Meus amigos, Deus vos conceda muita paz espiritual no caminho diário.
Conheço a ansiedade com que muitos de vós outros batem às portas da revelação; sei de vossas aspirações e já experimentei vosso desejo infinito.
O
homem defrontará sempre a incógnita do além túmulo, tomado de
indizíveis angústias, quando se distancia do alimento espiritual,
matéria prima da vida externa. É o que ocorre no cenário de vosso
século, repleto de acontecimentos de profunda significação científica e
filosófica, cercados de realizações, da máquina e empolgados de
ideologias políticas; permaneceis à beira de abismos que solapam os
séculos laboriosos de realizações.
O homem moderno cresceu em
suas realizações puramente inelectualísticas avançando no domínio das
organizações materiais entretanto, por trás de muralhas de livros, ao
longo de códigos pacientemente elaborados, à sombra de laboratórios, a
inteligência da criatura se esconde para preferir a morte. A ciência que
devassou desde o sub-solo à estratosfera, manifesta a sua
impossibilidade de dominar o vulcão mortífero. Vinte séculos de
pensamento cristão não bastaram. Milhares de mensagens da Providência
Divina, convertidas em utilidades para a civilização de nossos tempos
sopitaram os novos surtos de devastações e misérias. Não lamentamos
porém. Apenas nos referimos à semelhante derrocada para exaltar a
grandeza da experiência espiritual.
O homem econômico de nossas
filosofias atuais não pode subsistir no quadro da evolução divina. O
homem é espírito antes de tudo. A Terra é a nossa escola milenária,
aguardando resignadamente a nossa madureza de sentimentos.
É por
isto que acorrestes à presente reunião, em vossa maioria tangidos pelo
desejo de auscultar o desconhecido. É por isso que esperáveis expressões
fenomênicas que vos modificassem inteiramente. No fundo, meus amigos,
desejais a Fé, quereis tocar a certeza. Entretanto, a curiosidade não
pode substituir o trabalho perseverante e metódico. Nenhuma técnica
profissional por mais singela pode se eximir de cultores da experiência
sentida e vivida.
Alguns dentre vós formulais indagações mentais
enquanto outros aguardam manifestações que firam as percepções externas.
Todavia, apesar do desejo de vos atender particularmente, não seria
possível quebrar a lei universal da iniciativa de cada um no campo do
livre arbítrio que nos rege os destinos. Vossa ansiedade palpita em todo
mundo. A humanidade suplica expressões novas que lhe definam as
diretrizes para o mais alto e vossos corações permanecem cansados do
atrito dispersivo. Sois, de modo geral, os viajores que extenuados do
caminho árido começam a indagar as profundezas do céu, tendo sempre uma
resposta para quantos o contemplam, convictos de que a vida é testemunho
de trabalho, de realizações e de confiança. Nenhuma elevação se
verificará sem o esforço próprio.
É por este motivo que as ideias
religiosas antigas, embora respeitáveis pelas mais sublimes tradições,
não mais satisfazem. Os templos de pedra deixam exalar ainda o incenso
da poesia, mas as novas esperanças pedem esclarecimentos concretos e
roteiros precisos.
Sim, nossa sede é justa.
A fonte, porém, ainda é aquela que o Mestre nos trouxe há dois mil anos.
Procurai esta água da vida eterna.
Não vos deixeis dominar tão somente pela ânsia que às vezes é doentia.
Procurai de fato conhecer.
Não vos restrinjas ao campo limitado da curiosidade. Toda curiosidade é boa quando conduz ao trabalho.
Recebei,
portanto, os serviços de Deus, em vós mesmo. Vosso coração e vossa
inteligência constituem a grande oficina. Aí dentro operareis maravilhas
desde que não condeneis vossas melhores ferramentas de observação e
possibilidades de serviço à ferrugem do esquecimento.
Que a vossa curiosidade seja um marco útil na estrada da sabedoria.
Continuai
no vosso esforço lembrando que se viestes hoje bater à porta do mais
além, o mais além respondendo vem bater igualmente às vossas portas.
Emmanuel;
Psicografia: Francisco Cândido Xavier;
Do livro: Escrínio de Luz.
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