O turista viajava pelo Oriente e, atraído pelo que ouvira falar a respeito de renomado guru, resolveu visitá-lo.
Sabedor que todos o tinham em extraordinário conceito pelos conselhos que dava a quem o buscava, pensou em lhe pedir orientação para sua vida, que estava um autêntico caos.
Foi introduzido em uma saleta, junto a outros que, igualmente, seriam atendidos. A casa era simples e pequena. O guru procedia à cerimônia do chá, com que desejava brindar os visitantes.
O turista, afoito e impaciente, começou a falar sem interrupção. Falava dos seus problemas, das suas dificuldades, acompanhando todos os passos do dono da casa, conforme ele se movia de um lado para o outro.
Segurou a chávena que lhe foi entregue, sem muita atenção.
Contudo, quando o guru nela despejou um pouco de chá, estando virada para baixo, inverteu o sentido das suas palavras para protestar:
O senhor viu o que fez? A chávena estava ao contrário e o chá derramou...
Calmamente, respondeu o guru:
Exatamente como a sua mente! Você está tão preocupado em falar, que não escuta nada do que se lhe diga.
É como despejar um bule cheio de chá na chávena virada para baixo.
Mude a sua conduta. Pense antes de falar. Fale pouco, analisando o que diz. Quando agir assim, a sua vida vai melhorar.
E concluiu: Pode se retirar. A consulta acabou.
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Quantos de nós nos assemelhamos a esse turista. Dizemos que desejamos respostas às nossas indagações. Entretanto, não paramos de fazer perguntas, não permitindo ao interlocutor possa nos responder.
E, se ele tenta falar, o nosso gesto logo diz que ele deve esperar um pouco, porque não concluímos nossa narrativa.
Isso quando não começamos a dar as respostas, conforme acreditemos devam ser.
Como se lê no capítulo três, do livro bíblico Eclesiastes: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Portanto, devemos concluir que, no relacionamento pessoal, há um tempo para falar e outro tempo deve ser dedicado a escutar.
Grandes problemas se resolveriam em minutos se tivéssemos a calma para ouvir o que o outro tem a dizer.
Desentendimentos sequer viriam a existir, se nos permitíssemos ouvir as pessoas.
Aprenderíamos mais se nos dispuséssemos a ouvir quem deseja nos ensinar.
E ouvir não quer dizer simplesmente, escutar. É ouvir com atenção, é buscar entender o que o outro expressou e, se não entendeu, humildemente, pedir:
Pode repetir, por favor? O que você quer dizer, exatamente?
E se dispor a ouvir um tanto mais.
Se observarmos nosso organismo, veremos que Deus nos dotou de um par de ouvidos e uma só boca. Sabiamente, já prescrevia que mais se deve ouvir, e menos falar.
Ouvir os conselhos dos mais maduros, dos que já vivenciaram certas experiências e podem nos auxiliar a não cair nos mesmos erros.
Ouvir o que tem a dizer os nossos filhos: suas queixas, seus problemas, suas dificuldades com os amigos, os professores, no trabalho, no namoro.
Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça! Foi o registro do Evangelista Mateus, como advertência do sábio Mestre da Galileia.
Disponhamo-nos a ouvir: a voz do outro, a sinfonia do mundo, o próprio silêncio.
Ouçamos.
(por Redação do Momento Espírita, a partir de conto oriental, de autoria ignorada)
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