Reclamações e Queixas (Joanna de Ângelis)

Lenta, mas, sistematicamente, vai-se arraigando na personalidade do homem o hábito infeliz da queixa e da reclamação. 

Insubordinado, em razão da predominância dos próprios instintos agressivos, o indivíduo sempre encontra motivos para apresentar-se insatisfeito.

Saúde ou doença, trabalho ou desemprego, alegria ou tristeza, calor ou frio, servem-lhe sempre de pretexto para queixar-se, para reclamar...

Instala-se, esse vício, fixando-se no comportamento, que se torna azedo e desagradável, ao tempo em que fomenta distonias íntimas, neuroses, abrindo campo para que se originem diversas enfermidades.

O queixoso padece de hipertrofia da esperança e do otimismo.

Atrai a desdita e sintoniza com amargura, passando a sofrer aquilo de que aparenta desejar libertar-se.


Para quem deseja encontrar, nunca faltam motivos de queixas e reclamações.

Estabelece, no teu cotidiano, o compromisso de solucionar dificuldades, ao invés de gerá-las, ou complicá-las quando se te apresentem. 

Silencia o queixoso, propondo-lhe fazer o melhor que lhe esteja ao alcance em detrimento do tempo perdido em reclamações.

O azedume responde pela ideia malsã de tudo ver de forma negativa, engendrando mecanismos de falso martirológio.

O queixoso, normalmente, gosta da indolência e se compraz no pessimismo.

Põe sol e beleza nas tuas paisagens, passando de uma para outra área de ação sem o fardo do mau humor, efeito de algo desagradável que por acaso tenha-te acontecido na anterior.

Quem sabe confiar e trabalha, sempre alcança a meta que busca.

Joanna de Ângelis;
Psicografia: Divaldo Pereira Franco; 
Do livro: Episódios Diários, cap. 37.