Médicos espíritas explicam que a resposta para as enfermidades, que há tempos incomoda a humanidade, está na alma de cada um de nós
O paciente é um ser completo, com suas queixas, dores e doenças. Traz
consigo experiências desta e de outras vidas, o que, para o doutor à sua
frente, pode ser a chave fundamental para entender os males ali
sentidos. A doença passa a ser então a própria cura, e já não é mais
vista como o oposto de saúde. É assim, com base em estudos de médicos
encarnados e desencarnados, que a medicina à luz do espiritismo vem se
fortalecendo cada vez mais no país. São enfermos e médicos, que
encontraram na doutrina espírita diferentes interpretações para toda e
qualquer enfermidade . Tudo tem uma explicação. E, segundo essa visão, é
na alma de cada um de nós que estão as respostas para uma pergunta que
há tempos incomoda a humanidade: por que adoecemos?
Bem diferente
da medicina tradicional, os médicos espíritas dizem quebrar paradigmas
ao considerar, em seus consultórios, o espirito daquele paciente que
pede ajuda. Seja para uma gripe, um transtorno mental ou até mesmo um
câncer, os médicos que seguem a doutrina explicam que, ao contrário da
medicina tradicional, não consideram no enfermo apenas o corpo com o seu
organismo. O espírito e suas vivências dizem muito para o diagnóstico.
Para conhecer e entender um pouco dessa visão médica, que não descarta a
tecnologia atual e muito menos os conhecimentos da ciência, o Estado de
Minas começa hoje a série de reportagens A saúde à luz do espiritismo,
abordando as interpretações que médicos, muitos deles médiuns, têm sobre
os males que nos cercam. Polêmico, o assunto, que pode contrariar
muitas crenças, é acima de tudo uma visão de fé.
De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas (IBGE), em 10 anos, os adeptos à doutrina espírita
cresceram 65% no Brasil, passando de 2,3 milhões de brasileiros em 2000,
para 3,8 milhões em 2010. O aumento mais expressivo foi observado no
Sudeste, cuja proporção passou de 2% para 3,1% entre 2000 e 2010,
crescimento de mais de 1 milhão de pessoas (de 1,4 milhão em 2000 para
2,5 milhões em 2010). O estado com maior proporção de espíritas em 2010
era o Rio de Janeiro (4%), seguido de São Paulo (3,3%), Minas Gerais
(2,1%) e Espírito Santo (1%). Entre os adeptos, estão ginecologistas,
psiquiátricos, homeopatas, pediatras, psicólogos e outros tantos
profissionais de saúde que, com o consentimento de seus pacientes,
trazem para os seus consultórios o conhecimento espírita.
Há 18 anos, foi fundada no país a Associação Médico Espírita (AME -
Brasil). Segundo conta a presidente, Marlene Nobre, apesar da existência
da entidade, não há um número certo de quantos médicos atendem seguindo
a doutrina, mas, calcula-se que haja milhares em todo o território
brasileiro. "É um paradigma no modelo de saúde. É uma luta de conceitos e
de mudanças, porque enxergamos o homem integral: espírito e matéria",
diz. Marlene é ginecologista e representante da AME Internacional. Ela
conta que, o doutor que opta por trabalhar seguindo a doutrina espírita,
cursa a faculdade de medicina como outro qualquer, mas o seu
diferencial é se dedicar a estudar, a fundo, o espiritismo. "Estudamos
muito. São estudos de médicos encarnados (vivos) e desencarnados, como
os do médico sanitarista André Luíz", revela.
TEORIAS
André Luíz, cujos os estudos são base para o
conhecimento dessa linha médica, segundo acreditam os espíritas, foi
médico sanitarista, que viveu no Rio de Janeiro até os 40 anos. Depois de
desencarnado, como dizem os espíritas, ele entrou em contato com o
médium Chico Xavier, que psicografou obras de André. Somado a isso, os
médicos-espíritas também se baseiam nos princípios do francês Alan
Kardec, precursor do espiritismo no mundo. "A partir desses
conhecimentos e com a ajuda de espíritos encarnados e desencarnados,
estamos tentando construir novas teorias", conta Marlene.
Um dos
princípios é o de que a consciência do ser humano é imaterial. "E não é o
cérebro que a produz, mas o espírito. Essa teoria muda inteiramente o
que se pensa hoje sobre as coisas do inconsciente", diz, explicando
ainda que não é o cérebro que produz o pensamento. Isso é resultado de
muitos estudos e daquilo que surge com as pesquisas. A saúde e a doença,
por exemplo, estão no espírito e não na matéria, como enxerga a
medicina tradicional. "Levamos em consideração a vida passada daquele
paciente. Por exemplo, uma criança com leucemia. Temos visto que, em
muitos casos, esse espírito precisa passar por essa evolução nesta vida.
Nesse caso, para os médicos espíritas, o tratamento com quimioterapia e
outros recursos são feitos, mas é indicado, para o paciente com família
que segue a doutrina e ou a aceita, a ida ao centro-espírita e os
passes, além da água fluidificada."
Ao adoecermos, de acordo com
os especialistas, a doença não é um instrumento de punição, como muitos
preferem vê-la. "Na realidade, é um recurso de aprendizado, na sábia
pedagogia divina, convidando-nos não a perguntar "por que adoecemos?",
mas a formular a adequada questão: "para que adoecemos?", ensina o
psiquiatra e diretor-técnico do Hospital André Luiz, Roberto Lúcio
Vieira.
TODAS AS CRENÇAS
Os tratamentos à
luz do espiritismo não abandonam os remédios tradicionais e tampouco as
tecnologias, mas são gratuitos. Segundo comenta o presidente da
Associação Mineira dos Médicos Espíritas, Andrei Moreira, médico
homeopata e espírita, para o paciente que quer se tratar com base nos
conhecimentos espíritas, o especialista geralmente indica um
centro-espírita, água fluidificada e o passe - para alguns casos há
sessões de desobsessão . "Não quer dizer que para todos serão assim.
Atendemos pessoas de todas as crenças. Só aconselhamos o espiritismo
quando isso é pedido pelo paciente", conta. Em Minas, a entidade tem 27
anos e funciona no Bairro Nova Granada, no andar superior da Clínica
Renascimento, onde há médicos, psiquiatras, psicólogos, homeopata,
fonoaudiólogo e nutricionista.
"Mas existe um trabalho paralelo.
Na associação, temos grupos de profissionais que promovem encontros com
pacientes e tratam vários problemas no lado espiritual, como o câncer,
por exemplo. Já na clínica, é como um lugar qualquer de saúde. Temos
pacientes evangélicos, espíritas, católicos e de todas as outras
crenças. Não convertemos ninguém", diz. A homeopatia, por exemplo, é um
dos caminhos que muitos doutores da área apostam e muitos pacientes,
principalmente os espíritas, preferem. Autor de seis livros que abordam o
espiritismo em várias vertentes, Andrei escreve em sua obra, Cura e
Auto-Cura, uma visão médico espírita, que a doença pode ser entendida
como uma mensagem da alma e que, por meio dela, pode-se chegar a um
maior conhecimento de nós mesmos. "Quando a dor e o sofrimento aparecem
é porque o equilíbrio precisa ser refeito", defende.
Tratamentos
- Água fluidificada
A
água fluidificada é a água normal, acrescida de fluidos curadores. No
espiritismo, entende-se por água fluidificada aquela em que fluidos
medicamentosos são adicionados à água. É a água magnetizada por fluidos.
Em geral, são os espíritos desencarnados, que, durante as sessões de
fluidoterapia, fluidificam a água, mas a água pode ser magnetizada tanto
pelos fluidos espirituais quanto pelos fluidos dos homens encarnados,
sendo necessário, para isso, da parte do indivíduo que vai realizar a
fluidificação, a realização de preces e a imposição das mãos, a fim de
direcionar os fluidos para o recipiente em que se encontra a água. É
voltada para o equilíbrio de alguma enfermidade física ou espiritual.
- Passe
O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro.
É
considerado a "transfusão de energias fisiopsíquicas". Beneficia a quem
o recebe, porque oferece novo contingente aos fluidos já existentes. É
visto como "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os
tratamentos". Os objetivos são os da cura, alívio e reequilíbrios
orgânico e psíquico. Os meios utilizados são os da transfusão de
energias pela imposição das mãos do médium.
- Sessões de desobsessão
É
um procedimento terapêutico para libertar uma pessoa obsedada do seu
obsessor. Envolve uma série de condutas, tendo em vista livrar o
obsedado de sua prisão mental. A técnica básica do tratamento da
obsessão fundamenta-se na doutrinação dos espíritos envolvidos,
encarnados e desencarnados. Doutrinar, significa instruir em uma
doutrina. É isso que se vai fazer com o paciente, com sua família, se
necessário, e com o espírito que lhe atormenta.
Fonte:http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/08/26/noticia_saudeplena,145091/por-que-adoecemos.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos a sua participação!