o desenvolvimento mediúnico por
associá-lo às terríveis aflições
que acarretaria.
Não poucos candidatos ao ministério
mediúnico, por desconhecimento dos valores que tipificam a faculdade,
evitam exercitá-la, receando a carga afligente das provações
que seriam acrescentadas à existência.
É totalmente destituída
de legitimidade a leviana informação, desde que a mediunidade
é uma faculdade neutra, por meio da qual se comunicam bons como
maus Espíritos, ocorrendo formosos ou aflitivos fenômenos
de variado conteúdo.
As dores que parecem acompanhar os médiuns
que se afeiçoam ao trabalho do bem na Terra têm a sua origem
em suas existências transatas, sem nenhum compromisso com a faculdade.
Caso não exercessem o ministério,
os mesmos padecimentos os alcançariam, convocando-os à
reparação dos delitos antes perpetrados, em razão
da carência afetiva, que lhes não proporcionou a
liberação que se dá mediante a ação
da solidariedade, do amor, da caridade.
A mediunidade exercida com responsabilidade
diminui o resgate daqueles que se encontram comprometidos com as Soberanas
Leis, em razão das admiráveis contribuições
de que se fazem portadores, atendendo os padecentes de ambas as esferas
da vida: a material e a espiritual.
À semelhança de outras
faculdades da alma, que o corpo reveste de células para atender
aos objetivos a que se encontram vinculadas, não poucas vezes
os seus portadores experimentam os desafios que fazem parte do seu programa
evolutivo.
Aceita com naturalidade e de forma consciente,
a mediunidade alarga os horizontes da percepção humana
a respeito dos valores existenciais, contribuindo com elevação
para a compreensão da imortalidade, dos objetivos da jornada
física que devem ser realizados cm clima de alegria e de gratidão
a Deus.
Facultando a convivência lúcida
com os desencarnados, proporciona tranquilidade em tomo de todas as
ocorrências do carreiro carnal, ensejando entendimento a respeito
dos desafios e das dificuldades que se encontram nas experiências
evolutivas, responsáveis pela conquista da plenitude, quando
superados.
Desse modo, o denominado calvário
dos médiuns somente tem lugar quando esses, entregando-se ao
ministério com abnegação, padecem as incompreensões
que ocorrem sempre quando se apresentam as crises morais, prenunciadoras
da transição para mais belas florações do
ser humano e da sociedade.
Transformar a atividade num verdadeiro
mediunato é o dever de todo aquele que se encontra convocado
para exercitar a peregrina faculdade que lhe honra a existência.
Logicamente, transformando-se numa ponte
entre as dimensões física e espiritual, desperta a animosidade
dos Espíritos infelizes que se comprazem em gerar obstáculos
ao progresso geral.
Nada obstante, o seu desempenho fiel
e a sua abnegação no desiderato a que se entrega consegue
a simpatia dos Espíritos nobres que passam a auxiliá-lo,
inspirando-o em todos os lances da trajetória existencial.
Nunca temas o mal!
No exercício saudável
da mediunidade responsável, vincula-te ao compromisso de forma
dinâmica, conscientizando-te do seu significado, assim como das
benesses que podes auferir na execução da atividade
iluminativa.
Procura estudar-te de maneira que possas
aprofundar observações em torno de quem és, dos
teus objetivos essenciais, das tuas reações
em relação aos acontecimentos existenciais, a fim de te
identificares com a própria realidade.
Mediante esse comportamento, perceberás
as influências que procedem dos desencarnados, podendo filtrá-las
e exteriorizá-las com fidelidade, sem conflitos internos.
Mergulha o pensamento no estudo da doutrina
espírita, ampliando o conhecimento em torno das sábias orientações
exaradas por Allan Kardec sob a condução dos guias da
humanidade, especialmente contidas cm O livro dos médiuns, de
maneira que acalmes as ânsias do sentimento e as dúvidas
da mente perquiridora.
Considera o impositivo do serviço
que deves realizar qual agricultor que, dispondo de uma enxada e do
solo adusto, utiliza-a com vigor, tornando-a sempre reluzente e necessária,
o que não ocorre quando deixada sem aplicação,
sendo consumida pela oxidação e pela ferrugem.
Todo o bem que faças, utilizando
as energias mediúnicas, a ti mesmo fará um grande bem.
Não meças distâncias,
nem relaciones obstáculos a enfrentar, quando convocado ao formoso
labor socorrista, porquanto a qualidade da ação é
resultado do empenho e da dedicação daquele que a executa.
Quanto mais te afeições à
lavoura da caridade, mais amplos horizontes se te surgirão, auxiliando-te
na marcha ascensional.
Mediunidade sem serviço é
orquídea bela e inútil, com finalidade apenas decorativa.
Quando colocada em favor da caridade é grão de trigo que
se transforma em pão nutriente que sustenta muitas vidas.
Desse modo, mediunidade com Jesus é
também cruz de elevação que alça ao infinito
e liberta do cárcere das limitações.
Quanto mais trabalhes a faculdade, mais
eficazes se farão os resultados que pretendes atingir.
Quem veja o diamante reluzente como
uma estrela não se lembrará do carvão escuro conforme
se apresentava antes da extração e lapidação.
De igual maneira, a dor e o testemunho,
na mediunidade responsável, representam os abençoados
instrumentos que lapidam a gema que dorme embaixo da escura camada que
a envolve.
Quanto mais sejam as aflições,
mais compensadores serão os resultados da tua dedicação
ao ministério mediúnico.
Não te queixes, portanto, quando
convidado aos caminhos silenciosos da renúncia e do sofrimento
de que necessitas para reabilitar-te.
Exulta ante a oportunidade iluminativa
e faze-te exemplo de coragem para os demais, portadores de frágeis
resistências morais.
Não reclames das ocorrências
dolorosas, antes agradece-as, porque te chegam diminuídas de
intensidade como efeito dos novos tesouros que estás conquistando.
Mediunidade é bênção.
Frui-a com alegria, ajudando sempre.
A existência terrena não
constitui um passeio ao país da fantasia, embora muitos desavisados
assim a considerem.
Assume a responsabilidade de viver dentro
dos padrões educativos propostos pelas leis da evolução,
colhendo os ótimos frutos da harmonia e do bem-estar.
Honrado pela oportunidade de ser
operário mediúnico na seara de Jesus, trabalha para corresponderes
à expectativa, permanecendo fiel até o fim da jornada,
sem angústia nem aflição.
Joanna de Ângelis;
Psicografia: Divaldo Pereira Franco;
Do livro: Entrega-te a Deus.
Psicografia: Divaldo Pereira Franco;
Do livro: Entrega-te a Deus.