Os avanços tecnológicos e todas as comodidades, que possibilitam a facilidade de comunicação, a aquisição de conhecimentos complexos e refinados, não conseguiram tornar o ser humano mais pacífico e mais fraterno.
Em alguns casos, deu-se exatamente o contrário, por estimular-lhe os valores negativos que permaneciam ocultos nos conflitos e que agora explodem com mais facilidade.
As ambições tornaram-se-lhe maiores, as falsas necessidades impuseram-se como primordiais e a busca de distrações incessantes tem-no afastado dos deveres que devem viger na sua agenda de realizações.
Nesse báratro, a insatisfação e o vazio existencial assumem proporções imprevisíveis, dando lugar ao crescimento da violência de todo jaez, que ameaça as estruturas sociais, e da indiferença por si mesmo, assim como pela sociedade.
O ego exorbita e o individualismo alucina. Quanto mais se tem, mais se deseja, numa sofreguidão sem precedentes, como se o significado da existência fosse o prazer, o divertimento, o gozo momentâneo, que não preenchem as necessidades emocionais da harmonia íntima.
Hipnotizado pela ilusão, transita na incessante busca das satisfações pessoais, sem qualquer respeito pelas lutas empreendidas pelo seu próximo, não se importando com os embaraços que tal comportamento propicia aos demais. Certamente há exceções valiosas, que são a esperança de um futuro melhor, com mais segurança e equilíbrio.
Não obstante essa correria desesperada para lugar nenhum, quando já não se acredita nos valores ético-morais, vale a pena a permanência nos ideais de enobrecimento e de dignidade, que são alicerces para a estruturação da existência feliz. Os descalabros e escândalos, que se sucedem e desanimam aqueles que confiam no direito e no dever, são transitórios e assinalam o estágio de atraso espiritual em que ora transitamos, valendo porfiar no bem sem receio.
Divaldo Pereira Franco
Publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 21.05.2015.
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